Vida desperdiçada

Em uma tarde ensolarada, caminhava com o meu cachorro na rua, como era de costume sempre levava ele durante à tarde para fazer suas necessidades e retornava para casa na esperança de poder continuar escrevendo o meu livro.

Quando caminhava com o meu cachorro vi uma cena muito inusitada, uma menina passeava com o seu animal de estimação em frente onde eu morava e notei que conversava com alguém, para os meus olhos havia só o cachorro em sua companhia, mas continuei observando a sua conversa. Ela aparentava ter mais ou menos uns 13 anos de idade, e seu cachorro se chamava Guty, repetia várias vezes o nome dele na sua conversa com seu amigo imaginário.

Caminhava bem atrás dela e fiquei escutando curiosamente, quando de repente me surpreendeu:

-Eu percebi que ele esta atrás de nós, acho que esta te escutando também?

Fiquei pensando, seria de mim que estavam falando? E ela continuava:

-Ok, mas o que você quer que eu diga a ele? Acha que vai me escudar?

Com certeza, isso seria comigo mesmo, pois dava uma olhadinha para trás.

-Vou dizer para ele então, só espero que ele nos entenda.

Nisso ela olho para trás e me deu um sorrisinho, fiquei todo arrepiado na hora e me disse:

-Oi senhor, tudo bom?

-Oi, tudo. – Já estava com medo da menina.

-Senhor, eu gostaria de dizer uma coisa para você, só não leve a mal, eu não sei como vou dizer para o senhor, mas tenho que falar!

-Sim, diga. O que seria?

-Senhor, vai acontecer uma coisa muito séria com você e vai afetar todos os seus familiares, mas a culpa não vai ser sua e sim de quem você nunca imaginou ser.

Isso me deixou muito curioso e muito assustado, vai acontecer alguma coisa comigo!

-Ta mais o que vai acontecer comigo? Quem te falou isso? Seu amigo imaginário?

-Não posso dizer quem falou e o que vai acontecer com você.

-E quem me garante que isso seria verdade ou uma criação de uma criança.

-Espere e você vai ver.

Nisso ela sai correndo chorando muito e fiquei sem entender nada do que acontecia.

Voltei para casa e fiquei pensando o que poderia ser, não consegui me concentrar para escrever o meu livro, fiquei só pensando na conversa. Estava com medo, àquela imagem da menina não saia da minha cabeça. A noite não conseguia dormir, deitava na minha cama e escutava ela falando:

-Vai acontecer uma coisa muito séria com você. e vai afetar todos os seus familiares, mas a culpa não vai ser sua e sim de quem você nunca imaginou ser.

Isso não parava, virava para o lado e escutava, virava para o outro lado e continuava essa voz infernal na minha mente. O meu cachorro latia sem parar a minha cabeça doía muito, comecei a suar frio, havia momentos em que me dava calafrios e aquela voz estava na minha cabeça, o latido me deixava louco, quanto mais eu gritava com aquele cachorro mais ele latia. Resolvi levantar da cama e ver o que estaria acontecendo, assim que cheguei à sala eu vi o meu cachorro caído sangrando, assim que o Guty me viu me atacou, começou a morder o meu braço, nem imaginava que tinha tanta força assim, tentei empurrá-lo não conseguia, comecei a bater na cabeça para ver se me largava e nada, quanto mais eu batia mais ele me mordia, começo a sangrar muito meu braço, ele furava com seus dentes, olhei para o lado e vi uma tesoura caída no chão, não pensei duas vezes e comecei a bater com o cabo no focinho dele, nisso me soltou, tentei fugir e começou a me morder novamente no mesmo lugar, peguei a tesoura com a ponta de corte e com o coração partido, cravei a tesoura em seu pescoço, ele continuava a me morder e eu cravava mais ainda, dei umas quatro tesouradas até que ele me soltou, caiu no chão junto com o meu cachorro e comigo, não sabia quem sangrava mais naquele momento. Ouvi batidos na porta e uma gritaria:

-Abre a porta é a polícia! Abre.

Nisso a policia arrombou a porta e armados apontaram para mim. Junto com eles estava a menina que havia encontrado logo de manha chorando muito e ao mesmo tempo rindo.

-Fique parado você esta preso!

-Preso por quê?

-Você esta sendo acusado de estuprar essa menina.

-Eu? Jamais, nem conheço essa garota.

-Não se mexa esta preso, fique onde esta.

Morava no oitavo andar, e minha janela estava aberta, o meu braço quase todo ele aberto, minha vida já não significava muito para mim mesmo, o meu livro não saia da primeira linha então resolvi mudar a minha vida e ver o que acontece, sai correndo em direção a janela fechei os meus olhos e pulei. Na queda ouvia algumas risadas, assim que o meu corpo caiu no chão não senti nada, apenas vi duas meninas, uma era a mesma que passeava com o Guty e que estava no meu apartamento com os policiais, a outra nunca havia visto antes, me diziam:

-Seja bem vindo ao nosso mundo.

Francis Betim
Enviado por Francis Betim em 23/08/2013
Código do texto: T4448232
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