SOMBRAS DO PASSADO
 
 
 
                        Marco Aurélio recebeu esse nome a pedido do avô que foi um apreciador da história romana, o ultimo dos cinco bons imperadores, lembrado pelo governo bem sucedido e culto, para o avô de Marco o imperador Marco Aurélio poderia ser comparado a Adriano.
                         Casado com Heloísa há cinco anos com quem tinha uma filha, Nina, neste momento estava para completar cinco anos, Marco Aurélio é viúvo do primeiro casamento, a esposa morreu de um câncer da região pélvica, uma historia com contornos de tragédia que destruiu toda a família, Amanda era um mulher ativa, trabalhadora que em um ano descobriu o câncer em uma consulta de rotina e morreu de câncer no mesmo ano, coisa que já não se vê nos dias de hoje, com os avanços da ciência moderna. Revoltado, desiludido, Marco peregrinou pelos médicos, sem parentes o seu único apoio foi Heloísa, mesmo sabendo que aquilo não era muito certo aceitou o apoio da sua amante.
                        Sentado no quarto Marco pensava sozinho que talvez o os deuses da ciência moral e estudioso da ética poderiam, mesmo em seus túmulos, fazer pesadas criticas a esse comportamento nada ético, nem moral de Marco, ao ter duas mulheres provava para o mundo que era incapaz de segurar os impulsos, nem de aceitar limitações.
  Amanda e Heloisa eram muito diferentes, Amanda era um furacão sexual, bonita e atraente, quase não se lembrava porque Amanda o tinha escolhido diante de tantos pretendentes, era uma mulher seca, típica pé no chão, criada dentro de uma realidade do ganhar o pão, do acumulo de riqueza, de preservar o amanhã, não lia, toda sua vida foi prática, não conversava muito, dividia o relacionamento dos dois parâmetros fixos: em sexo e trabalho, não havia cumplicidade, Marco escrevia uma poesia e levava para Amanda Ler, ela lia e dizia.
                        -Está bom – depois ria – não sou a melhor critica, não gosto de poesia.
                        Heloísa tinha uma sexualidade problemática, achava-se feia, não ficava nua completamente, mas escutava as poesias e chorava, dizia que Marco tinha muito talento, isso acalentava a alma de quem até aquele momento era apenas um obscuro auxiliar do judiciário.
                        Após a morte da esposa, quando tinha apenas quarenta anos, Marco Aurélio desabou, choro, mágoa, descobriu em sua plenitude o amor pela esposa morta, como artista o amor recebe homenagens póstumas de alguém que nunca deu valor em vida, o mesmo  que não conhece a consequência do que faz,jamais poderá sustentar a punição que recebeu, o amor foi maior que imaginava,com a falta definitiva teve uma crise, pelo menos achava que era isso que sentia , uma mulher parceira que a morte tirou do seu convivo, mas de que adianta chorar lagrimas antigas?
                        Em dois anos sua saúde piorou terrivelmente, porque se sentia um covarde e um canalha, por insistência de Heloísa foi o levou ao  médico, pois, além de todas as mazelas da saúde, estava  sem dormir e com muita náusea, então descobriu a diabetes, com passar dos anos ficou gordo, pressão alta, colesterol, falência dos rins, tudo levava em espiral para morte.
                        A verdade e que no seu intimo, ele não sabia se o que sentia seria  culpa ou saudade, apesar do seu amor pela esposa teve aquele caso com a vizinha Heloísa, não podia negar a ninguém que gostava de Heloísa, ela não cobrava dele, pelo menos não naqueles momentos difíceis uma postura mais agressiva, mudança de emprego, com ela não precisava ser o machão que Amanda precisava.
                        Heloísa só queria atenção, não ligava para sexo nem orgasmo, isso, no começo agradou, mas depois achou que Heloisa era uma mulher frigida e que só servia enquanto Amanda estava viva, nesse período foi o contraponto, de um lado uma feroz e gostosa, do outro uma seca e suave, como o vinho.
                        Marcos tenta esquecer tudo, principalmente Amanda, disposto a reconstruir a sua vida com Heloísa, que dizia entender as suas  fraquezas e  estimulava Marco  a ser poeta, poesia que não escrevia mais, pois apesar de Heloisa ser a pessoa que reconhecia o seu talento Amanda era a sua fonte inspiradora. Após a morte da esposa de Marco tudo ficou exposto e assumiu o romance com Heloisa, Pedro tinha apenas sete anos, mas percebeu tudo e desde o começo teve ódio de Heloísa.
                        Diante todas aquelas coisa ruins que aconteceram, Heloísa propunha um pensamento positivo, dona de vários livros de autoajuda, acreditava que o mundo era dividi em positivo e negativo, Marco achava tudo uma baboseira e se declarou completamente ateu, uma coisa que escandalizou tanto Heloisa que ela abriu uma crise de choro e disse a ele que era por isso que as coisas não davam certo na vida dele, para ela a vida não tinha que ser normal ela precisava parecer normal e para parecer normal todos tínhamos que ter uma religião. Aos prantos ela disse que precisavam casar, pois ultrapassaram a fronteira da moral.
                        O que de fato acabou acontecendo, não há dor que resistia ao tempo, a única coisa que Marco e nem o tempo conseguiam resolver era o relacionamento entre Heloísa e Pedro.
                        Quando Pedro nasceu à mãe disse que queria que ele tivesse esse nome, Marco reclamou, queria que o filho tivesse o seu nome, Amanda disse que uma fada soprou o nome quando dormia, besteira disse Marco, fadas não existem, mas ficou o nome Pedro. Um menino original, com uma capacidade para a escrita, amoroso com a  mãe tinha muitos amigos.Gostava de ocultismo e magia, achava Heloisa uma pessoa companheira ruim para o seu pai.
                        Para complicar Pedro tinha uma mania peculiar, ele adorava bruxos, bruxas e bruxaria, colecionava coisas relacionadas a isso, fazia feitiços um deles usou o gato de Heloísa em um dos seus feitiços macabros.
                        Depois de uma atrocidade dessas, mesmo sabendo da dor do filho pela perda da mãe, Marcos teve que ter uma conversa de homem para homem com o filho.
                        -Por que isso atrai você? - Perguntou Marco.
                        -Eu tenho uma bruxa que me protege, um dia serei um bruxo – disse Pedro e completou – ela mereceu um dia você vai me dá razão pai.
                        -Mas o que você fez com o gato, será que ele mereceu? - perguntou Marco.
                        -O gato carrega uma criatura, tentei libertas da prisão, a entidade maligna esta ligada a Heloisa que tem uma espécie de pacto, ele sugou a saúde da minha mãe, acompanhava Heloísa, quando ela tiver um filho ele virá buscar esse filho, Heloísa deve muito a ele, deve uma vida – Pedro abaixou a cabeça – pai cuidado com Heloísa, ela não é o que parece.
                        -Você sabe que ela vem atrás de mim com tudo por causa do gato?– disse Marco – sabe que preciso reconstruir a minha vida, Heloisa tem seus problemas, mas já temos uma história e ela me ajudou muito, queria que você respeitasse isso, é possível? – disse Marco com lagrimas nos olhos – preciso que você entenda que...
                        -Você traiu minha mãe – gritou Pedro e repetiu – Você traiu a minha mãe com essa...
                        Pedro olhou para a porta da cozinha onde conversava com o pai, Heloísa estava parada escutando tudo, ele saiu foi para o quarto e bateu a porta.
                        -Marco, tem que dar um jeito nesse menino – disse Heloísa – ele espetou o meu gato como se fosse – ela fez o sinal da cruz -  Deus me perdoe, Jesus na cruz, e deixou um bilhete dizendo :”Que esse espírito volte para as trevas”,  o meu floco de neve, meu gatinho branco, além de morrer ele pediu que fosse para as trevas, agora quase me chama de vadia  - Marco não podia ter certeza se parte do choro não era fingido, pois não viu nenhuma lagrima, ela continuou aos berros - tem que arrumar um psiquiatra bom para esse menino, ele tem que tomar remédio, remédio forte para ficar dormindo o dia todo.
                        Isso foi há muito tempo, hoje Pedro faria quinze anos.
                        Meses depois da discussão Pedro desapareceu misteriosamente, policia trabalhou com todas as hipóteses, assassinato, sequestro, criminoso dentro e fora da família, não achou nada, interrogou todos da casa, mas chegaram à conclusão que o menino havia fugido.
                        Dois anos completos depois do desaparecimento de Pedro nasceu Nina, sua filha com Heloísa era uma menina normal, inteligente, com quatro anos já sabia ler, gostava desenho animado e quadrinhos, passou a ser a alegria da casa, por causa dela a vida mudou, Heloísa passou a fazer ginástica, ficou bonita, tinha cabelos curtos, apesar dos quarenta anos  o corpo esbelto, já não trabalhava mais como cabeleireira, o que Marco ganhava como técnico judiciário dava aos dois uma vida tranquila. Mudaram do bairro onde moravam, passaram a viver em um bairro de classe média em um sobrado antigo, com fachada colonial,  por dentro era uma casa moderna, dois andares, em cima ficava os quartos, a cozinha salão e copa em baixo, havia um piscina e atrás um pequeno jardim, sonho de consumo de todas as mulheres.
                        A rotina de Heloísa era de dona de casa, passou a fazer um curso de inglês, tinha recortes das cidades americanas, um dos sonhos de Heloísa era a filha Nina estudar e fazer faculdade nos EUA. Não tinha sonhos pessoais, Heloisa estava com quarenta anos,  todos os seus anseios foram transferidos para a filha.
                        Marco tinha uma vida simples, sem parentes por perto, a única avó que Nina tinha era a mãe de Heloísa que morava na Escócia, com uma família tão pequena a menina era totalmente dependente do pai e da mãe, porém Marco chegava do trabalho, sempre estava cansado para brincar ou ouvir o que Nina tinha a dizer, jantava  e se trancava no quarto, leitor de poesia e poeta nas horas vagas, buscava uma forma de tornar a sua vida mais atraente. Seu aspecto físico mudou de forma radical, meses anos em que ficou viúvo, havia ficado gordo, seus cabelos eram raros na frente, provavelmente logo ficaria careca, tinha uma face ainda jovem para os cinquenta e quatro anos, quando o seu joelho não doía caminhava no parque municipal para exercitar, mas odiava o exercício físico, e pensava enquanto caminhava:” perda de tempo de gente hipócrita preocupada em demasia com a saúde do corpo”.
                        O dia estava terrível, levantou antes a hora, era sábado não tinha que trabalhar, a merda é que  havia aquela festa a fantasia que Nina falou durante todo o primeiro semestre na casa de uma colega de escola, o pior que seria na casa da avó do outro lado da cidade, foi até a janela  e viu, através do vidro da janela, que era uma tempestade, sabia que teriam que atravessar a cidade para levar Nina no aniversário de sua melhor amiga, a tal festa a fantasia,  que seria as sete da noite, a cidade onde Marco mora tem severos problemas de alagamento, preocupado com os problemas de alagamento acordou Heloísa.
                        -Acha que vamos conseguir – disse Marco, - tem lugares que ficam muito alagados, está chovendo muito é ariscado sair com uma criança nesse tempo.
                        Heloísa estava seminua, pequena camisola e mais nada, antes era necessário apenas uma olhada naquele corpo para a reação ser instantânea e acabavam fazendo amor. O que não acontecia mais, pois depois do diabetes tudo mudou, no meio das pernas alguma coisa mole jazia, onde , disse o médico, devido a uma  destruição da inervação do vaso sanguíneo que enche o elemento a força propulsora foi embora, neste caso  a única forma de voltar o vigor é colocar uma armadura de plástico que na linguagem médica chamam de prótese, ou estaria acabado, além disso, Marco engordou e a sua libido caiu a zero, quase não pensava em sexo, em sua cabeça existiam outras prioridades.
                        -Meu bem, é só uma chuva, Nina falou nessa festa a semana toda,  você não podemos deixar de ir.
                        As opiniões dos dois há muito tempo já não vinham batendo, Heloísa cuidava de Nina como se fosse filha só dela e Marco, pai biológico, sempre foi  um estranho no que dizia as decisões principais da vida de Nina, tudo que Marco falava Heloisa colocava um empecilho, dizia o contrário, estranhamente Nina era mais ligada a Heloísa, na lenda urbana sobre a família  dizem que  as filhas são ligadas ao pai.
                        Uma das piores discordâncias dos dois foi quando Heloísa descobriu que Nina era hiperativa e sonâmbula, foram visitar um Neurologista midiático conhecido de Heloisa..
                        O Neurologista, escolhido por Heloísa, um homem, segundo ela capaz, pois frequentemente estava em intervistas na TV, a cara era de almofadinha, face de galã de filmes, cabelo cortado e aparado, gravata branca e jaleco impecável, caneta e óculos no bolso esquerdo. Depois de uma longa conversa usando termos técnicos, sem mais e nem menos meteu a mão no talonário azul e prescreveu um estimulante ritalina. Poucas vezes Marco ficou tão nervoso, indignado, a discordância quase levou o casal ao divorcio.
                        Na cama naquele momento não tinha paciência para discutir sobre o vai não vai ao aniversário que seria uma festa a fantasia, viu que a chuva piorou, ia tentar, mas se não passasse voltaria para casa.
                        Com água na porta do carro, chuva caia forte do lado de fora, nas calçadas os bueiros entupidos de lixo não suportavam o grande escoamento de água que caia do céu, resultado era enorme poças de água, enxurrada forte e alagados, onde carros e pessoas tinham dificuldade de passar, Marco quase  não podia ver o lado fora, o limpador de para-brisa funcionava a todo vapor, mas fora do carro a visibilidade era pequena o carro andava devagar, tanto que haviam evoluído no trajeto duas esquinas, praguejava mentalmente a falta de consideração de sua mulher e filha.
                        Heloísa terminava de fazer a maquiagem de Nina, que vestia a roupa de uma fadinha.
                        -Será que vai ter esse aniversário, não é possível, chove demais? - perguntou Marco, simplesmente para interromper o silencio – só louco sai numa chuva dessas.
                        -Não começa Marco - disse Heloísa, sem olhar para o Marido – a família quase toda mora no prédio, ninguém vai pegar chuvas, tem dez crianças prontas para brincar com Nina todas confirmadas, a chuva só vai torna tudo mais aconchegante.
                        -Tem muitos carros parado, a chuva está forte...
                        -Presta atenção no caminho, não vamos voltar, prometi isso para minha filha e vou cumpri– começou a gritar Heloísa, nestas horas sua preferência era por falar gritando, Heloisa normalmente falava alto, quando estava nervosa gritava – quer estragar o dia como faz sempre, olha para você...
                        Heloísa não conseguiu terminar de falar mesmo dirigindo devagar o Fiat siena de  Marco bateu em alguma coisa,apesar de estar distraído com toda a gritaria de Heloisa teve reflexo usou o freio do carro, sem atrito deslizou no lençol de água, a pancada foi leve mais o suficiente para derrubar uma pessoa.
                        -Deus do céu!Acho que atropelei alguém – disse Marco abrindo a do carro no meio do transito, a água entrou e a chuva molhou todos, a tempestade forte e impertinente não dava tréguas, Marco com água na altura da perna foi ver o que tinha acontecido, ficou mais apreensivo quando notou que havia atropelado uma senhora ainda estava caída no chão, usava uma capa de chuva preta e um chapéu, seu guarda-chuva tinha sido carregado pela correnteza, ele foi até ela, ajoelhou do seu lado.
                        -Como está? - disse Marco Pegando a mão da senhora e gentilmente ajudou a levantar-se no meio de toda aquela chuva, a água batia quase no joelho de Marco, mas quase atingia a cintura dela e tudo parecia deslizar por cima da água em uma corrida frenética para lugar nenhum, cadeiras, galhos de árvores, caixas colidiam com os carros parados, todo aquelas coisas movido pela forte enxurrada, o que tornava perigoso a permanência deles ali.
                        -Acho que você não viu que o sinal estava vermelho – disse a senhora – estou bem, acho que feri o meu cotovelo, foi coisa leve.
                        -Vou levá-la a um hospital – Disse Marco em meio a chuva forte suas palavras pareciam cantadas.
                        -Não, não acho que é tão grave – ela deu um passo à frente e falou bem perto dele – se quiser me ajudar pode me levar para um lugar seco, acho que perdi o meu ônibus, tenho que ligar para que o meu filho venha me buscar – disse a senhora.
                        Marco balançou a cabeça afirmativamente e disse.
                        -Estou com minha esposa e filha no carro, se não se importar pode ficar na minha casa, é o mínimo que posso fazer – ele abriu a porta do carro para que ela entrasse – conheço esse temporal do final de março, ninguém passa por essa chuva, afinal são quase oito horas da noite, acho que seu filho só conseguirá chegar aqui amanhã pela manhã, isso se a chuva der uma trégua.
                        A senhora concordando com as palavras de Marco.
                        O humor no carro que era péssimo mudou entre as duas e Marco, mudou quando a senhora entrou, tanto Nina quanto Heloísa, sempre muito educadas com estranhos, ao perceber que era uma senhora idosa com semblante simpático mudaram de atitude, até mesmo Heloisa, como uma boa samaritana,  ajudou a entrar no carro.
                        -Não posso recusar uma oferta dessas, parece que existe muito de raiva no céu hoje, para que tanta chuva, essa cidade não aquenta isso, voltamos à idade média, não é com esgoto a céu aberto quando chove – disse a senhora.
                        Quando a senhora entrou no banco de trás, junto a Nina, interessada na figura inesperada, Heloisa notou que mesmo depois de toda a chuva que pegou a senhora ainda estava elegante, com suas pulseiras colares, vestia um vestido preto, nas mãos as unhas também estavam pintadas de preto, uma coisa moderna para quem aparentava sessenta anos, a face jovial não escondia a idade, virada de lado para que pudesse ver a senhora Heloísa sorriu amarela, mas manteve o equilíbrio.
                        -A senhora está bem – disse Heloísa o chapéu horroroso no colo da senhora – Meu marido é muito desastrado.
                        -Ora querida, desastrado coisa nenhuma, ele é um cavalheiro – disse a senhora retirando o chapéu do colo e colocando no banco do carro ao seu lado, apesar do cabelo molhado pela chuva e das rugas ela parecia muito jovial, Heloisa pensou que para uma mulher de sessenta anos era bonita, a senhora olhou para a filha de Heloisa e sorriu  cutucando Nina falou – o que temos aqui? Uma fadinha da chuva.
                        Nina riu, mostrando que seus dentes de leite da frente tinham caído, uma janelinha simpática que ficaria imortalizada pelas fotos que Heloisa não para de tirar.
                        - Um sorriso encantador, meu nome é Ariadne, desculpe o transtorno familiar, mesmo com a chuva, parece que alguém ia a uma festa– olhando para Heloísa.
                        -Tudo bem, nós não conseguiríamos chegar – disse Heloísa, de certa forma conformada, Marco deu graças ao bom Deus e fez meia volta, a três quadras de casa, chegaram logo.
                        Depois de um banho e sopa quente sentaram na sala para conversar, a senhora parecia mais velha, tinha uma fisionomia cansada, Marco notou isso e perguntou.
                        -O que estava fazendo naquele temporal no meio da rua? - disse servindo um café.
                        -Sou mística, fui a uma urgência, uma menina em apuros, a mãe precisava de mim, quando eles precisam de mim eu vou – disse tomando o café.
                        Heloísa de pijama ouviu a conversa e perguntou.
                        -O que é uma mística?
                        A senhora riu e disse.
                        -Conceito difícil esse que você quer, muitos já tentaram e falharam – ela colocou a xícara na mesa de cabeceira – lido com fenômenos paranormais, espíritos, forças do mal, do bem que atormentam pessoas, como disse se alguém me chama eu vou.
                        -Se Pedro estivesse aqui ele a chamaria de Bruxa – disse Marco.
                        A senhora levantou e foi até a cômoda a frente onde ficavam os retratos, pegou o de Pedro e disse.
                        -Um belo garoto – ela limpou um pouco da poeira e recolocou o retrato no mesmo lugar.
                        Marco olhou para Heloísa ela estava dormindo no sofá, Nina estava no alto da escada, Marco se dirigiu a Nina e disse.
                        -Hora de dormir, meu bem – Nina não respondeu.
                        Marco ia falar novamente quando Ariadne interrompeu.
                        -Ele está aqui –  Senhora disse retirando a capa – e no corpo da garotinha, é uma força maligna extrema adormeceu a sua mulher.
                        -Quem – Perguntou Marco.
                        -O espírito maligno que a parse, por isso Pedro me chamou, não sabe se posso salvá-los, concentrarei os meus esforços em Nina.
                        Marco queria falar, mas Heloísa estava suspensa no ar, seu corpo flutuava, alguma força fez com que se chocasse contra a parede amassando o crânio a força do impacto esmagou o crânio de Heloísa, outro movimento arremeteu Heloísa contra a outra parede quebrando as suas pernas, inerte, porém viva ela caiu.
                        -O que está ocorrendo? - Marco finalmente conseguiu falar.
                        -Heloísa fez um pacto com essa criatura, sua oferenda foi Pedro, que foi levado a um hotel enforcado depois jogado ao mar, a criatura não ficou satisfeita e quer a filha de Heloísa.
                        Ariadne com um movimento de sua  mão envolveu Nina, a criatura , tomava o corpo da pequena Nina contorceu o corpo e depois deu um grito gutural, profundo, com uma voz masculina, adulta que nada tinha com aquela criança, olhou Ariadne, disse que desceria com ela ao inferno e começou a  falar palavrões, o ultimo movimento brusco empurrou Ariadne que caiu junto a Heloísa, Marco tentou abraçar a filha, foi empurrado bateu a cabeça que começou a sangrar.
                        Nina, tomada pela criatura, flutuava no ar, falava palavrões e fazia ameaças.
                        Pedro apareceu, estava com a mesma aparência dos nove anos, fez um gesto pedindo paz, não falou nada, levantou a mão e jogou  um punhado de pó branco que cobriu a meia irmã, uma figura negra saiu da boca da menina, Ariadne flutuou no ar e segurou Nina, Marco levantou a mão para tocar Pedro.
                        Pedro sumiu como uma chama apagada
                        -Ele desobedeceu à recomendação do Mago – disse Ariadne – coitado, passará anos em uma zona fria e escura, tudo para salvar a irmã.
                        Heloísa se mexeu, rapidamente a bruxa segurou pelo pescoço, no lugar de mão tinha garras, ela arrancou a pele do rosto de Heloísa.
                        -Meu Deus!Você é uma bruxa má? – disse Marco que estava paralisado na porta – Carreguei para minha casa uma bruxa má.
                        -Mal e Bem não são conceitos aceitos por bruxos, é o que dizem por ai, todo a bruxaria e cinza – disse a bruxa
                        Estático, parado na porta, Marco  viu a bruxa arrancar um dos olhos de Heloísa com a unha, sentindo dor astros a pobre mulher gritava. Naquele momento, Nina livre do mal, tinha lágrimas nos olhos, mas não medo.
                        Marco queria proteger a filha, a bruxa soltou Heloísa que já estava sem a pele da face e sem um olho, além disso, seu crânio esmagado destruía a capacidade de ser uma pessoa intelectualmente sã, com feridas pelo corpo, para que não ela andasse mais, as pernas de Heloísa estavam quebradas, retardada devido a leão na cabeça, com perna quebradas, seria um fardo para alguém.
                        A bruxa, em um movimento de flutuação, com a menina no colo, partiu da casa quebrando uma das janelas, Marco ainda escutou uma gargalhada.
                        -Não se preocupe Heloísa não vai morrer, você terá que cuidar dela por longos 20 anos.
JJ DE SOUZA
Enviado por JJ DE SOUZA em 11/04/2013
Reeditado em 23/04/2013
Código do texto: T4235143
Classificação de conteúdo: seguro
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