O Mistério Da Rua Glória

”O Brasileiro Carlos Eduardo está desaparecido desde o dia 22 de dezembro do ano passado.A família do jovem confirmou que ele fez contato pela última vez no dia 21 de dezembro, quando disse que iria pra uma festa de natal com os amigos.Eduardo estava estudando em Nova York e era considerado uma boa pessoa pelos amigos.Segundo fontes ele foi visto pela última vez entrando na rua da Glória" Julio terminou de ler a matéria e encostou a cabeça no apoio da poltrona, estava cansado.

Contando com aquele este seria o sétimo desaparecimento que fora registrado no bairro desde o ano passado.Um recorde para a simples e pacata localidade.

O homem de trinta e sete anos era policial há mais de vinte anos e fora promovido há delegado a apenas três.Assumiu o departamento de desaparecidos e sequestrados de uma localidade comum, o emprego era simples e fácil.

De vez em quando alguma mãe desesperada invadia a delegacia dizendo que seu filho havia se atrasado para o jantar ou que não tinha aparecido no almoço.Bastava uma viatura pelas ruas para encontrar o jovem, que geralmente estava fumando ou bebendo escondido dos pais.

Existia ali uma rua chamada Glória,nela uma loja de departamentos destaca-se das demais por vender diversos utensílios para as residências.Desde colchões até fogões e geladeiras.Todos compravam lá.

Os mais velhos não sabiam da existência do bordel nos fundos do estabelecimento, mas os adolescentes e pervertidos conheciam bem a localidade.O "Luxuria da glória" era um antro de pecado onde dançarinas eróticas realizavam shows ao vivo e pessoas faziam sexo em cima das mesas ou mesmo no chão, sem se preocupar em serem vistos pelos outros.Não era raro encontrar sessões de sadomasoquismo ou outras perversões inusitadas.

O cabaré era tão luxuoso que para ter acesso era preciso pagar uma quantia, o cliente deveria ser indicado por outro cliente, criando uma rede de conhecidos que se encontravam para praticar orgias.

Logo quando foi inaugurado a policia organizou uma expedição para fechar o estabelecimento, mas a propina recebia foi alta demais e a corrupção falou mais alto.Julio recebia o triplo de seu salário para permitir a prostituição e o tráfico de drogas."Eles não estão fazendo nada de mal a ninguém, afinal"

Foi só depois do terceiro desaparecimento que o delegado resolveu visitar Marcos.O jovem dono do cabaré gostava de se auto intitular visionário, havia comprado a loja de departamentos do antigo dono e em apenas cinco meses o seu rendimento semanal havia dobrado."Sou o mestre dos negócios" dizia a todos.

Depois de muita conversa o policial se convenceu de que o cafetão não era culpado pelos sumiços das pessoas."Isso tá afetando os negócios dele também" pensou.

Só abriu os olhos novamente quando escutou batidas do lado de fora da porta do seu escritório.

II

-Senhor, a imprensa está nos pressionando por mais notícias sobre os casos..eles querem informações sobre possíveis suspeitos.Dizia Junior.O garoto tinha apenas vinte e dois anos mas já era um bom policial, apesar de tímido era considerado muito bonito pelas colegas e por qualquer mulher que o visse na rua.

-Diga a eles para tomarem no cu! Cansei já de ter esses jornalistas medíocres aqui na minha porta.A irritação era evidente no tom de voz.

-Mas senhor...eles estão dizendo que vão publicar uma coisa amanhã de qualquer maneira.Disseram que não teriam problemas em inventar uma estória.

-Esses filhos da puta, fazem de tudo para vender notícia e ganhar dinheiro..Não percebem que estão apenas alimentando os crimes? Aposto que já existem lendas por ai..Julio falava tudo muito rápido, seu excesso de peso o fazia ficar vermelho ao menos esforço físico.Seu rosto estava rubro.

-Sim, na verdade as pessoas estão dizendo que existe um ser sobrenatural na rua da Glória. O jovem estava abaixando o tom de voz, parecia ter ficado intimidado com a voz do patrão.

-Viu só? Quanto mais os jornalistas publicarem coisas desse tipo mais o sequestrador vai cometer crimes!

-Não entendi.. o que as notícias tem haver com os desaparecimentos?

-O filho da puta que tá fazendo isso quer estar na mídia, quer ser lembrado. O tom de voz do oficial estava mais calmo, ele agora olhava para o jovem atentamente.

-Por que diz isso?

-Porque ele não pediu nenhum resgate..quem faz isso sem pedir resgate é pra conseguir fama!

-Pensando por esse lado...O senhor realmente é brilhante!.O olhos do jovem fixaram-se no chefe, um sorriso começava a tomar conta de seu rosto.

-Um dia você chega lá. A arrogância era sentida no tom de voz.

-Espero..Junior parecia ter ficado um pouco irritado com a resposta , mas saiu da sala sem dizer mais nada.

O arrogante olhou para o teto e começou a pensar sobre o caso.Já haviam ocorrido sete desaparecimentos, cinco meninas e dois meninos.Todos foram vistos entrando na rua da Glória mas as câmeras da loja de departamentos não filmou nenhum deles."Eles foram pegos antes disso, provavelmente seguiam para o Bordel"

Chegou a pensar em colocar uma viatura para vigiar a rua,mas desistiu da ideia logo em seguida."Ele simplesmente vai mudar o local da captura"

Quando vestiu o casado decidiu tomar uma cerveja para tentar desopilar.

Entrou no bar e pediu uma garrafa, bebeu sozinho.Julio não tinha esposa, sua arrogância e prepotência o impediram de ter relacionamentos duradouros com uma mulher, até mesmo seu ciclo de amizade era restrito aos colegas de trabalho e um ou outro vizinho.

Quando pagou pela bebida, saiu do estabelecimento em passos curtos e deu de cara com Junior.O rapaz estava sem a farda e o convidou para uma festa.

-Não posso ir, desculpe.

-Ah, qual é senhor! Quase todo mundo do departamento vai e é aqui pertinho.

Depois de muita insistência o homem acabou aceitando o convite e começou a caminhar.Depois de algum tempo seguindo o jovem, viraram em uma rua e logo o delegado parou.

-Nós não vamos para o cabaré não, né? Não gosto daquele lu..A pancada na cabeça veio primeiro, o desmaio ocorreu logo em seguida.

III

Acordou em uma sala escura, estava sentado em uma cadeira.Seus pés e mãos tinham sido atados.Começou a olhar para os lados e a gritar, o medo tomava conta de seu corpo e logo o suor começou a aparecer.

Após alguns momentos uma porta abriu e dois homens entraram na sala, estavam vestidos com sobretudo pretos e suas cabeças estavam ocultas por máscaras de cabras.O fedor e a pelugem indicavam que as máscaras eram cabeças de animais.

O cheiro era de morte.

-O que é isso? Onde eu estou? O delegado gritava em desespero, começou a olhar para os dois homens, alternando o olhar de um pra outro.

O medo já havia o dominado por completo.

Os homens nada responderam, apenas puxaram uma mesinha de um canto da sala e colocaram uma câmera -apoiada em um tripe- na frente da vítima, ligaram o aparelho e retiraram bisturis dos bolsos do sobretudo.

A tortura teve inicio com pequenos cortes nas bochechas, as mãos eram habilidosas e logo desenhos estavam marcados na pele.Passaram vários momentos fincando os bisturis em pontos estratégicos para que não se perdesse muito sangue.

Depois de vários momentos regados a gritos e sangue, os algozes caminharam até a mesa e retiraram de lá várias agulhas.Fincaram as mesmas em todo o corpo da vítima e logo ela estava completamente manchada de sangue.Queimaduras a ferro quente vieram logo depois.

Os trinta minutos de tortura eram preenchidos com gritos de agonia.Por fim um sinal tocou e os mascarados saíram da sala, após alguns instantes um jovem entrou no recinto.Agachou-se e olhou profundamente nos olhos do delegado, o sorriso espalhado no rosto.

-Você ainda vai me render muito dinheiro..policialzinho de merda.

-J-Junior? Foram as últimas palavras de Julio, de vários de seus órgãos começarem a sair pelos cortes feitos.

A morte veio de bom grado.

IV

Depois de mandar se livrarem do corpo o jovem pegou a câmera e passou o vídeo para o seu computador.Gravou tudo em um CD e foi até a Rua da Glória.

Lá encontrou um homem.

-Está tudo aqui? Perguntou o estranho.

-Sim, sete jovens e um bônus pra você...onde está meu dinheiro?

-Vai ser depositado na sua conta em breve.Adeus

-Por que você vê isso? Junior estava curioso."Ver vídeos de tortura..é doentio".

-Puro Prazer.

FIM

Conto do 2° Desafio da Madrugada, dessa vez o tema que o escritor Felipe TS me sugeriu foi: Desaparecimentos, uma rua misteriosa.(Resolvi acrescentar um pouco de tortura haha)

O texto O Mistério Da Rua Glória foi escrito em torno de uma hora.

Leia também o conto de Felipe TS

Rayan Fernandes
Enviado por Rayan Fernandes em 27/01/2013
Reeditado em 27/01/2013
Código do texto: T4107519
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