O gato

Sempre tive vontade de ter um gato preto. Desde moleque. Mas nunca tive essa oportunidade.

O tempo foi passando e quando eu já era adulto já tinah até esquecido desse meu desejo.

Mas em uma noite de chuva, quando eu voltava para casa no final da noite, nem sei bem porque mas esse pensamento me voltou à mente. Um gato preto.

Desci do ônibus no ponto próximo de onde eu morava. Sozinho em um apartamento de quarto e cozinha, que também fazia as vezes de sala.

A chuva já estava bem fina, mas achei melhor abrir o guarda chuva. A rua estava deserta, devido ao horário e ao tempo chuvoso. Segui caminhando pela calçada, encharcada e toda empoçada.

A iluminação era fraca. Foi quando o vi.

Encolhido em um beco. Imóvel. Os olhos fixos em mim. Era um filhote ainda.

Parei e fiquei olhando para ele. Ao notar que eu estava olhando para ele, se levantou e veio caminhando em minha direção, miando. Um miado triste, melancólico, como se me pedisse para levá-lo para minha casa.

Imediatamente me abaixei e o peguei.

Ele se aninhou em meus braços como se fosse uma extensão de meu corpo.

Ajeite-o no calor de meu casaco e continuei minha caminhada até meu apartamento.

Ao entrar em casa e acender a luz da sala tive um susto. O gatinho não tinha um olho, provavelmente já havia nascido assim. Mas isso o deixava com uma aparência bizarra. Quase assustadora.

Coloquei um pires de leite depois de enxugá-lo com uma toalha.

Tomei um banho e fui dormir. Acordei de madrugada ao senti-lo subir em minha cama e se deitar ao meu lado.

Cobri-o e dormi ouvindo seu ronronar.

Ao acordar percebi algo estranho. O gatinho parecia estar bem maior do que quando o peguei na rua.

Talvez fosse só impressão minha. Me troquei e fui para o trabalho. deixei leite, água e ração para gatos, que comprei logo pela manhã antes de ir ao trabalho.

O gato me olhou com uma cara triste, mas eu precisava ir.

O dia transcorreu sem problemas, mas ao voltar para casa, notei que o gato não estava em casa. Nem sinal dele.

Os vizinhos não o viram. Nada.

Foi então que percebi que havia deixado uma janela semi aberta para entrar ventilação.

Mas...o espaço era pequeno, não seria possível ele ter saído por lá.

Bem, pensei, talves ele volte. Me aprontei e fui para um curos que fazia.

Fiquei preocupado, pensando onde e como o gato teria saido de casa.

Ao retornar para casa, lá estava ele novamente no mesmo beco, mas parecia maior. mas sem dúvidas era ele, reconheci pelo olho que faltava.

Ele caminhou em minha direção, e percebi que havia algo em sua boca.

Quando chegou mais próximo, pude ver que era um pequeno pássaro.

Um sentimento de aversão tomou conta de mim.

Ele como se notando minha reação, virou se e deixou a ave sem vida no chão.

E em um segundo estava aninhado em meus braços. E mecanicamente o levei para casa.

Um pensamento veio em minha mente: Porque preciso de um gato preto?

Como se lesse meus pensamentos, o gato soltou um miado assustador e me encarou.

Alisei sua cabeça e continuei a caminhar.

Logo chegamos em casa. Coloquei o no chão, executei algumas tarefa e foi para meu quarto. Fechei a porta.

Aquele gato estava me dando medo.

Pela manhã, ao acordar, quase tive um infarto, o gato...

Estava na minha cama ao meu lado. Imediatamente olhei para a porta. Estava aberta. Não sei como ele fez isso, só sei que fez.

Segui minha rotina normal, ia ao trabalho, voltava, ele estava lá, eu ia ao curso, voltava e ele estava lá.

Não mais fugiu. Não até determnado dia em que cheguei e não o encontrei, procurei por vários dias e nada.

Sempre quando retornava para casa à noite, via pedaços de pásaros no beco onde o encontrei.

Não sei porque mas desconfiava que eram suas vítimas.

Numa noite chuvosa, ele estava lá novamente, mas estava bem maior, era um gato adulto agora.

Ficou parado me olhando. Chamei-o e por um tempo ficou me olhando. Parecia esta com medo ou algo parecido.

Por fim se levantou e veio em minha direção, mas agora, um gato adulto, se dispôs apenas a me seguir.

Percebi que estava meio machucado e tinnha marcas de sangue pelo corpo.

Isso me fez sentir desconfortável. Seguimos lado a lado.

Ao entrar em casa e acender a luz, puder constatar que ele realmente estava machucado e sujo de sangue, principalmente sua boca. Teria lutado com outro animal? Pensei.

Pela manhã, a mesma rotina.

Fui para o trabalho, e tive uma surpresa. Me contaram que uma jovem havia sido assassina de forma brutal próximo de oneu morava. Eu não sabia de nada.

Mas as características me levavam a crer que o gato havia feito isso.

Outros sumiços mais e eu o encontrava no mesmo beco e o levava para casa.

Estava me sentindo cúmplice de algo errado que o gato estava fazendo.

Até que um dia voltei para casa e lá estava aquela coisa. Sobre o sofá da sala.

Não queria acreditar no que via, mas era real. Estava lá.

Uma mão feminina toda ensanguentada e sangrando. Ainda parecia quente.

O gato sentado ao lado olhando fixamente para mim.

Desafiador, como se me dissesse:

Você não queria um gato preto?

Estou aqui. Sou seu.

Sim, eu queria um gato preto. Era meu e não tinha como me livrar dele.

O que não contei a vocês é que o encontrei bem em beco em frente ao cemitério da cidade e que ao encontrá-lo dei lhe o nome de satanás.

Tenho tentado fugir dele, me mudando constantemente.

Mas de nada adianta. Ele sempre me alcança.

O gato preto que eu sempre quis ter.

Sempre até o encontrar.

Paulo Sutto
Enviado por Paulo Sutto em 28/07/2013
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