Linda.
 
 
Naquele pé de serra onde a água aparece só por milagre, nasceu Rosalinda.
A fome e a sujeira andavam lado a lado, e ela sabia conviver com isto.
O tempo passou, Rosalinda ficou uma mocinha alta magra, mas com certa simpatia.
Todos a admiravam, mas os motivos não eram muito ortodoxos.
Queriam explorá-la sexualmente.
Administrava convenientemente, só se interessando por jovens e robustos camponeses.
Sua beleza não passou despercebida pelo dono das terras, que por preço vil, comprou como fosse mercadoria e se apossou da donzela.
 
Não tão donzela, mas carne fresca que fez o coração do velho coronel bater mais forte.
A pobreza amolda o ser humano, ela aprendeu a administrar sua beleza vendendo caro seus carinhos para o coronel.
Além das terras o coronel tinha um armazém onde explorava seus próprios empregados.
Para tê-la sempre a vista colocou-a no balcão.
Esperta como poucas, em breve administrava não só a venda, mas as compras do empório que tinha tamanho médio para grande.
Aprendeu a ler e escrever coisa que nunca tivera nem conhecimento.
Com o tempo começou a engordar ficando uma mulher muito bonita, e o coronel definhava.
Com pequena ajuda de Linda administrando uma beberragem a titulo de remédio.
Em breve herdou a venda e as terras.
 
Linda nunca deixou de flertar, era muito esperta e o coronel morreu corno, mas inocente.
Nunca soube de nada, ela era muito discreta.
Logo que o coronel morreu sua cama foi ocupada pelo seu braço direito, funcionário da casa.
Dentro em breve este gerente começou a mudar de jeito.
Roupas novas carro novo, parecia um príncipe.
A Patroa o chamou para uma conversa.
-Neguinho, tu precisas saber de uma coisa.
Eu vim de lá de baixo e não tem nada que eu não saiba de malandragem.
Enquanto você tiver sendo útil, e fiel, continua.
Se acontecer de se atrever a me trair, as coisas podem não dar muito certo para você.
O rapaz pensando que era dono de tudo, foi visto em companhia de algumas mocinhas e por quem?
Pela própria patroa.
 
Naquela noite foi tratado de maneira especial.
Comida boa, bebida enfim foi tratado como príncipe que era.
Pela madrugada acordou, sentindo se desconfortável.
Estava amarrado.
Linda a sua cabeceira, mais bonita que nunca.
Muito sorridente falou:
-A única coisa que te pedi foi fidelidade.
Mas você não conseguiu, ou pensou que eu era tão inocente que não perceberia.
É uma pena, pois agora vou tirar algumas coisas que você me deve.
Como cirurgiã, com muita pratica tirou algumas peças que ele não usaria.
Mas a perda de sangue foi muito grande e ele passou a formar um belo time de Anjo que felizes dançam nas nuvens.
 
Dizem que os anjos são meninos e meninas ao mesmo tempo, é verdade.   
Breve veio ao seu encontro um rapaz louro de rara beleza.
Atraído pela riqueza da comerciante logo gozava suas benesses.
Mais uma vez ela aconselhou, porém como o outro se julgando muito inteligente caiu em erro.
De novo a cirurgiã voltou a trabalhar.
Com o tempo causou curiosidade, pois todos os namorados de Linda desapareciam.
Fugiu com meu dinheiro, mas se um dia eu pego faço desgraceira.
Por cima do muro alto um curioso viu de madrugada a comerciante cavando o quintal.
Não demorou e a policia fez uma visita e desenterrou enorme quantidade de ossos.
Dizem as más línguas que foram doze, outros que foi quinze, na verdade míngüem sabe ao certo.
 
Porém a todos ela avisava.
-Só peço uma coisa seja sincero, pois não admito traição.
Se falhavam a culpa não era dela, pois que avisou, avisou.
Dizem que na cadeia onde passa os restos de seus dias também tem namorada.
Só que ela avisa:
Você vai ter de tudo de bom, mas... não gosto de traição.
Parece que suas namoradas também desaparecem.
Esta Rosalinda é fogo dizem que saiu da cadeia.
Ainda está bonita, mas ela avisa se for infiel é melhor não pegar garupa em seu cavalo senão...
Eu é que não embarco nessa.
 
OripêMachado.
Veneno de Cobra
  
 
 
 
Oripê Machado
Enviado por Oripê Machado em 14/01/2013
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