O Pintor e o Escritor dos Mortos

Havia um sonho em sua vida para se tornar num artista badalado,mesmo que o tempo passasse sem dar-lhe este sinal. Pintava o mórbido, o sinistro, o sombrio. Um desejo estranho o impelia para tal ofício pelas madrugadas a dentro. O seu nome era Miguel Arcanjo. Vivia uma vida de dificuldades,como todo brasileiro honesto e trabalhador.

O outro personagem escrevia contos de terror. Tinha habilidades com as letras voltadas para o sinistro.Retratava como ninguém o mundo do sobrenatural. Os seus contos eram de arrepiar o mais corajosos dos leitores- muitas vezes se dirigia para o cemitério, à meia-noite(o horário era escolhido à risca) sentava numa tumba, e ali fazia de escritório.Escrevia muito. Ficava por toda a madrugada digitando no notebook os seus contos macabros. Escrevia dezenas de contos numa única noite, como se estivesse inspirado pelos mortos(e com,certeza estava). Acendia uma vela sete dias vermelha(gostava deste estilo de velas dos rituais do Candomblé) que o iluminava. A visão do cemitério à noite era tenebrosa, inspirando-o mais do que o normal. Percebia um arrepio que tomava conta de sua nuca, quando estava digitando. Sentia presenças invisíveis ao seu lado, revezando-se a cada conto escrito.Árvores sem copas admiráveis o cercavam.Ventava.Uma noite sem estrelas.Um chuvisco o bolinava-não se importava com o tal clichê cinematográfico."Ora,sempre chove num enterro..."Dizia para si.E escrevia,escrevia...

O seu nome era Leônidas Grego. Vivia uma vida de muitas atividades profissionais, mas sonhava em viver das vendas dos seus livros.

Dois artistas, dois homens, um único mundo, onde o mundo dos vivos se confunde com o dos mortos.A estátuas de anjos e arcanjos pareciam observá-lo,em silêncio.

Um dos quadros retratava uma mulher seminua sangrando. Percebiam-se três cortes profundos no tórax à altura dos ombros, e um num dos braços. Ao fundo, deitado na cama estava uma figura masculina ensanguentada. O assassino estava de frente para o espectador. Tinha a faca nas mãos molhada de sangue e tinha o seu corpo com respingos vermelhos pelo seu corpo, eram pontinhos vermelhos que se espalhavam pelo seu rosto, cabelos. As cores eram fortes, em meio-tom, como se o artista quisesse retratar a cena do assassinato em parte do dia, manhã ou à tarde.

A tela estava numa das mais badaladas galerias de artes da cidade, uma galeria particular que tinha uma clientela chique formada por ricos colecionadores do Brasil e do mundo.

O segundo quadro,em dimensões menores, retratava mais um esfaqueado, do sexo feminino. Os golpes se espalhavam por todo o corpo, rosto e mãos. O artista retratou com maestria a tentativa da vítima em se de fender dos golpes mortais. O sangue era abundante, o ambiente retratado com graça, apesar da cena chocante. O cuidado com os tons, a luz e sombra e a perspectiva acurada dos objetos. A mulher tinha os olhos voltados para o possível observador da obra, como se pedisse socorro. O assassino estava de frente para o espectador, com um olhar ameaçador.

O terceiro quadro tinha um sujeito sentado à mesa digitando num notebook negro, ao seu lado uma figura sinistra, vestida de capuz preto, de longa capa. Tinha nas mãos um tridente vermelho de três pontas. O seu aspecto remetia ás figuras demoníacas descritas nos livros profanos de feitiçaria. O seu olhar era amedrontador. Tinha o corpo encurvado como se estivesse sussurrando aos ouvidos do homem sentado à mesa. Na mão direita o tridente, na esquerda tinha um grande livro, de capa preta, de muitas páginas,volumosos. Era meio transparente, como se fosse um ser do além a acompanhar o escritor em seus escritos sinistros. A cena retratava a não observância do escritor à criatura do além, como se fosse inspirado a escrever sem ter tal consciência daquela companhia sombria.Uma cena de arrepiar o mais corajosos dos leitores.

Os livros de maior sucesso no momento, era as três obras de contos de terror- Terror e Sangue, Histórias Sinistras, Pavor Noturno. Obras do autor Leônidas Grego - que teve a carreira alavancada, de forma abrupta, após um encontro casual. Os seus personagens tinham um pacto sinistro com os seres do mundo do além, ou se envolviam em tramas diabólicas, onde o final sempre trazia dissabores para o personagem principal. Os seus leitores eram ávidos pelo sangue, ou pelas paisagens sinistra que o mesmo descrevia em seus contos diabólicos.

Os dois artistas estavam fazendo o maior sucesso, um com os seus livros de contos macabros, o outro com as suas telas sombrias que retratavam o caos,a morte,o sinistro.

Alguns meses atrás:

10:00h da manhã. Feira de São Joaquim, Salvador-BA.

O escritor Leônidas Grego estava na lanchonete Rodrigues fazendo um lanche, quando foi abordado por um sujeito maltrapilho, que vestia uma camisa surrada de varal, uma calça jeans desbotada. Calçava velhas sandálias de couro. Os cabelos eram compridos, barba por fazer.

- Por favor, poderia pagar um lanche para mim? Estou desempregado, vim do interior para tentar a vida na capital.Tenho fome...

O escritor tirou os olhos do monitor do notebook, encarou o sujeito, e pediu:

- Marcelo dê uma média de café-com-leite e um pão com ovo pra ele aqui.

O sujeito abriu um largo sorriso silencioso, os olhos brilharam-era como se tivesse ganho na loteria. Sorvia o café com prazer desmedido. Mordia o pão com sofreguidão, em três mordidas o dividiu, engolindo-o rápido.

- Torço para que possa encontrar uma ocupação e possa ter grana o bastante para se sustentar, moço.Marcelo dê-lhe outo pão com ovo...

Disse Leônidas Grego para o despachante.

- Obrigado. Vou fazer um quadro seu , em breve. Pode ser?

-Não precisa se preocupar, não paguei o lanche em troca de nada. Sou daqueles que acredita que servir o próximo é uma obrigação.Fazer o bem sem olhar a quem,ou querer algo em troca.

Miguel se afastou. Andou por toda a feira. Seguia pelos corredores admirando aquela cultura popular. Admirou-se das pequenas estátuas de espíritos e de demônios que estavam expostas nas casas que vendiam produtos para o Candomblé. Tinha ali uma estátua de Exu Caveira, um espírito que é apresentado sentado num trono vermelho. O seu rosto é de caveira e o corpo esquelético, de aparência sinistra. Tem um tridente vermelho nas mãos, usa uma bata vermelha, que cobre a sua cintura. Molambo é uma mulher que se apresenta com roupa vermelha, com remendos. É ligada ao sexo descabido, fuma e bebe. Tem a imagem de um espírito conhecido por Sete Covas. Ele é vermelho, gordinho, com duas preponderâncias na testa, que lembram pequenos chifres escuros. Tem sete lápides ao seu lado. Mais uma imagem o fascinou, Sete Facadas, um espírito elegante, de capa preta com detalhe interno de vermelho, usa uma cartola-dizem ser debochado e ameaçador-quando não gosta da pessoa,trama para a sua morte, de forma violenta. É muito requisitado para a morte de inimigos. Baixa so em terreiros de baixa-magia,frequentado pelos espíritos das trevas, os de energia de profundo negrume-dedicam-se a prática do mal.

Miguel ficava longos minutos no balcão daquela casa de produtos para o Candomblé, indagando a vendedora a respeito das imagens, dos espíritos- o seu interesse extrapolava à normalidade, era como uma paixão desmedida.

Recolheu-se num canto e desenhou-os - ficaram perfeitos. As cores seriam postas à noite, quando retornasse para o casarão. Olhava para as estátua e sentia-as vivas. Os olhares fixos na sua pessoa, os sorrisos debochados. Parecia que respiravam, estavam vivas.

Numa rua estreita, na esquina, onde ficava um terreno baldio com vasto matagal. Ali, ficava o casarão abandonado. À noite era escuro e sinistro, dezenas de famílias o tinham invadido-saíram aos poucos-, expulsos pela violência ali reinante. Brigas, desavenças, contendas e dois assassinatos. Um drogado matou a companheira num dos cômodos que ocupavam. Um amigo matou o outro, com a suspeita de que dormia com a sua mulher, quando o mesmo estava catando latinha pelas ruas da cidade. A mulher foi esfaqueada, mas sobreviveu. Ninguém os entregou à polícia, fugiram e estão impunes.

O artista plástico conhecido como Miguel, resolveu abandonar o interior. Veio para a capital para tentar uma vida melhor, por enquanto, vivia com muitas dificuldades. Passava dias sem comer direito, pedindo às mesas dos restaurantes populares. Contava às vezes com a solidariedade do povo de Salvador. Na feira de São Joaquim sempre encontrava um ou outro feirante, de bom coração que lhe dava algumas frutas, um cafezinho, um lanche e até mesmo um almoço.

Tinha 42 anos. Desenhava e pintava, desde criança. Tinha a predileção pelos temas mórbidos. Retratava em seus quadros o momento da morte, um enterro, um funeral, uma vigília de defunto. Tinha certa feita pintado um grande quadro, 2x4 m, onde retratava o cemitério de sua cidade. Com as cruzes em primeiro plano, túmulos sombrios, encardidos, de azulejos partidos. O matagal invadindo o espaço dos mortos. Tinha uma coruja solitária pousada num galho de árvore, uma noite de lua cheia. Morcegos pintados por entre as estátuas dos anjos.

As pinceladas firmes, vigorosas, em tons de cinza, matizes sombrias. Uma bela obra de arte.

Miguel fez um bico de energia elétrica, outro de água. Estava morando no casarão abandonado sem conforto algum.

Naquela noite, ouvindo o radinho de pilha comprado na Feira do Pau-que acontece, aos domingos na Baixa do Fiscal-ali, se compra de tudo, até vaso sanitário usado à discos antigos de Roberto Carlos, em vinil. Pintava mais um quadro. Os seus tubos de tinta estavam no fim-e, não havia vendido nem um quadro. Trouxera poucas peças de roupa do interior. Nascera em Exu, cidade do Rei do Baião,Luiz Gonzaga, mudara-se para a Bahia, cresceu na cidade de Feira de santana.

" Minha vida é andar por esse país..." - tocava no rádio, num programa especial de música sertaneja.

De forma frenética, Miguel pintou a cena do crime: um homem morto, esfaqueado. Suado e cansado, enquanto tinha os olhos na tela pronta, tinha nas mãos mais uma tela, em branco. Desenhou de forma frenética mais uma cena macabra. Uma mulher esfaqueada. Ficou sentado no chão, de olho nos quadros. Admirava as obras. " Ficaram perfeitas, será que os espíritos me ajudaram? Nunca fiz desenhos tão bons e cores tão intensas." Observava, assim, com satisfação. Veio à sua frente a cena de um dos crimes.

Certa feita, andando pelo centro cidade com o quadro Cemitério, debaixo do braço, Miguel sentiu uma freada buscra, de carro. Assustou-se.

- Quanto é o quadro, amigo?

Perguntou um senhor branco, usava uma bem cuidada barba branca. Estava num carro de luxo.

- Não sei ao certo, moço estou apenas atrás de alguns trocados para o almoço e comprar algumas coisinhas no mercado.

- Pago 20 Reias.

- Ah, não...

O senhor sacou a carteira, abriu-a. Miguel viu um volume consideràvel de cédulas, a maioria de 50 e 100.

- Tome.

Miguel segurou a cédula de 50 Reias, com força. Parecia não acreditar que alguém pudesse pagar tanto por um quadro seu. A maioria era vendida por valores que não cobriam as despesas com os tubos de tintas, terebentinas, pincéis e as telas.

Menos de cinquenta metros ao arrancar do carro, Miguel ouviu os disparos. Quando se virou, ficou amarelo de susto, de espanto. O sujeito que havia comprado o seu quadro estava com dois furos de balas na cabeça. Tinha um homem, de arma em punho fugindo com a sua carteira. Em queastão de poucos segundos a polícia chegou - a Rondesp-, o miliante trocou tiros com os policiais. Foi fuzilado. Estava o circo armado.

Leônidas Grego tinha pesadelos, raramente tinha uma noite de sono tranquilo, velado pelos anjos. Sonhava estar em locais sombrios. Figuras sinistras o perseguiam, ou de grupos assim fazia parte, como se fosse um deles. Muitos dos pesadelos se passavam em locais que lembravam os palácios da antiga Roma, Grécia. Ali, mulheres nuas dançavam ao som de pandeiros e atabaques. Aconteciam orgias monumentais. Outros pesadelos eram como estadias em moradias sinistras, onde seres de aparência satânicas lhes narravam histórias que deveriam serem postadas no site Recanto das Letras, e futuramente serem publicadas em livros impressos. Uma dessas figuras- a mais frequente em seus sonhos- dizia aos seus ouvidos:

- Escreva o que lhe sussurros aos ouvidos. Eu quero fazer uma parceria com você, é quem poderá me ouvir e narrar os meus contos macabros para o mundo.

Dois homens, dois mundos. Uma única dificuldade. Miguel passava dias que não tinha um centavo nas mãos-tinha fome e morava num prédio invadido, em ruínas. Leônidas Grego vivia mandando os seus livros para as editoras -sempre recusados. Diziam as editoras: " não estamos avaliando originais. Dizia outra: " Temos uma programação fechada para publicações para 05 anos." " Os seus contos de terror são de arrepiar, os leitores vão ficar com medo, não vão ler o livro todo...!Disse uma delas.

Para sobreviver, Leônidas Grego se dividia entre muitas atividades, entre elas a de desenhista de histórias em quadrinhos e a de ilustrador de livros didáticos e de literatura infantil-fazia -as para diversas editoras. Além de ter uma representação de serviços para uma empresa de extintores de incêndio, e montou uma lojinha de moda diferenciada para mulheres. A sua sobrinha a ajudava. O sonho de Miguel era viver da venda dos seus quadros. Leônidas Grego queria viver da venda dos seus livros.

" Dê-me a sua alma e te darei o sucesso como escritor." - Disse-lhe o espírito das trevas que lhe sussurrava histórias macabras.

- Não posso, acredito em Deus. Não quero comercializar a minha alma, nem o meu sucesso, que seja por mérito.

Disse-lhe Leônidas Grego, em sonho. Acordou sonhando frio, o coração em taquicardia. Levantou-se da cama e foi ao chuveiro. Voltou para a cama, bebeu um pouco de água.

- Mas, que pesadelo. O mesmo sonho de sempre, o mesmo ser demoníaco. Será que é ele, mesmo que me sussurra as histórias, ou são frutos de minha mente?

Naquela manhã de sábado Miguel foi á feira de São Joaquim tentar vender os seus quadros. Exibiu-os próximo dos restaurantes e dos bares, ali ficava a maior concentração de pessoas. Uma grande surpresa aconteceu - coisa do destino. Estavam na feira parentes das vítimas retratadas nos seus quadros.

- É ela, a Nazinha, a minha filha que foi assassinada pelo monstro do marido dela, usuário de drogas.

Disse um senhor, com cerca de cinquenta anos, estava acompanhado da mulher.

- Jesus, Neneu. É mesmo, "cagada e cuspida." Moço, como pôde ter retratado isso, o senhor à conhecia? Foi um crime bárbaro, covarde.

Miguel ficou surpreso. Indagava-se como poderia ter retratado alguém que nunca vira, e numa cena daquela, onde vizinhos do prédio o alertaram da má fama daquele local, inspirando-o a fugir do ócio com o feitio da pintura.

- E aqui, ele, o assassino. Pintado como se fosse uma foto.

Apontou a senhora para o quadro.

- Minha Nossa Senhora...É o desgraçado do Armando.

Gritou o senhor pasmo. Depois apontava com o dedo e berrava:

- Ali, o assassino de minha filha, polícia, polícia,polícia.

Um homem saiu correndo por entre o povo, trombando nas pessoas, caindo e se levantando. A correria foi geral, até que a polícia o imobilizou. As pessoas não acreditaram que tamanha coincidência pudesse acontecer, coisa de cinema ou de telenovela. A imprensa noticiou o ocorrido, dando total foco ao quadro de Miguel. O artista teve os seus dez minutos de fama. Uma semana depois, após a exibição dos quadros nos telejornais, o segundo criminoso foi preso. Alguém o reconheceu na pintura e o denunciou. Mais uma vez Miguel chegou à grande mídia-desta vez em notícia nacional. Os jornais falavam dos crimes, do casarão e de sua estadia ali,numa noite nublada pintando os quadros que resultou na prisão dos assassinos.

Miguel, esperto foi aos cemitérios, onde estavam às vítimas, e utilizando-se de cores de matizes voltadas para o sombrio, pintou as covas das vítimas, retratando a cena com extremado realismo.

Leônidas Grego costumava ir pela manhã ler o jornal e passar emails sentado numa das mesas da lanchonete do seu irmão. Ali, tomava o café-da-manhã, depois seguia para a sua lojinha de confecções. Como a busca por peças de roupa voltadas para o Candomblé era grande, resolveu colocar à vendas batas, saias rodadas e roupas de ração-femininas e masculinas. Muitos Filhos de Santo e Filhas de Santo,agora, frequentavam a sua lojinha, e alguns Pais de santo

- Moço, poderia me pagar um cafezinho?

Disse Miguel, de forma tímida, esboçando um sorriso no rosto. A barba estava aparada, o cabelo cortado. A camisa era nova, vestia uma calça branca, de alvura louvável. na cabeça um chapéu cinza de aba levantada.

- Você, de novo? Te vi muitas vezes na televisão, não vendeu nem um quadro depois das matérias? Você saiu até no Jornal Nacional e te vi no comentário do Bóris Casoi.

-Brincadeira, não preciso mais que me pague um café. Aconteceram coisas boas. Na verdade vim trazer o presente que te prometi.

Falou assim lhe estendendo com as duas mãos um quadro 50x60.

Leônidas Grego estava retratado sentado à mesa escrevendo no seu notebook. Ao olhar o quadro, os seus olhos cresceram, de espanto. Uma palidez apoderou-se do seu rosto, o coração disparou. Observou:

- Meu Deus, como pôde ter me retratado tendo ao meu lado este ser sinistro que está sempre nos meus pesadelos me pedindo para escrever as suas narrações de terror...

- Meu Deus, mais uma obra minha envolta no sobrenatural?

Optemperou o pintor, com surpresa.

Em poucos dias, uma galeria entrou em contato com o pintor Miguel. Fizeram um levantamento de onde estavam os seus quadros, Foram readquiridos. Uma bombástica e sombria exposição foi organizada. Miguel ganhou o mundo das artes, ganhou a grande mídia. A sua carreira descolava. E, la na exposição, estava um editor que contratou o escritor Leônidas Grego. Os seus livros seriam publicados. Meses depois, os dois artistas faziam grande sucesso. Miguel pintava os seus quadros e os vendia a peso de ouro. Os livros de terror de Leônidas Grego vendiam feito água.

Num dos pesadelos Leônidas Grego encontrou a entidade que o acompanhava para a narração dos contos de terror. Para sua surpresa, estava ali o pinto Miguel.

- O que faço aqui, onde estou?

Perguntou Miguel, aturdido.

- Está num dos meus pesadelos.

Respondeu Leônidas Grego. Não foi surpresa ir surgindo das sombras novos personagens. Exu Caveira, que falou:

-Sejam bem-vindos ao meu Reino das Sombras.

Sete Túmulos ria e disse:

- Miguel, eu te inspiro para pintar os quadros de cemitério.

- E eu colaborei para que pintasse as cenas dos crimes e os criminosos fossem punidos. Eu sou Molambo. Gosto de sexo e de diversão. Ela me pediu a vingança, e ele teve.Foi preso e vai morrer na prisão.

Falou assim, apresentando a mulher que fora assassinada e a outra vítima.

Sete Facadas, também se apresentou:

- Acham que estão sozinhos? Um pensa que escreve sozinho, o outro que pinta sem a nossa ajuda. Ora, somos nós que planejamos as coisas.

Falou assim, rindo.

Leônidas deu um grito, e acordou suado ,daquele pesadelo. Estava amedrontado. Sentou-se na cama. Passou a mão pela sua cabeça.

Longe dali, Miguel despertou, de forma abrupta do mesmo pesadelo. Seguiram pela noite à dentro cumprindo os seus ofícios. Um pintava, o outro escrevia contos de terror, como se fossem cavalos dos espíritos do além.

fim

LG

Leônidas Grego
Enviado por Leônidas Grego em 20/01/2013
Reeditado em 14/08/2018
Código do texto: T4094169
Classificação de conteúdo: seguro
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