'O BOM PASTOR DTRL

O dia transcorreu de forma normal, segui do meu trabalho direto para casa, como sempre fazia (só que no meio do caminho...).

Apesar de trabalhar em um renomado escritório de advocacia forense no centro da movimentada capital do rio de janeiro para ser mais exato na rua senhor dos passos numero 54 sobrado, eu odiava aquela vida de falsidades tendo que aturar os piores escroques da cidade.

Pessoas que só porque tinham dinheiro se achavam acima da lei.

Faziam todo tipo de barbaridade e depois corriam atrás dos meus patrões oferecendo rios de dinheiros para escaparem ilesos dos crimes cometidos, aquilo realmente me enojava, mas como simples secretario que era nada podia fazer a não ouvir suas queixas e marcar um horário com o advogado responsável pelo escritório.

O escritório ricamente decorado com seus moveis de mogno em estilo vitoriano talvez do século dezenove arrumado de forma meticulosa a dar uma sensação de onipotência a quem adentrasse aquele amplo recinto, não conseguia esconder a podridão, a ganância, ambição e vícios daqueles que ali entravam para tentar livrar-se de seus pecados.

Eu muitas vezes ficava a ter devaneios sentado em minha escrivaninha enquanto a sala de espera sempre abarrotada de pessoas que ficavam a sussurrar esperando a sua vez de falar com o “grande doutor Moura”.

E essa era a minha rotina às oito horas da manhã quando chegava ao escritório e começava a arrumar os arquivos e empilhar as pastas com os processos sobre a magnífica mesa de mogno do doutor Moura até cinco horas da tarde quando já mentalmente cansado eu ia arquivar todos os processos que haviam sidos deixados espalhados encima da mesa pelo maldito Moura, mas isso não levava mais de meia hora.

Como era habito meu depois de trancar as pesadas portas de madeiras do escritório eu descia as escadas com a minha habitual impaciência doido para logo chegar a minha humilde casinha que ficava situada na rua d”ouvidor bem próxima ao meu local de trabalho, para ser bem sincero minha casa ficava a dois quarteirões Dalí.

Enquanto caminhava apressadamente fumando meu cigarro pude ouvir alguém me chamando:

_Carlos,Carlos espere um minuto preciso muito falar com você!

Parei e lentamente me virei para trás a fim de ver quem me chamava.

Ao ver aquela figura corpulenta de cor parda vestida com o seu terno negro surrado parecendo um imenso abutre que nervosamente gesticulava me chamando, não consegui segurar a ânsia que tive e vomitei ali mesmo.

_Caramba, Carlos o que aconteceu você está doente?Perguntou o pastor Joel enquanto caminhava com certa dificuldade por causa do seu corpo avantajado da porta de sua luxuosa igreja “evangélica” até aonde eu estava.

_Não, é nada não e só uma leve indisposição!Respondi tentando disfarçar o asco que sentia pela aquela figura hedionda.

_Meu amado estou precisando muito falar com você em particular!Enquanto aquele monstro falava meu pensamento vagava por um tempo passado não muito distante.

Lembrava-me de certo dia quando ele adentrou de forma brusca o escritório do doutor Moura querendo uma consulta.

Como o homem parecia estar com o diabo no corpo perguntei o seu nome fui logo falando:

_Calma vou avisar ao doutor que o senhor está aqui, e logo ele irá vê-lo.

Assim o fiz, entrei na sala do doutor Moura que estava sentado em sua cadeira atrás da sua escrivaninha e o avisei que tinha uma pessoa de nome Joel querendo vê-lo.

_O Joel está aqui?_Mande o entrar agora mesmo!Disse-me o advogado em um tom autoritário com seu rosto magrelo tendo certos espasmos musculares que lhe eram peculiares.

_Pode entrar senhor Joel o doutor lhe aguarda!Eu disse enquanto abria a porta do gabinete para que ele pudesse adentrar o recinto.

_Pode me chamar de pastor meu irmão!Respondeu-me enquanto sentava confortável cadeira que havia enfrente a escrivaninha do doutor Moura.

_Pode ir agora Carlos, se precisar eu lhe chamo!Disse o doutor Mouro Quase me expulsando da sala.

Aquilo havia me deixado intrigado, o doutor nunca tinha agido de maneira rude comigo.

Para ser bem sincero ele era até muito amável.

Por esse motivo eu decidi dar uma investigada sobre esse tal Pastor.

Abri o arquivo ao lado de minha mesa onde ficavam todos os processos a fim de achar algo sobre este dito “PASTOR”.

Até que foi fácil encontrar o processo com os dados desde dito pastor,mas ao abri-la qual não foi a minha surpresa ao ler o que nela estava escrito(era algo que me deixou completamente enojado).

E agora eu estava ali com aquele monstro na minha frente dizendo que precisava falar comigo.

_O quê você precisa tanto falar comigo?Perguntei fingindo surpresa.

_Sabe amigo e que depois que passei a ser um servo fiel do senhor que comecei a andar na presença do espírito santo o diabo tem lançado setas em minha direção!Disse o pastor enquanto me guiava ao interior de sua igreja.

_Como assim?Perguntei fazendo de conta que nada sabia sobre os crimes cometidos por aquele homem.

_Sabe irmãozinho abençoado, eu quando era do mundo e servia a satanás tudo ia as mil maravilhas para mim,mas depois que decidi seguir a cristo,depois da morte da velha criatura tudo mudou para pior o inimigo para me derrubar começou a lançar intrigas sobre a minha vida!Disse o pastor em tom de lamento.

_É mesmo?Perguntei em tom irônico querendo ver aonde ele iria para com toda aquela conversa mole.

_É, sim e você não sabe do pior eu estou sendo acusado de uns crimes bárbaros!Disse o pastor enquanto nos sentávamos em uns bancos de madeiras que ficavam enfrente ao púlpito que ele costumava toda noite pregar em seus cultos.

Enquanto ele falava algo de estranho aconteceu, um barulho vindo da porta da igreja me chamou atenção me virei para olhar mais não tinha nada, para ser bem sincero dentro daquele local só havia eu e o maldito pastor.

Ele continuava falando e eu nada escutava, pois agora os barulhos que ouvia eram de crianças brincando dentro da igreja.

Eu olhava incomodado por todo o local procurando pela fonte daquela algazarra, mas nada via só ouvia e agora sentia a presença de algumas crianças conosco.

_Então meu irmão poderia fazer esse favor para mim?Perguntou o pastor ansioso.

Nesse momento uma criança de uns Quatro anos de idade passou correndo atrás do pastor.

_Então irmão qual é a sua resposta?Tornou a me perguntar o pastor.

_Desculpe a minha falta de atenção, qual era o favor mesmo?Perguntei.

_Era só para você procurar saber com o doutor Moura como está o andamento do meu processo e...!

De repente algo de inusitado aconteceu os barulhos que antes eu havia escutado agora estavam mais altos pareciam gritos, varias crianças com idades entre quatro a cinco anos entraram correndo na igreja fazendo a maior algazarra algumas até cercavam o pastor.

O pior que só eu conseguia ouvir e ver aquelas crianças, aquele líder evangelista intolerante ladrão, corrupto não conseguia ouvir os gritos, pedindo justiça daquelas pobres crianças.

Aquilo já estava me enlouquecendo.

As crianças não paravam de apontar seus dedos cadavéricos em direção ao pastor.

_Queremos justiça, queremos justiça!!!Gritavam as crianças que mais pareciam miniaturas de monstros, com seus rostos deformados.

Aquilo ia me enlouquecendo aos poucos, as crianças monstro pedindo justiça e aquele falastrão perguntando se eu podia ajudar para saber noticias sobre o seu processo.

Como um raio de luz que ilumina um quarto escuro, uma lembrança despontou na minha cabeça conturbada;

As fotos anexadas no processo do pastor das crianças que ele havia estrupado e assassinado ao todo umas quatorze, surgiram na minha mente como uma fotografia instantânea.

Aquela balburdia estava me deixando aturdido o pastor falando, as crianças gritando por justiça a minha cabeça girando.

Os meus músculos começavam a doer, minha cabeça estava a latejar os meus ossos pareciam estar encolhendo tamanho era a dor que sentia naquele momento.

Eu, um homem de um metro e noventa centímetros de altura e pesando mais de noventa quilos sentia como se estivesse diminuindo de altura era como se houve um peso nas minhas costas.

As crianças rodeavam o pastor, cravavam suas unhas na carne dele.

_Meu deus como é possível este homem não sentir nem um pouco de dor!Pensei admirado comigo mesmo.

Uma das crianças que estava com suas unhas cravada na carne do pastor virou o rosto lentamente em minha direção e me encarou com seus olhos negros, sorriu com seus dentes podres e pontiagudos.

Só havia uma coisa a fazer, puxei o meu punhal que sempre trazia na minha cintura para poder abrir a correspondência do doutor Moura,encarei aquele pequeno demônio nos olhos certo do que deveria fazer.

Empunhei o meu punhal com a minha mão direita e acertei em cheio no seu coração.

O maldito pastor não teve tempo nem de reagir caiu morto logo com a primeira facada que lhe dei as outras vinte estocadas que ele recebeu, foram para ter certeza que aquele ser bestial tinha morrido realmente, ali no pé do púlpito onde ele hipocritamente pregava o evangelho.

As crianças que aquele maldito conseguiu corromper agora poderiam descansar em paz!

E, eu depois de ter certeza que ele estava morto virei às costas e fui para casa ter meu merecido descanso depois de um dia exaustivo de trabalho, deixando aquele porco caído em meio a uma enorme poça de sangue.

Caro amigo Sidney espero que goste da estória.

Um abraço e obrigado pelo convite para participar desta maravilhosa confraternização.

Antonio C B Filho
Enviado por Antonio C B Filho em 09/07/2013
Reeditado em 10/07/2013
Código do texto: T4379387
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.