"Dias chuvosos*"

Oi pessoas! Como estão? Não sei se algum de vocês é aqui do Sul ou como está o tempo onde vocês moram, mas por estes lados tem chovido MUITO. Isso tem me feito pensar bastante, principalmente na minha ambivalência em relação a estes dias chuvosos. E por que ambivalência? Bom por que posso dizer que adoro e detesto dias assim, os dois ao mesmo tempo.

Adoro quando tenho a possibilidade de ficar em casa, olhando pela janela. Por que por mais que o céu fique com aquela tonalidade cinzenta, sei que o sol está lá atrás em algum ponto, descansando, pronto para voltar à “ativa” assim que as nuvens derem uma "brechinha".

Agora simplesmente detesto os dias de chuva quando tenho que sair de casa – principalmente quando tem muito vento, parece que não tem guarda chuva que dê conta, e os mínimos passos já deixam você molhada e enregelecida. Aliás, ninguém deve gostar muito não é mesmo? É bom contemplar um dia chuvoso da janela, mas as vezes ele nos surpreende na rua, e sem guarda-chuva.

Mas adoro mesmo é ver a força de uma tempestade pela janela. Isso sempre me faz pensar, antes de tudo na insignificância de nossa vontade diante da natureza. Nós, seres humanos, somos muito egocêntricos às vezes. Construímos arranha-céus, voamos em aparelhos sofisticados de metal, viajamos e exploramos o fundo dos oceanos. Construímos casas, carreiras, famílias, tanta coisa, mas basta um tapa do destino – um segundo de distração, uma chuva mais forte, um sinal amarelo avançado, um atraso de 5 minutos para sair de casa – e tudo pode ir por água abaixo (com o perdão do trocadilho ...)

Acaso, destino, carma, muitas são as explicações para estes fatos que nos atingem – assim mesmo, certas vezes como um soco, noutras até um pouco mais suave quando o inesperado é algo positivo – mas é inegável que tendemos a guardar mais as lembranças dos acontecimentos sofridos que vem nos visitar na passarela da vida.

É interessante, por exemplo, quando na clínica os pacientes começam a dar-se conta da sua responsabilidade nas agruras que os acometem, mesmo aquelas que pareciam independer completamente de sua vontade, e como eles se sentem desesperados para se livrarem disso, o mais rápido possível. Eu queria muito que existisse uma técnica, um botãozinho mágico, uma varinha de condão que resolvesse todos os problemas de todos os meus pacientes.

E é aí que entra a metáfora – a nossa vida, é tão incontrolável quanto o tempo. Sempre haverão os dias ensolarados, os chuvosos, as tempestades – algumas vezes até uns furacões. E não há como lutar contra isso. O que podemos fazer, é estar preparados para os próximos que virão, pois é isso que a vida é: uma sucessão de acontecimentos, nem sempre fáceis, com os quais aprendemos a lidar de forma mais ou menos eficaz.

A questão é parar para se perguntar: você está sabendo lidar com o tempo em sua vida? Já consegue reconhecer os sinais de que uma tempestade vem se aproximando? Consegue preparar um abrigo a tempo, para poder sair desta fase o menos atingido possível? Por que é só isso que se pode fazer, as verdadeiras tempestades, quando vem, são difíceis de lidar e, mais ainda, de serem contornadas.

Mas nunca devemos esquecer que é somente depois que a chuva passa que surgem os arco-íris, e que no fim tudo sempre dará certo. E, se não deu ainda, é por que o fim não chegou. Claro, sei muito bem que falar é extremamente fácil, mas que nas borrascas tendemos a nos sentir desamparados. Mas acredito que a vida sempre nos dá o que precisamos, e não o que queremos. E que tudo nessa vida passa, nada é eterno, mas são ciclos que se renovam constantemente.

E você? Como anda lidando com seus "dias chuvosos"?

*Publicado originalmente em: http://www.dear-book.net/2012/10/minhas-palavras-dias-chuvosos.html

Sheila Schildt
Enviado por Sheila Schildt em 03/05/2013
Código do texto: T4272106
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