Zuvemba da Serra do Cipó

Em uma época difícil onde a escravidão tomava conta do Brasil, existia um escravo que sempre sonhara com sua liberdade e acima de tudo com riqueza e terras.

Ele se chamava Carlos, era filho do Pai Zé um guerreiro respeitado até pelos feitores mais cruéis que existiam.

Carlos trabalhava em uma mina de ouro na Cerra do Cipó, e o dono da minha era um português muito mal de nome Milton Pereira.

Milton todos os dias ao por do sol, hora em que seus escravos saíam da mina ia pessoalmente revistá-los, tentando evitar com que não houvesse roubo de pepitas de ouro.

Um dia Milton levou Carlos para procurar novas minas, e eles encontraram uma no município de São José da Cerra, onde seus olhas quase se cegaram de tanto brilho da pedra preciosa. Temendo ser roubado, Milton matou Carlos com um tiro no peito quando os dois estavam voltando da mina, assim só ele saberia a localização do precioso lugar.

Anos se passaram e segundo moradores de São José da Cerra, a alma de Carlos em noites de lua cheia perambula pela região em busca do ouro.

Conforme relatos de pessoas simples, trabalhadores do campo que moram na região é contada uma lenda que arrepia todos os ossos do corpo.

Se você estiver na Cerra do Cipó, em São José da Cerra e ouvir um barulho de sino, cuidado, pois você poderá dar de cara com o escravo Carlos.

Primeiro você houve o sino, em seguida escuta uma voz tenebrosa e sombria que diz:

- Eu caio.

Então você responde pode cair.

Daí escuta-se um barulho como um trovão e ao lado da pessoa que respondeu caem ossos humanos formando duas pernas.

Novamente vem a voz e novamente a frase:

- Eu caio.

E ao repetir a resposta, cai o tronco quase totalizando o esqueleto.

Novamente repete-se tudo e por fim cai a cabeça totalizando o ser, ou melhor, o que provavelmente são os restos mortais de Carlos.

Entre seus ossos dizem que tem uma chama que não deve ser olhada, afinal essa chama é a porta de entrada para o inferno.

Aquele que o invoca deve segui-lo pois segundo se sabe, Carlos levará a pessoa até a mina de ouro para que essa pessoa possa levar o ouro de Milton Pereira.

Mas lembre-se faça o que fizer, aconteça o que acontecer, não olhe dentro do fogo que queima entre os ossos, pois senão...

Adrojunior

Essa história ouvi de José Celso Barbosa