O grilo maldito

Uma mulher africana estava grávida há oito meses, porém a criança era fruto de um brutal estupro, onde dois homens a obrigaram a transar dentro de um bar, presenciado por bêbados e vagabundos, e por esse motivo ela amaldiçoava o ser que gerava em seu ventre, dizendo que irá torturar o filho á troco de vingança. Era noite de lua cheia e a jovem sentia as dores do parto maldito, sangrando intensamente nas suas pernas, até a sinistra parteira caolha, arrancar o bebê do útero da mãe, sem nenhuma delicadeza humana. A velha usou uma faca para cortar o cordão umbilical que ligava os dois, causando uma infecção generalizada e a moça morre por uma hemorragia interna, mas antes de falecer, faz um pedido a senhora idosa, que torturasse a criança todos os dias e todas as noites.
A velha somente observa aquela criatura nua e suja de sangue, chorando á procura do calor da mãe, no entanto o destino dele estava traçado no coração dos africanos. Quando os raios solares aparecem no horizonte, todas as manhãs a parteira ia a cabana abandonada, onde hospedava-se a criança, que era alimentada de leite misturado com sangue animal e obrigava a beber tudo, falando que a mamãe não iria gostar de ver seu filho desobediente. Alguns anos se passaram e a criança continuava a ser torturada pela velha diabólica que resolve tirar seu tapa olho e mostrar sua terrível cicatriz, ferido por um abutre da savana. A criança nunca via a luz do sol e mal falava, pois acostumara viver nas sombras do medo e no ambiente úmido e asquerozo, cercado a todo momento por ameaças de morte. A fome era cada vez mais constante e quando se aproximava de um pão duro da parteira, ganhava um tapa no rosto e falava barbaridades de que ele era uma criatura feita por Satanás e sua mãe o desprezava das profundezas de sua alma. Sem escolha e sozinho naquela cabana sinistra, caindo aos pedaços, ele começava a comer insetos rastejantes, para saciar um pouco a sua fome, que pertubava o seu estômago, porém o ódio crescia cada vez mais pelos seres humanos e prometia matar todos de sua aldeia, um dia.
Inexplicavelmente, o garoto estava se desfigurando, sua face não era a mesma, suas unhas transformaran-se em garras, seus dentes ficaram enormes e a velha o maltratava, com espeto de ferro quente, causando um ferimento imenso em suas costas magras. Anoitece, e quando a parteira entra na casinha escura, avista a cena do menino sentado no chão, comendo mariposas e gafanhotos, assustada, e tocando seu ombro ósseo, o jovem vira-se lentamente, e descobre sua aparência monstruosa, similares aos aspectos de um inseto. Antes que pudesse reagir, a criatura demoníaca se esconde entre as sombras negras da escuridão e inicia um choro pertubador, capaz de atormentar a velha caolha, que por desespero psicológico, começa a comer os próprios dedos, arrancando sua pele envelhecida com os dentes frágeis e morre diante do garoto, dizendo que deveria ter o matado quando era menor. Foram suas últimas palavras antes de ser devorada pela criatura que estava faminta por carne humana. Na noite fria da lua cheia, a criatura sai da cabana e invade uma casa de família, onde os dois filhos dormiam tranquilamente, sonhando com os anjos, até serem acordados por um grito horrível de seus pais, ao correr até o quarto, ele avista a imagem dos corpos deles sobre a cama, cruelmente dilacerados, e iluminando o local com sua lanterna, se depara com a imagem do monstro grudado no teto do corredor, pulando em cima do menino, arrancando sua cabeça com as garras afiadas. Um homem levanta-se da cama ao amanhecer, e observa a aldeia com uma nova paisagem sanguinária, repleto de corpos espalhados por todos os lados e percebe que foi o único sobrevivente da chacina misteriosa.
Apavorado, ele corre á procura de ajuda e infelizmente não encontra ninguém, no entanto, observa de longe uma criatura estranha caminhando no sol escaldante, muito debilitado, e rosnando de dor e sofrimento. Repentinamente, caiu sobre a savana quente, observando abutres ao seu redor, esperando ser devorado pelas aves carnicentas. Nesse momento de angústia e desespero, lembra-se das torturas físicas que a velha aplicava todos os dias, por um pedido de sua falecida mãe, e não conformado com o seu destino, quis levantar-se para ser alguém na vida, porém sua história é interrompida por uma bala que atravessa o seu coração, causando um ferimento muito grave e vendo seus sonhos sendo jogados no abismo, não teve alternativa a não ser morrer estendido na areia quente e ser devorado por abutres africanos.
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 01/04/2007
Reeditado em 27/09/2016
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