Ladrão de Olhos

2 horas antes

- Alô, como posso lhe ajudar? – perguntou sem receber resposta, o telefone chiou e logo em seguida a ligação caiu.

Ali no departamento de policia era comum crianças passando trote.

Então Érica não deu a menor importância, logo acabaria seu expediente e não seria mais problema seu.

2 horas depois

Talita fazia o mesmo trajeto que sempre pegava de volta para casa depois de um dia cansativo de trabalho.

Havia alugado uma casa que ficava distante da cidade, porém o aluguel era barato então não tinha do que reclamar.

O vento assoviava atrás de si, balançando os galhos das árvores, era um dia frio típico do inverno.

Logo mais a sua frente viu uma figura vindo em sua direção, tomando um susto.

Ao se aproximar viu que era uma moça que estava bastante ferida, o maior ferimento ela escondia com a mão o qual ficava no olho esquerdo.

- Por favor eu preciso de ajuda...

- O que houve com você? – não respondeu, apenas olhava para todos os lados apavorada .

2 horas antes

Seus cabelos loiros lhe ricocheteavam o rosto, o ar gelado deixou sua face fria.

Alguns passos mais a frente e viu uma silhueta surgir de um beco, a mesma silhueta que estava a segui-la nos últimos dias.

Nunca via quem era então apelidou a tal pessoa de “a silhueta”, pois era somente o que via (a silhueta de alguém).

Passou reto sem dar importância, faltavam apenas 5 (cinco) quadras até chegar em casa e mesmo que achasse aquilo estranho tentava não pensar bobagens.

Apressou seus passos, os passos atrás dela também, escutou a respiração pesada, sentiu medo queria correr.

Algo dizia que alguma coisa estava errada naquela noite, e que o certo mesmo era correr, e foi o que fez correu sem nem olhar para trás.

Na correria pensou em ligar para policia, pegou seu celular e discou o número. Na distração tropeçou no meio fio.

- Alô, como posso lhe... – foi a única coisa que ouviu antes de derrubar o celular no chão e cair raspando os joelhos.

Sentiu uma dor aguda na nuca, haviam batido com algo em sua cabeça. Sua vista escureceu.

2 horas depois

- Então pode me contar como tudo aconteceu desde o inicio? – olhou atenta para o semblante da moça – senhorita... – folheou a ficha – Bianca? – não obteve respostas.

A moça catatônica apenas olhava para a parede branca do hospital. Carolina se aproximou da janela, a penumbra da noite já havia caído, sabia que não conseguiria nenhum depoimento da tal moça.

Saiu do cômodo deixando Bianca sozinha, no extenso corredor do hospital encontrou Talita encostada na parede.

- Como ela esta?

- Tiveram que dar morfina ou ela não aguentaria de dor.

- Ela disse alguma coisa?

- Não, por hoje não conseguiremos nenhum depoimento dela. Mas amanhã ela já estará bem melhor.

- O que eu faço?

- Dê o seu depoimento na delegacia, e depois um policial te levará para casa.

Após ter dado o depoimento na delegacia e falado tudo desde o inicio de como, onde e quando havia encontrado Bianca, Talita foi levada para casa.

Estava exausta apenas chegou e foi direto tomar uma ducha.

Sua mente ainda a lembrava do rosto ensanguentado da moça que havia encontrado, lhe trazendo sensações desagradáveis.

Enrolou a toalha no corpo indo checar o relógio, que marcavam 3:25 (três e vinte e cinco) da madrugada.

Após secar-se vestiu seu pijama, apagou as luzes do quarto e se deitou.

A única luz que clareava o cômodo vinha da janela aberta que ficava perto da cabeceira da cama, o sono veio e com ele os pesadelos.

2 horas antes

Ao acordar Bianca constatou que estava em uma sala mal iluminada, amordaçada e amarrada a uma mesa.

Não estava mais com suas roupas, apenas com um vestido branco que ia até os joelhos e descalça.

Na direção de seus pés havia uma porta, a qual escutou sendo destrancada, viu a maçaneta girar e a silhueta entrar, a tal pessoa apertou o interruptor acendendo o foco que iluminou todo o cômodo.

Bianca pode ver melhor onde se encontrava, parecia uma sala de cirurgia, pode ver a pessoa que vinha a lhe seguir todas as noites.

Era um homem que parecia ter por volta de uns 30 (trinta) anos, era alto, usava uma mascara no rosto parecida com a que os médicos usam, podendo ver seus olhos.

O homem se aproximou bem perto de seu rosto, empunhou um bisturi, com os dedos abriu mais o olho esquerdo de Bianca fazendo-o arregalar.

E num movimento rápido enfiou a lâmina do bisturi em seu olho, arrancando seu globo ocular.

A dor que sentira era impossível de descrevê-la, lágrimas saíram do único olho que lhe restara, Bianca apenas se retorcia naquela mesa sem poder gritar.

O homem estava maravilhado com o olho de Bianca em sua mão, era como se estivesse vendo a mais linda obra-prima, saiu do cômodo deixando Bianca sozinha.

E ali Bianca viu sua chance de sair viva daquele lugar, se é que havia alguma chance, uma de suas mãos estava mal amarrada não era difícil desfazer o nó, e assim conseguiu.

Desamarrou a outra mão, seus pés e tirou a mordaça de sua boca, o sangue se esvaia pelo buraco negro onde antes ficava seu olho.

Seus pés encontraram o piso gelado, tendo dificuldades em manter-se de pé, caminhou lenta até aquela mesma porta por onde o carniceiro havia entrado, encontrando um corredor escuro e no fim dele uma escada.

Ao descer a escada se encontrou em uma sala, e ao lado de um sofá velho e empoeirado havia uma porta aberta onde podia se ver iluminação e barulhos, e lá dentro deveria estar o tal homem.

Do outro lado do cômodo havia mais uma porta, e mais que rápido caminhou até lá, constatando a porta trancada.

- Esta deve ser a porta de entrada – pensou consigo.

Ao virar as costas viu que havia mais uma porta naquele cômodo, ao abri-la encontrou um pequeno banheiro onde havia uma pequena janela aberta.

O único lugar que poderia fugir seria por aquela janela, atrás de si escutou passos subindo a escada, e então tentou passar por aquela pequena janela quase ficando entalada mesmo assim conseguiu.

Cambaleando caminhou por aquela rua deserta não fazendo a mínima ideia de que lugar seria aquele, logo a sua frente viu alguém se aproximando.

- Por favor me ajuda...

- O que houve com você?

Manhã seguinte

-Pai, como está o céu hoje? - perguntou a menina enquanto balançava os pés.

-Azul - respondeu o pai

O homem todos os dias pela manhã levava sua pequena Larissa ao parque, sentavam-se em qualquer banco e por ali ficavam alguns minutos.

Mesmo que Larissa não pudesse ver, sentia a brisa do vento acariciar sua face, era uma ótima sensação.

-Temos que ir - disse o pai já se levantando do banco.

-Mas já? - não obtendo respostas sabia que aquilo significava um sim.

A menina se levantou com dificuldades, apoiou uma mão no banco e a outra tateava o ar tentando encontrar a mão de seu pai.

-Pai? Pai?

-Diga Larissa? - perguntou o pai logo pegando na mão da menina, que soltou um suspiro de alívio.

A menina havia nascido cega era loirinha e mirradinha estava com seus 9 anos.

Seu pai diferente de sua filha, tinha a imagem de um homem forte que colocava medo em qualquer um.

Cuidou de Larissa sozinho, a mãe da criança havia morrido na sala de parto por negligencia do hospital que logo após um tempo se fechou.

O homem sempre estava a cuidar bastante da menina, sabia que a vida para ela não seria fácil.

O bairro onde moram era pequeno e distante da cidade, sua casa era simples, não era rico, mas nunca havia faltado comida na mesa.

A cidade toda estava inquieta com as noticias que saiam nos noticiários e jornais, sobre o mais novo serial killer “ladrão de olhos”.

Guilherme não se preocupava com as notícias afinal ninguém iria achar beleza nos olhos brancos de Larissa.

Delegacia

A policial Carolina já não sabia mais o que fazer, já era a terceira vítima do ladrão de olhos porem Bianca por sorte havia conseguido sair viva.

-Carol conseguiu algo?- perguntou o delegado Roberto

-Não.

-Já lhe disse, deixe um investigador cuidar do caso.

-Calma. Roberto eu vou conseguir, ainda vou.

-Seria mais útil se deixasse alguém competente cuidar do caso - Roberto saiu bufando do cômodo.

Pegou um cartão que havia na gaveta discando os números que estavam nele, iria fazer o que achava certo.

Carolina nunca havia conseguido concluir um caso tão grande como aquele, então o melhor seria chamar alguém que estivesse acostumado com casos como aquele.

- Investigador Bruno?

Hospital

Após acordar Bianca ainda não acreditava no que havia lhe acontecido na ultima noite, queria que tudo aquilo fosse apenas fosse um pesadelo.

Levantou-se da cama, lenta caminhou até a janela. Do outro lado da rua avistou ele... a silhueta não desistiria de seu outro olho. Abriu um sorriso macabro.

Continua...

Jessica Alana
Enviado por Jessica Alana em 12/07/2013
Código do texto: T4383728
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