O QUARTO MALDITO

É caro leitor amigo, há coisas na vida da gente que parece ficção, pois, de tão incríveis, diferentes e até mesmo ridículas que fica difícil ter qualquer credibilidade, mas, no entanto, algumas delas podem ser reais.

Hoje o caso que venho lhes contar, não é mais estória de terror e sim um caso real.

Algo que aconteceu comigo (isso mesmo, eu, o próprio Antonio motoboy passei por essa experiência nada agradável) há muitos e muitos anos atrás.

Para ser mais exato, há mais ou menos uns vinte e três anos, por isso peço um pouco de paciência da vossa parte, para comigo, pois a minha memória já não está tão boa como antigamente e por isso talvez não tenha capacidade de relatar os fatos que ocorreram naquela ocasião, com muita exatidão.

Mas uma coisa eu posso garantir; Tudo que irei relatar daqui por diante e a mais pura realidade.

O ano era 1989, o dia e o mês, não lembro, à única coisa que tenho certeza é que isso aconteceu poucos meses após o meu décimo terceiro aniversario. Outra coisa que consigo me lembrar bem era da casa onde morava com minha mãe e meu padrasto, e onde tudo aconteceu.

A minha família naquela época não era nada convencional, o meu padrasto era um macumbeiro inveterado, e minha mãe era uma pessoa que não acreditava em nada, e eu como qualquer pré- adolescente costumava apreciar tudo que fosse sobrenatural.

Tinha desenhos de demônios pendurados na parede do meu quarto, um livro de preces que ficava jogado dentro do meu armário (este livro havia sido presente da minha avó) e encima da minha escrivaninha onde deveria ser um local para estudar ,mas é claro que não era,ficava o meu livro preferido que toda a noite antes de dormir eu costumava ler: O nome era Cipriano capa preta, e continha alguns feitiços, dentre eles um que me lembro muito bem, era o feitiço para ficar invisível, juro que tentei fazê-lo algumas vezes, mas nunca deu certo, como disse antes era um típico quarto de um pré-adolescente.

A minha casa alugada, era um pouco diferente das demais, era pequena!

Apesar de ter dois quartos uma pequena sala, cozinha, banheiro e uma pequena varanda que servia de casinha para abrigar as imagens de EXÚ que meu padrasto costumava cultuar. Ah, outra coisa importante que já ia esquecendo-me de contar, O meu padrasto, que eu não posso citar o nome por motivos óbvios (Ele ainda é vivo, e pode me processar por usar indevidamente o seu nome) costumava acender velas por toda casa, dizia que era para nos proteger dos maus espíritos. Não creio que isso tenha funcionado muito bem!

Não vou me prender mais aos detalhes da casa, pois acho que agora eles são irrelevantes, e nem vou contar os muitos fatos estranhos que precederam esse dia fatídico.

Certa noite como de costume estava sentados na sala, minha mãe, meu padrasto e eu, estavamos assistindo a novela das sete, na rede globo, senão me engano a novela que estava passando na nossa velha televisão de quatorze polegadas que na época era preto e branco, era a novela gato preto escrita por Miguel fala bela, quando algo de estranho aconteceu.

Alguém começou a bater palmas no portão, minha mãe muito contrariada foi ver quem a estava incomodando na hora de sua novela preferida.

Era a minha tia Nelma, irmã mais velha da minha mãe, uma senhora com quase setenta anos e com os típicos problemas de sua idade.

Ela havia vindo a minha casa fazer uma visita.

A surpresa agradável que me foi proporcionada,quando minha mãe entrou na sala avisando que minha querida tia iria dormir lá em casa, foi imensa. Na mesma hora como um bom garoto que sempre fui, logo ofereci minha cama para tia Nelma dormir.

A conversa rolou de forma agradável até as dez horas da noite entre nós três (digo nós três, pois meu padrasto estava na varanda como de costume fazendo uma matança de galinhas para os seus exus) até que minha mãe, que se chamava Maria, falou.

_Pessoal a conversa ta muito boa, mas já está na hora da gente ir dormir, pois amanha é dia branco, e tenho que trabalhar!Disse dona Maria enquanto pegava a sua velha esteira de sisal que ficava guardada no seu guarda roupa, e entregava em minhas mãos.

Eu ainda conversei um pouco com minha tia e decidi ir me deitar, ela fez o mesmo.

Coloquei a minha esteira no chão do meu quarto, bem do lado de minha cama, onde minha tia já estava deitada, fiz minhas orações costumeiras, pedindo a deus que nada de estranho acontecesse naquela noite (e olha era muitas coisas sinistra que acontecia dentro daquela casa).

Como por magia naquela noite, eu que costumava sofrer de insônia, peguei no sono bem rápido, mas não um tranqüilo, e sim agitado como se algo maligno tivesse induzido meu sono para um propósito funesto que até hoje eu não consigo entender.

Às cinco horas da manhã como por encanto acordei, meu quarto que era sempre escuro (pois ele tinha só uma pequena janela feita de tabua de obra, que mesmo de dia não deixava penetrar luz alguma da rua) foi invadido por uma intensa luz branca.

Com meus olhos ainda acostumando- se a está nova situação, pude ver as pernas da minha tia descendo da cama, mas o engraçado e que,quando olhei pra cima a fim de ver o seu rosto e perguntar por que ela tinha se levantado tão cedo ,qual não foi a minha surpresa, ou melhor, dizendo terror, quando reparei que acima do joelho dela não havia nada (é pessoal era um par de pernas fantasma, pois não tinha corpo).

O medo começou a tomar conta do meu corpo, eu tremia muito e na tentativa de que tudo passasse como um passe de mágica, fiquei bem quietinho em minha esteira.

Tremendo mais que vara-verde e com o meu rosto virado na direção do vão debaixo da minha cama, pude notar uma figura formando-se embaixo do meu leito.

Era um cabeção enorme com dois chifres, feito de sombras.

Na mesma hora me pus a rezar:

Rezei o pai nosso, a ave Maria, o creio em deus pai e outras infinidades de preces, aprendi com minha mãe, mas que de nada adiantaram.

Enquanto estava rezando o meu corpo foi tomado por uma dormência, que começou pelas pernas foi subindo pelos quadris, até chegar a meus braços.

E já no auge do desespero comecei a gritar, já não estava rezando baixinho como antes, mas uma coisa estranha aconteceu nesta hora, a minha voz ficou preso na garganta, em vez de sair palavras da minha boca, o que saía era um liquido viscoso e espesso, que tornava a minha fala algo impossível de se entender.

Em pensamento clamava por deus, pedia a ele que me socorre-se, que não me deixasse perecer naquela situação.

O cabeção continuava no mesmo lugar paradão, por mais que tentasse desviar o meu olhar, sempre acabava olhando em sua direção.

De repente meu corpo que estava paralisado começou a ser puxado para baixo da cama, uma força invisível me arrastava lentamente.

No auge da desesperança, eu tentava me livrar daquelas amarras invisíveis que me prendiam, sem, contudo obter sucesso algum.

Estava sendo levado,pouco a pouco para debaixo da cama,o cabeção estava cada vez mais perto do meu rosto,já podia sentir seu hálito podre perto das minha narinas.

Em meus pensamentos, clamava para que deus me socorre-se, implorava pedindo que ele não deixasse o cabeção me levar para o inferno.

A dormência estava mais forte, eu não conseguia sentir nem um pequeno pedaço do meu corpo, devagarzinho ia sendo arrastado.

No mesmo instante que tudo acontecia, clamei com toda força do meu coração para que Deus viesse em meu socorro.

E sabe de uma coisa caro amigo leitor?-Como em um passe de mágica, meu corpo foi liberto das invisíveis cordas que o amarravam, e o cabeção que estava embaixo do meu leito, sumiu diante dos meus olhos como fumaça, na mesma hora consegui me levantar dando com a minha cabeça no estrado da cama.

Ainda meio em transe sai de baixo do meu tálamo, olhei em volta do meu quarto (que agora estava escuro como de costume) para ver se não tinha mais nenhum fantasma, peguei meu velho lençol que estava embolado em um canto, o ajeitei sobre a esteira e voltei a dormir um sono tranqüilo.

Quando acordei às nove horas da manhã, fiz a coisa mais obvia do mundo: Juntei todas minhas roupas, sapatos e coisas desse tipo, e me mudei para a casa da minha irmã mais velha e casada que morava no bairro vizinho.

ACRETIDEM SE QUISER, MAIS ESSA É A MAIS PURA REALIDADE...

UM ABRAÇO A TODOS!

Antonio C B Filho
Enviado por Antonio C B Filho em 01/09/2013
Reeditado em 01/09/2013
Código do texto: T4461693
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