Ônibus Escolar...

"Que horror!", pessoas expressavam o sentimento de dor através de breves palavras, enquanto alguns pais choravam por cima do corpo de seus filhos. Filhos que ainda não haviam nem entrado na fase da puberdade. Crianças de seis a nove anos predominavam os assentos do ônibus. Chamavam o motorista de assassino e tentavam chutar a cara do pobre coitado que se encontrava preso às ferragens. Eu assistia à cena, quieta; imóvel. Meu carro estava no acostamento e eu estava encostada nele. Para mim é normal, acidentes acontecem. Vinte e dois anos de estrada me serviram para algo.

Braços e pernas das crianças estavam espalhados pela estrada. Todos chocaram-se com o que houve. De dezenove crianças, duas sobreviveram. A cidade já estava oficialmente de luto. Aquele ambiente já não me fazia bem. Tantos choros e gritarias não faziam bem para minha cabeça, principalmente quando o perito chegou e pegou a cabeça da única menina que estava dentro do ônibus na mão. Seu corpo havia sido estraçalhado na hora da batida. A pista estava repleta de restos mortais das crianças. A quantidade de curiosos era grande, o que me irritava mais ainda. Peguei meu carro e saí daquele lugar de gente baixa, que só sabia gritar, como se alguma criança fosse reviver por causa daquele escândalo!

Nem eu que provoquei o acidente e matei minha filha estava tão descontrolada a ponto de gritar...

Maiah
Enviado por Maiah em 05/08/2013
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