PEQUENOS DEMONIOS

Já passava da meia noite e toda a família estava acordada, também pudera depois de tudo que eles passaram eu também ficaria.

Devo começar a narrar a estória desde o começo...

Não passava das oito da manhã e o sol ia alto ao horizonte, o opala vermelho acabara de passar pelo velho portão de ferro com arabescos, a família silva se encontrava feliz por sua mais nova aquisição. Um imóvel centenário que há muitos anos se encontrava abandonado apesar de seu bom estado.

Dentro do carro estava Carlos um sujeito boa praça, brincalhão até demais, mas viciado em trabalho

Ao seu lado estava sua esposa Carine, uma mulher arrogante prepotente dominadora enfim alguém que só se preocupava com ela mesma.

No banco de traseiro estava sua filha: A pequena Rose uma menina de aproximadamente sete anos tipicamente calada, que possuía o tempo todo em sua mão uma boneca de pano que parecia ser sua única “amiga”.

Ao chegar a casa se deparam com uma enorme mansão antiga, apesar de sua fachada estar castigada pelo tempo, por dentro era bem luxuosa... A família estava feliz.

Dentro da casa o Carlos ficou impressionado com o lustre da sala (pois era um lustre centenário trabalhado todo em cristal, devia valer uma fortuna) Carine como sempre perdida em seus pensamentos.

Nos fundos de sua casa havia um enorme quintal, um grande Pé de carvalho plantado, em sua volta Havia um viveiro com alguns pássaros que misteriosamente eram cuidados por alguém.

A janela do quarto de rose dava de frente para o viveiro, com o passar dos dias a menina fazia o mesmo ritual, acordava e logo ia para sua janela ver os pássaros cantando pela manhã. Enquanto seu pai saia para trabalhar e sua mãe ficava em casa a cuidar de sua vazia vida.

Até que na manhã de uma sexta feira a menina acordou e foi para a janela de seu quarto ver os pássaros, percebeu algo de errado, seu canto estava enfraquecido, parecia que estava faltando algum pássaro no viveiro, logo a menina foi correndo para ver o que tinha acontecido, ao chegar próximo ao viveiro se deparou com um rastro de sangue, foi seguindo o rastro e encontrou um “trinca ferro” já morto com alguns requintes de crueldades, pois sua cabeça estava esmagada como se tivessem pisado nela e seu corpo com penas soltas em volta pareciam que tinham sido tiradas a mão.

A menina ao ver a cena ficou chocada, entrou correndo e foi relatar o fato a sua mãe, que nem ligou.

_Rose deixa de besteira menina, vai para o seu quarto e para de falar sobre esse pássaro idiota!Exclamava carine enquanto folheava uma revista de moda sentada na sua poltrona favorita que ficava na sala sem ao menos olhar diretamente nos olhos da pobre menina.

_Mas mãe o bichinho tava com a cabeça arrancada!Dizia rose entre soluços.

_SUBA AGORA PARA O SEU QUARTO, MENINA CHORONA!Gritava a carine.

A menina subiu aos prantos e se trancou em seu quarto, de tanto chorar acabou pegando no sono e teve um estranho sonho com o pássaro, sonhou que arrancava a cabeça do bicho, acordou assustada por volta de uma cinco horas da tarde, foi ligeiro até sua janela e viu um senhor ao lado do viveiro, foi correndo para lá, pois tinha certeza que ele tinha cometido tal atrocidade com o pequeno animal.

_Quem é o senhor?_ E porque matou o meu passarinho?Perguntou a menina.

_Calma minha filha, eu cuido desses pássaros há muito tempo desde que eles foram deixados ai, e não fui eu quem o matou!Respondeu o velho

A menina não acreditou no homem e foi, mas uma vez falar com sua mãe

_Mãe, o homem que matou o passarinho esta La fora!

_Deixa de bobagem menina, o senhor que esta La fora é nosso vizinho e esta nos fazendo um favor cuidando desses pássaros malditos. Respondeu Carine mal-humorada como de costume.

_Mas mãe...

_Mas nada, cala a boca e suba para seu quarto. Gritava a mulher com sua filha

Muito contra feita, Rose subia a escadaria de madeira que dava acesso para o segundo piso.

Enquanto ascendia a escada pulando de dois a dois degraus um pensamento vinha a sua mente.

_Só pode ser aquele maldito velho que está matando os indefesos passarinhos!Este pensamento martelava em sua mente.

_ Maldita garota nojenta, não sei por que, ela é assim tão estranha, deve ter puxado a família do pai!Pensava carine enquanto continuava a folhear a sua revista de moda preferida.

Enquanto isso já no seu quarto rose ficava a observar o colorido de pássaros que ficavam em revoada dentro do seu velho viveiro.

_Só pode ter sido aquele homem horroroso, quem matou o pobre bichinho!Pensava ela, quando de repente um barulho de motor se fez ouvir bem enfrente a sua casa tirando momentaneamente este pensamento de sua jovem cabecinha.

Rose saiu rapidamente do seu quarto, quase arrombando a porta, desceu a escadaria que dava para o salão principal e foi parar na porta de entrada onde seu pai já a aguardava com um embrulho na mão.

_Papai, o senhor chegou cedo hoje?_Veio brincar comigo?Perguntou a menina na maior inocência.

_Sim, minha filha!Respondeu o pai tentando disfarçar o verdadeiro motivo por chegar mais cedo em casa do que de costume.

O Carlos estava aflito, algo não ia muito bem em casa. Ele podia sentir isso no ar.

Enquanto sua filha agarrava se a sua perna, ele pensava:

_Tenho que ir rápido até o meu escritório.

E sem que a Rose o percebesse conseguiu distraí-la, dando lhe uma barra de chocolate que ela tanto adorava, e que ele premeditadamente havia comprado na padaria próxima de seu trabalho, e correu para dentro de seu velho escritório.

_Garota porca, olha essa sujeirada que você fez no chão!Exclamava carine, que havia acabado de entrar na sala atraída pelo barulho do carro.

_Sua imunda, você vai limpar esta bagunça toda!Dizia carine apontando para o papel do chocolate que havia ido parar no chão de forma acidental

_Já vou limpar mamãe!Respondeu a rose um brilho estranho no olhar.

_Ah, outra coisa mocinha assim que terminar de limpar isto, pode ir direto para seu quarto!Disse carine com seu costumeiro tom autoritário.

Sem dar uma palavra sequer, rose recolheu o papel que estava no chão, o levou até a lata de lixo da cozinha, o depositou dentro para em seguida subir correndo para o seu quarto.

Enquanto Rose estava como de costume trancada em seu quarto, Carine batia a porta do escritório de Carlos.

_Carlos abra essa merda de porta agora, preciso falar com você, urgente!Disse carine aflita.

_O que foi mulher?Perguntou o Carlos pouco antes de abrir a porta do escritório.

_Abre, logo merda!Disse carine quase histérica.

Carlos abriu a porta com cara de poucos amigos e foi logo perguntando.

_Que sangria desatada é essa mulher?

_Você como sempre alheio a tudo que acontece ao seu redor, não é Carlos? Perguntou carine em seu tom zombeteiro de costume.

_Fala logo, mulher!Disse Carlos já irritado.

_Eu vim até aqui para falar sobre a Rose!Disse a carine já sentada na cadeira enfrente a mesa de Carlos.

Carlos passava a mão de maneira frenética sobre o cabelo, e vez ou outra passava a mão no bigode.

_Diga logo mulher!Exclamava Carlos apreensivo.

_Olha, o que esta acontecendo com esta menina... Dizia carine quando foi brutalmente interrompida por um barulho que vinha do quarto de Rose.

O silencio reinou no escritório, carine e Carlos entreolhavam-se sem nada falar.

Enquanto isso em seu quarto rose que estava olhando pela janela o viveiro de pássaros no fundo de seu quintal, deixou a sua velha boneca cair de sua mão quando viu aquele velho senhor aproximar-se dos seus pássaros.

_Hoje eu pego este velho maldito com a mão na massa!Dizia a rose baixinho enquanto abaixava-se para recolher a sua boneca do chão.

Apesar de suas pernas curtas, os seus passos eram bem rápidos para descer as escadas e ir de encontro ao ancião.

Enquanto ela atravessava a porta da cozinha, seus pais iam ao seu quarto ver o que tinha acontecido com ela.

_Carlos eu to falando serio!Exclamava carine enquanto olhava pela janela do quarto a filha caminhar em direção ao viveiro.

_Você ta querendo dizer que a nossa pequena filha, anda arrancando a cabeça dos pobres passarinhos do viveiro?Perguntou Carlos atônito ao admirar o porta- retrato com a foto de sua menina que estava encima do criado mundo que ficava ao lado da cama de rose na qual ele estava sentado.

_É isso mesmo!Exclamava Carine, enquanto chamava atenção do Carlos com a mão para que ele chegasse mais próximo a janela.

Enquanto isso Rose desatenta ao que seus pais faziam, aproximava-se do incauto senhor que cuidava dos lindos pássaros, com sua encardida boneca na mão.

Admirando o trinca ferro cantar, o pobre senhor não conseguiu perceber os passos ligeiros, encoberto pela noite, da pequena jovem aproximando, com aquela maldita boneca em punho.

Os pais agora observavam em silêncio, da janela os movimentos da pequena.

Ela vinha ligeiro por trás do velho senhor, do interior de sua velha boneca com suas pequeninas mãos retirava um objeto brilhante e pontiagudo, que na luz do luar emitia um brilho nefasto.

Carine ainda tentou gritar, ao ver a faca aproximando-se das costa do ancião que agora estava abaixado na porta do viveiro tentando pegar as suas chaves que havia caído momentos antes, mas de nada adiantou.

_Maldito velho, agora você vai ter o que merece!Exclamava a Rose enquanto fincava a sua enorme faca na nuca do pobre homem.

_Meu Deus, ela enlouqueceu!Berrava Carine feito louca para o marido.

_Calma mulher, não adianta a gente se desesperar agora!Respondia o Carlos tentando manter a calma sem, contudo conseguir.

Carine andava de um lado a outro no pequeno quarto rosa, enquanto Carlos ainda plasmado estava sentado na beira da cama com o seu celular na mão que alias estava sem serviço.

As horas passavam, ou melhor, corriam como um passe de mágica.

Carine olhava desesperada para o relógio (que marcava 23h00min) em forma de ursinho que ficava pendurado na parede do quarto bem enfrente a cama.

_Por deus Carlos, faz, mas de uma hora que essa menina esta lá embaixo brincando com o corpo daquele pobre homem!Exclamava Carine enquanto olhava pela janela.

_Não posso crer nisto!Exclamou o Carlos saindo de salto da cama que estava sentado e indo dá uma expiada pela janela.

_Meu Deus eu nunca poderia imaginar algo desse tipo!Continuava Carlos indignado. Rose estava lá embaixo brincando com o corpo sem vida do pobre senhor, e Carlos da janela do quarto observava aquela cena com repudia.

Rose já estava cansada daquela “brincadeira”, quando olhou para a janela de seu quarto e viu seus pais lhe observando.

_Papai, já vou subir!Gritou Rose para seus genitores, enquanto largava o braço sem vida no chão.

O desespero já tomava conta do casal que estava enjaulado naquele ambiente fechado, à cena grotesca que haviam presenciado os deixavam preocupados, um acusava o outro pelo comportamento anormal da filha.

Enquanto isso a Rose caminhava ligeiro escondida pelas sombras noturnas, passo a passo ela caminhava até chegar à porta da cozinha, com a faca na mão ia riscando tudo que via pela frente. O primeiro móvel a ser maltratado pelo objeto cortante foi o armário, o segundo foi à pobre geladeira que levou um corte profundo.

Mas enquanto a faca deslizava sobre a fria porta metálica da geladeira algo chamou atenção de Rose:

Era algo transparente e feito de borracha, e parecia gritar para a pequena guria...

_Me corte, me corte logo!Era a mangueira do botijão de gás que agora era o alvo de Rose.

Em um golpe certeiro com a faca afiada rose cortou de uma vez só a maldita tubulação que ligava o fogão ao botijão de gás, fazendo assim todo líquido contido naquele recipiente espalhar-se lentamente pela cozinha, enquanto ela subia sem pressa as escadarias que davam para o segundo andar da casa.

Seus pais ainda estavam trocando acusações presos no quarto quando foram surpreendidos por uma insistente batida na porta.

TOC, TOC, TOC.

_Papai abre a porta, por favor, eu quero muito brincar com vocês!Dizia a Rose enquanto brincava distraidamente com uma caixa de fósforos que sua mãe desleixadamente havia deixado encima da mesa da cozinha e que ela já previamente tinha achado e agora trazia em suas mãos.

_Assim não dá, onde já se viu dois adultos com medo de uma garotinha?_Disse Carlos enquanto girava a maçaneta da porta do quarto.

_Vai Carlos, abre logo está porta e dá uma surra nesta garota!Ordenava Carine com medo, enquanto encostava as costas na parede perto da janela.

Carlos querendo acabar logo com aquela agonia abriu a porta de uma vez, ficando cara a cara com aquele pequeno demônio todo manchado de sangue.

Nesse mesmo instante um forte cheiro de gás invadiu o ambiente, e com um sorriso maléfico nos lábios e os fósforos na mão Rose perguntou;

_Papai vamos brincar de bombeiro?

E antes que Carlos pudesse ter qualquer reação, Rose riscou um palito provocando a maior explosão que fatalmente acabou com essa pequena, mais “feliz família”.

Fim

Antonio C B Filho e DANIELBC
Enviado por Antonio C B Filho em 17/08/2013
Código do texto: T4438803
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