O soco a atingiu no momento em que gritou que não o queria mais. Sua cabeça bateu na parede, e ela perdeu os sentidos. Impassível ele saiu para a rua, sem se preocupar com a companheira e nem com as duas filhas pequenas, que assistiram a cena de violência.                                            Sergio e Helena se conheceram em uma festa. Apaixonaram-se e em pouco tempo decidiram viver juntos. Durante cinco anos tudo correu bem. O nascimento da segunda filha porem, deu inicio as brigas. Sergio não aceitava o fato de a menina ter a pele mais clara, já que ele e a esposa eram escuros. Mesmo sabendo que a avó materna da criança era branca, ele acreditava ter sido traído. As discursões se tornaram constantes, e passaram a vir acompanhadas de agressões por parte dele. Depois da última briga na qual acabou desmaiada, Helena saiu de casa com as filhas. Alugou um pequeno barracão na mesma cidade, porem em um bairro afastado da casa do marido. Sergio descobriu o seu paradeiro e implorou para que ela voltasse a viver com ele. Helena ainda o amava, mas não queria voltar para o companheiro. Prometeu visita-lo de vez enquanto para matar saudades. Durante algum tempo ela cumpriu a promessa. Deixava as filhas com sua mãe e passava sábado e domingo com Sergio. Porem algo veio mudar essa situação. Helena conheceu e se apaixonou por outro homem. Foi sincera com o ex marido, e disse que não iria mais visita-lo. Rancoroso ele a jurou de morte, e em uma madrugada invadiu a casa de Helena e a degolou. Após o assassinato ele fugiu da cidade. As duas meninas passaram a morar com a avó, e a fazer tratamento psicológico, já que presenciaram a morte da mãe.                      O barracão onde Helena morou, foi alugado algumas vezes, mas ninguém permanecia por muito tempo. Gemidos de dor, e choro eram ouvidos. Objetos eram derrubados, moveis arrastados, torneiras abertas, televisão e radio ligados durante a madrugada. Apavorando os ocupantes. Alguns relataram ter sentido a presença da morta na casa, e escutado pedidos de socorro.                                 Em outra cidade Sergio com a ajuda da família recomeçou sua vida. Voltou a trabalhar como pedreiro e se casou de novo. Quase todas as noites, tinha pesadelos com a mulher que matara. Helena lhe aparecia com a cabeça tombada expondo um horrível corte no pescoço. Ela nada dizia, mas sorria e fazia sinal para que a seguisse. Sergio acordava gritando, e a esposa que nada sabia do seu passado, cuidava dele com carinho. Foi então que as visões começaram. Ele passou a ver a mulher mesmo acordado. Às vezes estava em uma obra, quando a via surgir ao seu lado sorrindo e acenando. Sergio contava para os familiares, mas eles acreditavam que era fruto da sua imaginação. Uma tarde quando trabalhava em cima de um andaime muito alto, um barulho chamou sua atenção. Ao olhar para baixo ele viu Helena fazendo sinal para que ele pulasse. Recordando de que sua mãe dissera que a mulher não era real, ele a ignorou e continuou seu trabalho. Minutos depois sentiu que alguém estava ao seu lado, e ao virar a cabeça deparou com o fantasma. A mulher trazia a cabeça nas mãos e lhe oferecia. Sergio foi se afastando, se afastando, até que seus pés alcançaram apenas o vazio. Os dois rapazes que trabalhavam dois andares abaixo, Ouviram seu grito de pavor, viram seu corpo cair e colidir violentamente com o piso cimentado.