HORAS BRUTAIS
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            -Coloquem o piano ali no canto da sala – disse Fábio aos homens que carregavam o piano que comprou para sua filha.
            Um deles, um jovem de boné bastante simpático, disse:
            -Patrão,  já escutamos a sua filha tocar na igreja, aquilo é santificado.
            -Obrigado Mário, hoje ela toca para um grupo de pessoas muito importante, depois vamos há uma festa, só amanhã no aniversário dela, vamos contar sobre o presente, ela vai ficar emocionada.
            O homem sorriu.
            -Também tenho família é a coisa mais bonita do mundo.
            Marta chegou à porta da cozinha, estava grávida de quatro meses, já sabiam que era um menino a família estava completa.
            Fábio ainda sofria pelos tempos de viciado e que viveu nas ruas, até encontrar Marta, ela foi sua cura. Ele sabia que havia pecado muito, enganou, matou e roubou para sustentar o vicio,  mas isso tudo era passado, um homem precisa se perdoar.
 
SERGIO
            Três anos tentando passar em medicina, a mãe uma Juíza federal, o pai um político conhecido.
 Sergio estava tentando entrar na faculdade de medicina há três anos, ver o seu nome na lista, logo em uma federal foi maravilhoso, estava doido para contar para a mãe e a namorada Rita.
            O pai estava viajando, no verão passado separou-se da mãe depois de descobrir que a juíza tinha uma amante, quando Sergio ouviu a discussão dos dois ficou com vergonha.
            O velho Pedro Agostinho ficou arrasado.
 Sergio apoiou o pai, mas tanto ele quanto a irmã  já sabiam que a mãe era lésbica, só o velho Agostinho não percebia, não queria ver o problema, a família ficou fragmentada.
 Sergio ficou com a mãe que passou a morar com a namorada, uma de suas secretárias. Pedro mudou-se para um  hotel em Brasília, Telma, a irmã, foi morar com a tia Roberta em Londres.
            Falou com a mãe, mas ela só disse um “que ótimo”, continuou fazendo o que estava fazendo.
            Sergio foi à casa de Abel.
            -Porra, minha mãe nem deu a mínima – disse Sergio enquanto Abel preparava o cigarro de maconha, os dois já haviam bebido cerveja, Sergio não estava acostumado, nem gostava de drogas, não sentia nada  quando fumava maconha, além disso tinha muito sono depois de fumar, só estava ali por que o maconheiro do Abel era a única pessoa disponível para escutar a “fantástica” novidade.
            -Vou pra casa, chama um taxi pra mim – já era mais de meia noite.
            -Porra nenhuma, taxi é coisa de “viado” – disse Abel, queria levantar, mas não conseguia ficar de pé – vou te levar.
            -Não, você pode deixar, eu vou.
ACIDENTE
            Fábio, Marta e Layla, vinham cantando a musica, depois da apresentação, quando um carro, que apareceu do nada acertou a lateral do carro de Fabio, bem onde estava a mulher grávida e a filha.
            A violência foi tão grande que a lateral amassada dilacerou as duas, amassando a carne em meio a ferros retorcidos, Fábio bateu a cabeça, foi levado inconsciente para um hospital publico da região.
            Sergio, que havia cochilado ao volante, teve fratura nas duas pernas e uma batida leve na cabeça, foi levado para um hospital particular, a mãe de Sérgio apareceu no local do acidente, ligou para velhos conhecidos da policia militar e da policia civil.
            Dr Adolfo, delegado de transito, atendeu ao telefone.
            -O que a senhora me pede é um crime – disse o delegado que tinha fama de ser rigoroso.
            -É um favor pessoal, ou quer que eu ligue para o governador?
            A FARSA
 
            Fábio estava preso, acusado de ter sido ele quem causara o acidente, na prisão matou um dos companheiros de cela com as  mãos, um homem negro e alto, ninguém sabe o motivo, alguns dizem que ele tinha feito um pacto de vingança, foi isolado, pedia para falar com a imprensa.
            Seu nome estava em todos os jornais como o ex viciado que causou a morte da mulher, da filha e do filhinho que estava para nascer.
            O coração de Fabio virou pedra, ele viu o inferno, dialogou com ele, estava no isolamento, quando a juíza foi falar com ele.
            -Quem é você – Perguntou Fábio.
            -Uma amiga.Eu quero ajudar – disse a Juíza tirando um cigarro e oferecendo a Fábio.
            -Era você que estava dirigindo?
            -Não.
            -Seu filho – disse olhando nos olhos da Juíza, Fábio usava um tapa olho, na briga foi ferido com um ferro no olho esquerdo – foi seu filho que matou a minha família, para você foi fácil fazer umas ligações e transferir a culpa para um estranho, viciado.
            -Quero oferecer um abrigo fora do país, dinheiro, o suficiente para viver o resto de sua vida.
            -Aceito – disse Fabio, ele sabia que assim que saísse seria morto, mas já havia comprado uma arma, estava preparado, ninguém vai parar a minha vingança, pensou Fábio.
 
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OS ASSASSINOS
            Fábio recebeu o dinheiro, míseros cinquenta mil, o restante receberia em Antuérpia, pegou a valise e entrou no carro, dois homens de ternos estavam no banco da frente, revistaram Fábio.
            Andaram duzentos metros e apontaram arma para cabeça de Fábio, ele desviou com uma das mãos a arma, acertando no olho esquerdo do homem um parafuso de metal que trazia entre os dedos, tomou a arma e atirou na cabeça do outro, bem abaixo do olho direito, depois descarregou a arma no homem com o parafuso no olho, as balas entraram pela parte superior da cabeça, explodindo o crânio.
SERGIO E SUA VIDA MANSA COMO PEDIATRA
 
            Sergio  e a mãe se converteram a uma igreja pentecostal, passaram a frequentar a igreja e consideravam-se perdoados por todos os pecados cometidos até ali, a mãe de Sergio largou a namorada e voltou para o marido.
            Depois de nove anos do acidente Sergio e Rita tiveram o seu primeiro filho, Lucas, tudo corria muito bem, Rita herdou uma fortuna paterna e compraram um chalé na praia, onde pensavam, todos reunidos, passar o verão desse ano, Sergio, queria ver o filho entrar na água, brincar, e dá os seus primeiros passos próximos do mar.
A CASA NA PRAIA
 
 
 
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De certa forma quase tudo deu errado naquele passeio, Pedro estava com uma tosse, o médico disse que era pneumonia e que não poderia chegar perto do bebê, Amélia, a juíza, estava novamente tendo as suas recaídas e foi pega pelo marida com uma de suas empregadas, estavam sem se falar.
            Quando chegaram ao chalé não havia luz, um temporal tinha provocado à destruição de importantes linhas de transmissão.
            Rita com os cabelos cortados, nem era bonita, nem feia, tinha uma face comum, gostava de livros de alto ajuda, e conversar sobre as tendências da moda, uma pessoa fútil, Sergio casou por casar, tinha uma reserva com relação a sexo e nunca foi romântico,  alguma coisa na sexualidade da mãe bagunçou a sua, seu desempenho era sofrível, então preferiu casar com Rita.
            A mãe de Sergio perguntou se ele era gay, Sergio disse que não, se fosse gay assumia, o problema era a indiferença em relação ao sexo que Sergio tinha, ao contrário da maioria das pessoas , para elas havia uma supervalorização e ele não dava a mínima para sexo, o sexo ficava meses esquecido.
            Pablo o filhinho de Sergio tinha treze meses e ainda não tinha dado os primeiros passos, Sergio, que era pediatra, achava preocupante, por isso resolveu aceitar essa viagem de férias com a família para não pensar no problema.
            A primeira noite foi horrível, Sergio dormiu mal, mas foi na segunda noite que tudo aconteceu.
            -Escutou isso – perguntou Pedro a Amélia, ela estava dormindo na cama e ele no chão.
            -Um barulho, parece que vem da cozinha – disse Pedro.
            -Vai lá - Amélia tinha a voz tremula.
            -Não, está muito escuro – ele pegou uma vela e disse – está bem, fique aqui.
            Rita chegou gritando.
            -Tem alguém na casa – disse – ele pegou Pablo, meu Deus Socorro!
            Sergio apareceu só de cuecas.
            -O que foi? – disse tremendo.
            -Tem alguém aqui, uma força do mal,  posso sentir e pegou Pablo – disse Rita
 
            Sergio desceu correndo a escada, chegou à cozinha e viu uma cena que fez vomitar, a criança estava na mesa da cozinha, dava para ver pouca coisa naquela escuridão, fora partido no meio como um pão, e as metades separadas por um papel, que na escuridão estava escrito:” você vai pagar”.
            Um vulto negro passou por ele, uma faca deslizou suave pelo seu pescoço e fez cair sangrando, não conseguiu dizer a frase:
            -Quem é você....?
            Pedro e Rita desceram devagar o degrau, Amélia ficou rezando.
            -Não adianta rezar Bruxa, seu destino está em minhas mãos – Amélia viu a figura do ceifador, não acreditava em fantasma nem em vida depois da morte, com um golpe da foice o ceifador arrancou a cabeça de Amélia.
            Pedro e Rita estavam abraçados, Rita praticamente nua, com uma camisola transparente, os dois gritaram quando viram Sergio arrastando com a garganta cortada, pedia socorro, Pedro virou-se para correr.
            -Me ajudem – pediu Sergio.
            O ceifador estava esperando Pedro na porta, a foice usando uma força brutal partiu o corpo de Pedro praticamente ao meio, outro golpe, pronto, e  a metade menor se desprendeu do corpo e caiu, sangue inundou o local.
            Rita apenas gritava, quando a foice entrou pelo seu abdômen e atravessou o seu corpo.
 
DELEGADO
            -Tem certeza que não foi ele? – disse o delegado ao policial.
            -Tenho, ele estava preso em uma prisão estadual, entrou em uma briga, parece que foi preso por quis.
            Fábio estava na sala de interrogatório.
            Pensou, uma satisfação inundava o seu ser, ao mesmo tempo que o peso do pacto com o mal pesava em suas costas.
            -Nem sempre a justiça é feita pelos mocinhos, alguém do inferno veio buscar esse pessoal.
 
 
 
JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 04/12/2012
Reeditado em 23/04/2013
Código do texto: T4019056
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