Uma infância destruída

O pobre garoto não parava de chorar. Que pena, não é fácil quando se perde a mãe com apenas oito anos de idade. Ele não sabia o que havia acontecido, seu pai tentava lhe acalmar dizendo que mamãe havia se mudado, mas ele próprio sabia que era mentira. Sua mãe acabaria de ser esquartejada e jogada no meio da BR-316. Quem poderia fazer uma loucura dessas? Alfredo sabia que sua mulher nunca foi de se envolver em confusões nenhumas. Ao contrário. Era a mãe que todos os garotos sonhavam em ter, mas só Gustavo teve esse privilégio. Ela chegava do trabalho e via a garotada brincando na rua esburacada toda suja e com os chinelos arrebentados. Sua família era bem rica, haviam herdado uma herança do pai de Márcia antes de morrer aos 98 anos de idade. Saia do trabalho e parava em uma distribuidora de doces comprando pacotes para dar as crianças.Trazia doces e mais doces para a festa de todos e quando possível sempre doava os chinelos de Gustavo para os pobres garotos. Eles próprios lhe agradeciam com um imenso beijo na bochecha deixando-a toda suja de suor, mas ela adorava. Só pelo fato de estar ajudando essas crianças já alegrava seu coração frágil e humilde de felicidade.

E agora? O que será dos garotos sem Márcia por perto, ou melhor, o que será de Gustavo? Seu pai não poderia esconder isso do filho. Mais cedo ou mais tarde teria de falar e sabia disso, mas esperou ele crescer e endurecer um pouco.

Dez anos se passaram...

Alfredo logo arrumou outra mulher. Seu nome era Sofia, vinha de família humilde e de tradição. Os dois conversaram na sala a chegaram a uma exata conclusão:

- Meu amor, precisamos contar o que aconteceu de verdade para Gustavo, já está com 18 anos completo a precisa saber tudo.

- Concordo plenamente, mas cuidado querido, ele pode não reagir bem.

Gustavo estava no quarto pensando em sua mãe. Praticamente nesses dez anos desde que Márcia morreu Gustavo sempre chorou todas as noites pensando onde ela estaria aliás, foi isso que seu pai disse. Que apenas havia se mudado. Gustavo parecia escutar vozes de sua mãe, querendo lhe dizer alguma coisa, mas ele não ouvia direito. Quando foi chamado por Alfredo e Sofia logo desceu.

- Diga pai?

- Filho, sente ai. Preciso te dizer uma coisa que está me sufocando a dez anos.

- Mais então me diga.

- Sua mãe Márcia, quando lhe disse que havia se mudado, ela não se mudou.

- O que quer dizer com isso?

- Quero dizer que ela morreu filho, foi esquartejada e deixada na BR. Não sabemos quem ou o que fez isso, os policias procuraram por todas as provas possíveis, mas nada encontrado. Você precisava saber disso e mais uma vez sinto muito pela sua mãe, nós dois não queríamos que isso acontecesse, mas já que aconteceu...

Alfredo agarrou Sofia beijando-a intensamente esquecendo por completo da historia. Gustavo sentiu um rancor muito grande e subiu até seu quarto batendo a porta.

- Querido, acho que ele não reagiu muito bem.

- Logo ele esquecerá toda essa história e estará novo em folha.

Naquela noite os dois fizeram amor loucamente...

Pela manhã Gustavo acordou para comer, mas sentiu um forte cheiro de sangue pela casa toda. Olhou todos os cômodos em busca de uma pista, mas nada. Foi até a garagem e não viu o carro de Alfredo, então resolveu se esconder e aguardar a chegada do pai. Alfredo chegou e trouxe contigo outros dois rapazes.

- Se livraram do corpo?

- Sim patrão, ninguém nunca irá descobrir.

- Perfeito. Quero que saiam de minha casa agora!

- Epa, um minuto, cadê o nosso dinheiro?

- Não tenho dinheiro algum, demoraram muito para realizar o serviço. Se quiserem da próxima vez, realizem as coisas no tempo que eu disser.

- Não irei sair daqui sem tirar essa grana do seu bolso. Pagou-me uma fortuna quando comi a vagabunda da sua mulher e depois a esquartejei sem deixar rastros. Fiz a mesma coisa agora, sem pistas, sem provas.

- Bom, pensando por este lado vocês foram muito eficientes e acho que merecem suas granas, vamos entrar lá dentro e já acertaremos isso.

Gustavo ficou chocado. Seu pai pagava pessoas para matar. Um verdadeiro louco!

- Querem um gole de vinho enquanto discutimos rapazes?

- Quem não aceitaria uma provada desse vinho maravilhoso patrão!

Enquanto os três tomavam o vinho Gustavo bolava alguma coisa para se livrar deles.

- Patrão, quando pegaremos o pequeno? Já foi a mãe e a madrasta agora só falta o filho.

- Não sei, isso é um caso a parte. Venham até meu quarto para receberem suas recompensas.

Gustavo acompanhava tudo escondido, assim que os três entraram abriu uma frecha e pode ver tudo o que estava acontecendo. Não se passaram dez segundos e Alfredo Esfaqueou os dois fazendo jorrar sangue pelo quarto todo, o cheiro se alastrou pela casa rapidamente trazendo um odor horrível. Gustavo após ver a cena tremeu e saiu correndo, Alfredo ouviu passos vindos do corredor e saiu a procura.

- Vamos filhão, pare com esse jogo bobo. Venha aqui para o papai lhe dar um abraço!

- Você é um monstro!!!

Gustavo bate com a frigideira sobre sua nuca fazendo o mesmo desmaiar, logo depois ligou para polícia relatando tudo o que havia acontecido.

Alfredo de Moraes era procurado por pagar psicopatas para matar. Depois de 20 anos, a busca estava completa. Gustavo recebeu uma recompensa no valor de 20 mil reais. Com o dinheiro pagou sua faculdade e se formou. Logo formou uma família e começou uma nova vida.

Rafael Fernando Cibi
Enviado por Rafael Fernando Cibi em 16/08/2013
Código do texto: T4437421
Classificação de conteúdo: seguro