31-12-12 – O fim do mundo

Realmente esse é o fim, o relógio Maia estava correto, o calendário Maia e todos supersticiosos de plantão tinham razão. Esse era o fim, e não foi à chuva calamitosa, tampouco o despencar do sol ardente sobre nossas cabeças. Não, o apocalipse é muito mais real que uma parábola.

Estou aqui a refletir nesses segundos que me restam, nesses minutos, horas, dias...

O mundo está realmente perto do fim, tão perto que chego a acreditar que foi ontem que ele acabou. Ontem, quando no noticiário das seis descobri que uma criança fora abandonada na calçada de uma rua qualquer, por uma mãe tão cruel que nem mesmo no inferno o diabo havia reservado lugar algum para ela.

Ou talvez o mundo tenha acabado alguns anos atrás quando eu escovava meus dentes, olhos fixos no espelho que jazia a minha frente, ainda solteiro, com pouca barba, e do rádio o mau chegou rasante ao pé de meus ouvidos e a voz grave sussurrou eminente, catástrofe, chacina em escola, crianças feridas, mortas, assassino se suicida, lágrimas não param de brotar, tampouco o sangue deixará de jorrar pelas mãos vis de pessoas tão perturbadas...

Ou quiçá noutra data quando um namorado manteve ali, "sua garota" refém, e de repente a assassina a sangue frio...

Talvez o mundo tenha acabado quando descobri que nem mesmo a fama e o dinheiro nos fazem felizes, ao assistir a noticia de que um goleiro famoso arquitetara a morte de sua ex por não querer lhe pagar alguns míseros vinténs...

Ah... Maias malditos e tão inteligentes, como li há alguns dias em certo vestibular, onde dizia o seguinte; “se eles sequer tiveram forças para impedir sua própria extinção, como poderiam eles prever o fim da raça humana”, mas não, eles realmente sabiam do que estavam falando.

A sorrateira e vil maldição do homem, o recado do destino já foi dado há muito tempo, seja em inscrições, em previsões, seja pelos punhos de

ditadores que guerrearam por um mero pedaço de terra.

Nossa era, graças à ganância e desorganização tamanha que nos persegue, nós, seres superiores, humanos, estamos a caminho do fim.

E a passos largos na direção obscura das chamas, a queimar e arder no pecado da carne, a roubar a confiança de um ser superior, livres arbitrariamente, estamos sozinhos, abstratamente...

É, o terror, acredite, ele está aqui, está do nosso lado, em cada palavra pronunciada de sua boca, em cada ofensa, em cada desrespeito, está talvez longe de teus olhos, mas tão perto de seu coração, a te ludibriar...

O terror está na falta de bom senso, na falta de bons modos, está no que nos deveria sobrar, na escassez de nosso maior dom, de nossa tão valiosa "humanidade".

Esse grande diferencial tão aclamado, tão dito, tão esbanjado ao longo de nossa existência, o fato de sermos “hu-ma-nos”...

E simplesmente nós, seres racionais abdicamos dessa dádiva e nos comportamos como verdadeiros "animais".

Ah, o fim está tão próximo, infelizmente agora tenho certeza disso, acho que os maias não queriam mesmo ver tamanha insolência a um Deus tão maravilhoso...

Vejo esse fim tão próximo que posso sentir o cheiro podre da prostituição, o amargo adocicado do sangue derramado, posso sentir o suor do ladrão fugitivo, surrupiador de almas e de corações, posso sentir a alegria disfarçada e encharcada de álcool, posso sentir a droga, da droga que é a vida, essa anestesia cheirada, injetada, ingerida...

Posso sentir o desamor do próprio amor.

É amigos, é mesmo o fim... E está tão próximo... Tão próximo, tão perto de você e tão perto de mim...

Bem vindos ao fim do mundo!

À todos um excelente ano novo e que juntos mudemos a história de nosso futuro, fazendo um presente bem melhor que o passado!

Sidney Muniz
Enviado por Sidney Muniz em 31/12/2012
Reeditado em 31/12/2012
Código do texto: T4061894
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