Dama de Copas: Respostas, Perguntas ou Mais Complicações

...

Tudo preparado, Lisandra nos explicou o que iria ser feito. Era bem simples, nada muito complicado parecia até mesmo brincadeira. Mas era realmente tudo muito sério, após todas as explicações acendemos as velas e unimos os feitços no meio das velas, com o recipiente de prata em cima dos feitiços.

- Tudo pronto, vamos começar. Danielle e Fabbyanne posicionem as mãos em cima do recipiente, e cortem com a faca e deixem o sangue cair dentro do recipente.

Fizemos o que Lisandra havia instruido, enquanto ela também fazia o mesmo, deixamos o sangue escorrendo para o recipiente durante alguns instantes, o suficiente para encher metade da taça.

- Podem retirar as mãos de cima da taça, e tentar estancar esse sangramento.

- É só lamber o corte, a saliva fecha mais rapido.

- Se você está dizendo...

Ainda com cara de nojo Lisandra e Fabbyanne fizeram o que eu havia falado e perceberam que o corte fechou rapidamente parecendo que nem havia sido feito.

- Ual, funcionou mesmo...

- Lisandra... O restante do ritual..

- Ah sim... Agora precisamos repetir o feitiço de união.

Ela nos passou um papel onde havia escrito um antigo feitiço, começamos a recitá-lo ao mesmo tempo...

- Hoje unimos novamente as três formas de magia. Reunimos as três descendencias, as três filhas escolhidas para cumprir sua missão. Unindo todas como uma, uma criatura com três corpos, três corpos e uma unica criatura.

No mesmo instante em que terminamos de recitar o feitiço, as velas liberaram uma chama maior, o sangue dentro da taça começou a borbulhar e surgiu mais claramente o feitiço novo na junção dos três feitiços originais.

Lisandra pegou a taça e tomou um pouco do sangue passando a taça em seguida pra Fabbyanne que também tomou um pouco do sangue e em seguida me entregou a taça e eu tomei o restante do sangue.

Imediatamente senti as emoções e os sentimentos tanto de Lisandra como de Fabbyanne percorrendo meu corpo, vi vários flashes da vida de Lisandra, e algumas coisas da vida de Fabbyanne também.

Uma onde de calor muito forte foi passando por todo o meu corpo, com se meu corpo todo estivesse em contato direto com o fogo, então a proxima coisa que eu me lembro é de ouvir a voz preocupada de Wilton me chamando.

Abri os olhos com dificuldade, parecia que cada ponto de luz na sala feria terrívelmente meus olhos, não conseguia mantê-los abertos, parecia a mesma sensação de quando havia me tornado vampira, a fome falando mais alto do que qualquer outra coisa. Olhei em volta e vi que Grayce amparava Fabbyanne enquanto Eva dava um apoio para Lisandra.

- O que aconteceu?

- Vocês três desmaiaram amor.

- Nossa que dor de cabeça que eu estou, e também estou com muita fome, parece que não me alimento faz muito tempo.

- Esse é um dos efeitos da junção...

- Eu não consigo pensar em mais nada além de sangue...

- Wilton, você pode trazer algumas garrafas de sangue pra mim e mais algumas bolsas de sangue pras meninas?

- Claro meu amor, mas tem certeza que você está bem?

- Tenho sim, só estou precisando me alimentar.

Wilton saiu da sala e foi em direção ao porão, minha cabeça girava de tanta dor que eu estava sentindo. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse sangue, me sentia igual aos primeiros dias após minha transformação. Então derrepente consegui entender, tudo o que as meninas estavam sentindo havia sido transferido para mim, por iso que eu sentia a fome de forma tão intensa.

- Como vocês estão?

- Um pouco melhor, minha fome até cedeu um pouco - respondeu Fabbyanne sorrindo.

- Tirando minha cabeça que está quase explodindo de dor o resto está tudo bem. - completou Lisandra.

- Eu acho que eu entendi o que está acontecendo, a fome é o reflexo de vocês duas que são recem transformadas, e a dor de cabeça deve ser por que nossas sensações e pensamentos estão se manifestando em todas nós.

- Ah, então isso explica porque eu tive alguns vislumbres de bailes com vestidos antigos, e penteados chiques...

- Bom, o único baile que eu estava pensando era o baile de 15 anos de minha irmã mais nova, deve ser isso que você viu Lisandra.

- Ual, os vestidos eram incríveis...

Escutei Wilton retornando do porão e minha fome cresceu exponencialmente, parecia que eu poderia atacar qualquer um ali na sala, então me dei conta de que era Fabbyanne quem estava lutando para justamente não se alimentar de Grayce.

- Grayce, acho que seria um pouco mais prudente você não ficar tão próxima à Fabbyanne nesse momento.

- Mas porque.... Opa, já entendi, mas não se preocupe, eu fiz um conjuro que se ela tentar me morder vai se queimar instantaneamente.

Nesse momento Wilton entrou na biblioteca, segurando duas garrafas de sangue e quatro bolsas de sangue, ele me entregou as garrafas e entregou duas bolsas de sangue para cada uma das garotas, que atacaram as bolsas de sangue imediatamente.

Abri uma das garrafas e fui tomando o sangue lentamente, deixando meu corpo absorver o máximo possivel que eu pudesse daquele sangue, agora mais do que nunca eu precisava me manter forte, ao que tudo indicava eu era o elo mais forte daquela união. E agora teria a responsabilidade de nos manter fortes e unidas, e precisava fortalecer Fabbyanne e Lisandra, Fabbbyanne precisava ainda mais de ajuda, tinha quase nenhuma experiência com a magia e iria necessitar ainda mais de ajuda para equilibrar tantas novidades desse jeito.

Abri a segunda garrafa e dividi para a Fabbyanne e Lisandra, elas precisavam começar a tomar sangue de vampiros, isso iria fortalece-las mais rapidamente.

- Aqui, metade pra cada uma, precisamos ir intercalando sangue humano com sangue de vampiros.

- Porque?

- É o sangue humano é tão delicioso.

- O sangue humano pode ser bom a princípio, mas o sangue de vampiros sustenta mais, e fortalece muito mais do que o sangue humano.

As duas me olharam com cara de que não tinham gostado muito da minha sugestão, então comecei a rir, eu tinha feito a mesma expressão quando Lorde de Copas me falou para começar a me alimentar de vampiros, no começo foi duro, mas depois vi que passava mais tempo sem precisar me alimentar.

- Meninas, acreditem vocês precisarão passar por isso menos vezes do que tomando sangue humano.

- Então assim eu aceito correndo.

A madrugada ia chegando ao fim, dali algumas horas iria amanhecer, eu precisava descansar, mas precisava também examinar os documentos que Eva e eu pegamos no cartório, e a curiosidade em saber quem era aquela garota estava me matando, então a teimosia venceu a razão, fui até a mesa e peguei os papeis do cartório.

- Você tem certeza que quer fazer isso agora?

- Tenho sim, eu preciso descobrir tudo o que aconteceu com minha irmã, Wilton.

- Mas porque isso agora?

Contei rapidamente o meu encontro daquela tarde enquanto Wilton me olhava espantado com o que eu falava.

- Danielle, você tem algum retrato da sua irmã?

- Tenho sim Grayce, porque?

- Você pode me mostrar?

Fui até uma das gavetas da escrivaninha e peguei um pequeno retrato que eu havia guardado ali.

- Aqui está.

- Eu conheço essa garota, Alexandra.

- Conhece?

- Sim, quando eu a conheci ela era uma das garotas do orfanato Wandervill.

- Orfanato Wandervill?

- É um orfanato que foi formado na época da primeira guerra mundial, eles abrigavam garotas que haviam perdido os pais na guerra, foi feito em uma grande propriedade rural.

- Que propriedade Grayce?

- Se eu não me engano o nome da propriedade era Blackwatter, mas o orfanato ficou conhecido como Orfanato Wnadervill por causa do nome da família que admistrava a propriedade na época.

- Era a casa da minha irmã, foi a Jane quem ficou com a casa principal da família, Mariene havia ficado com a casa em Londres, eu ficaria com essa casa aqui e a casa principal iria ficar para Jane.

- Porque sua irmã mais nova ficou com a casa principal?

- A casa principal era pra ter ficado com Mariene, mas ela não gostava da propriedade, ela amava a casa de Londres, então quando ela se casou meu pai deu de presente pra ela. Era a propriedade de menor rendimento que nós tinhamos, mas minha irmã amava aquela casa e o marido dela tinha ótimos rendimentos, ela não iria necessariamente precisar mexer nos rendimentos da propriedade para ajudar o marido, o dinheiro seria dela para poder fazer o que quisesse. Comprar vestidos, fitas, sapatos..

- Como assim? Só o fato de ela ter uma casa ela já ganhava dinheiro?

- É sim Fabbyanne, essa propriedade que ela herdou dava um rendimento nos dias de hoje de aproximadamente R$2.000.000,00 anuais.

- Uau é muita grana.

- Não era muito não, a propriedade principal da família gerava uma renda de R$ 13.000.000, 00 anuais.

- Meu Deus do céu vocês tinham muito dinheiro.

- Era um dinheiro razoável, os rendimentos totais do meu pai eram cerca de R$ 25.000.000,00 anuais, e marido da minha irmã mais velha tinha um rendimento um pouco maior, e meu futuro marido na época tinha um rendimento ainda maior.

- Era grana demais.

- De fato era, mas isso significava segurança e prosperidade para a família, era o que todas as moças que estavam em idade de se casar queriam.

- Nossa deveria ser incrível, ter tudo o que você queria, ser de uma boa família...

- Nem tudo Lisandra, tudo sempre vinha com um preço, eu precisei deixar uma pessoa que eu realmente amei porque ele não era adequado para mim, era apenas o segundo filho de um nobre, era impossível ele ganhar o título do pai e ter condições para sustentar uma família.

- Mas ele iria herdar alguma coisa, não ia?

- Sim, mas meu pai não achava que isso seria suficiente para mim. Então não me proibiu ve-lo novamente, mas nunca me esqueci dele. E ontem tive uma grande surpresa em saber que minha irmã mais nova se casou com ele.

- Sua irmã? Se casou com quem você queria se casar?

- Sim, mas ela não sabia dele, eu nunca contei o nome dele pra minha irmã. Sempre foi meu segredo.

- É por isso quis saber tudo sobre a família da sua irmã?

- Sim, e também para saber como essa garota que apareceu aqui poderia saber tanto sobre mim e sobre a minha irmã, porque ela não teria como te-la conhecido porque minha irmã morreu em 1938.

- Mas então quem é essa garota?

- Eu não sei e fiquei ainda mais preocupada quando vocês me disseram ter vistos lobos perto da propriedade.

- Mas lobos são normais existirem...

- Não aqui na propriedade Jessy, aqui nas redondezas os únicos lobos que existiam eram os guardiães.

- Guardiães?

- Sim, vocês poderiam chamá-los de Lobisomens.

- Muito bem Dama de Copas, vejo que ainda se lembra de nós...

(...CONTINUA...)

Dani Moranguinho
Enviado por Dani Moranguinho em 14/04/2013
Código do texto: T4240601
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