A HORA DOS LOBOS-PROLOGO

PESADELO

A lua cheia e gorda estava alta. Banhava de branco toda a vegetação escurecida pela noite.

Um vento frio e cortante deslizava por sob minha pele qual elevava meus cabelos ao ar e arrepiava meu corpo todo.

Onde eu estava?

Tudo indicava que o lugar em que, meus pés descalços, pisavam, era um bosque.

Pinheiros gigantescos subiam em riste na direção do céu sem estrelas. O chão forrado por folhas podres farfalhavam a mera menção de movimento. Arbustos a todo o momento tinham suas folhagens remexidas pelos animais notívagos.

Começo a caminhar.

Seguia a lua cheia. Meus olhos não piscavam e nem desgrudavam dela. Ela estava me atraindo. Levando-me a algum lugar.

Não me importava para onde ela queria me levar, apenas a seguia como se estivesse num transe, como se eu fosse uma folha seca de outono sendo carregada por uma lufada de vento.

Apesar de alguns galhos de árvores menores lanharem minha pele e meu vestido rosa, eu não conseguia sentir nada.

Ao longe trazido pelo vento, podia ouvir uivos enlouquecedores.

Chamavam-me.

***

Agora meus pés pisavam em um cemitério.

Tumbas, lápides e um conjunto de árvores magérrimas e nodosas como as mãos de uma velha, formavam a paisagem do lugar. Davam ao lugar de descanso dos mortos um ar fúnebre.

A lua eclipsada por uma igreja gótica, de aparência muito velha, mal conseguia iluminar o lugar.

Da onde eu estava à lua me parecia estar maior e imponente.

Os uivos que haviam se cessado, momentos depois de eu pisar no cemitério, recomeçaram com uma força renovada. Aguçando minha audição descubro que aqueles uivos vinham da igreja.

Estava certíssima disso.

Subo os curtos degraus daquela pequena escadaria cheia de musgo. Os degraus estavam escorregadios devido a umidade da noite. A cada degrau que pisava, mais os uivos se tornavam altos e claros.

Naquele instante, não existia medo em meu coração, havia espaço apenas a curiosidade latente.

***

Olhava a longa porta que estava caindo aos pedaços a minha frente quando, de repente, uma ventania violenta fez com que ela se escancarasse para mim.

Os uivos que se fizeram presentes até ali, cessam.

Meu corpo se sacode todo com um arrepio. Algo me alertava para que eu não entrasse na igreja. Porém, minha curiosidade era maior e me sentia cada vez mais atraída por aquele perigo iminente.

Corajosamente entro na casa de Deus. A porta fecha-se atrás de minhas costas.

Fico presa no escuro.

Olho pro teto em busca do luar. E encontro um pequeno furo no telhado do lugar, pelo qual saia um tênue halo de luz. Vou a sua direção. Fico em baixo dele como se estivesse tomando um banho lua.

Girei nos calcanhares para melhor analisar o lugar qual mal parecia uma igreja:

Bancos de pernas pro ar, hera grudada por todos os cantos, folhas apodrecidas exalando um mau cheiro e um altar completamente bagunçado e um teto totalmente esburacado pela a ação do tempo.

--Cara o que estou fazendo aqui?— perguntei como se houvesse acabado de despertar dum transe.

Não tive tempo para respostas, pois os uivos retornaram. Além, de ouvi-los agora podia ver-los: tinham os olhos verdes e vermelhos que brilhavam na escuridão como pedras preciosas.

Eles se aproximavam de mim com bocas escancaradas e línguas pendendo de lado, famintos. Pude até ver a saliva escorregando de suas bocas. Eles formavam um circulo. Preparavam-se para me atacar.

O círculo estava quase pronto e eles se preparavam para atacar, quando surge dentre eles um lobo de pelos negros como piche e olhos azuis igual ao céu. Ele parecia ser o chefe do bando. Pois era o maior e o mais forte.

Ele vinha em minha direção. A cada passo que ele dava, eu recuava outros dois. O lobo negro não dava importância a isso.

Ele sabia que eu não tinha pra onde fugir. Por isso andava com calma como uma majestade.

Fui recuando no escuro, até topar na áspera parede da igreja. Tinha as costas pregadas na parede fria e lisa.

Há essa altura meu corpo estava uma pilha de nervos: meu coração socava meu peito enlouquecidamente, o suor rolava por todo o meu corpo me encharcando toda e minha estava ofegante.

Enquanto isso o lobo a centímetros de mim, me encarava. Olhava-me com ar arrogante de quem sabe, que eu não tinha para onde ir.

Ele esperava que eu me movesse, para poder dar o bote.

Queria que aquilo acabasse o quanto antes. Então dou passo à frente. E o lobão salta em cima de mim, me derrubando no chão.

Via a sua bocarra, prestes a me abocanhar, sentia a saliva me caindo no rosto...

--TABATHA!!!!ACORDE MINHA FILHA!—acordo mega assustada.

Olhei ao meu redor. Não, não havia lobos, cemitério ou ao menos igreja.

Apenas minha mãe gritando em meus ouvidos e me sacudindo como se eu fosse um gato morto. Olho pra minha mãe com olhos faiscantes. E ela me diz com um sorrisinho patético:

--CHEGAMOS AO NOSSO NOVO LAR QUERIDA!!!!

Ebaaa.

Estava tão animada que tive vontade de sair gritando feito uma louca histérica.

Minto. Não estava nada animada.

Solto um muxoxo.Saio do carro.

Odeio mudanças.

CONTINUA

Devo continuar? Eis a questão... Continuarei com uma condição.Que vcs vistem meu blog : raffaelpetter.blogspot.com

Raffael Petter
Enviado por Raffael Petter em 16/01/2013
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