A Assombração do Ponto de Ônibus

Há algum tempo atrás, Maxwell Olliveto havia prometido amar uma certa mulher que acabara de conhecer em um ponto de ônibus. Bêbado, ele esperava por sua irmã para vir buscá-lo. Como a irmã dele não chegava, ele engatou um papo com a mulher ao seu lado.

- Eaí, você é de onde? Com certeza não é daqui. Sua beleza é única e nem se compara com as mulheres dessa cidade.

- Muito obrigada. Bem, eu não sou daqui. Estou apenas a passeio. Eu...

- Veio visitar alguém da sua família?

- Não. Meus pais já estão mortos e eu não tenho nenhum parente nesta cidade.

- Certo. Gostando da cidade?

- Sim. Mas...

- Aqui é meio pacato, mas é uma boa cidade para se morar.

Maxwell é daquele tipo de pessoa que quando bebe, gosta de falar bastante. A mulher já estava ficando incomodada e impaciente por ele não deixá-la concluir o que falava.

- Costuma beber sempre?

- Somente nos finais de semana.

- O que pensa sobre o amor?

- Pergunta difícil... Por que perguntou isso?

- Estou só há algum tempo e ....

- Você?! Sozinha?! Você tá de brincadeira! Uma mulher como você deve ter uma fila enorme de pretendentes.

A mulher sorriu ao perceber que o rapaz havia caído em seu encanto. E pensou “Esse será o mais fácil de todos”.

- Que nada! Respondeu ela.

- Se eu tivesse uma chance contigo, eu a amaria pela vida inteira.

- E pela eternidade?

- Também, ora essa!

- Bem, eu preciso ir. O meu ônibus é aquele.

- Como faço para te ver novamente?

- Vem comigo. Ela olhou dentro dos olhos do rapaz e sorriu maliciosamente.

Os dois se levantaram do banco e foram em direção da rua. Ele a viu dar o sinal para que o ônibus parasse, mas ao invés de parar, o ônibus aumentou a velocidade. Ele, bêbado, não tinha percebido a mudança da velocidade do ônibus que estava vindo em sua direção.

- Maxwell, seu louco! Você quer se matar? Alguém o tinha puxado e ambos ainda estavam no chão.

- Linda? Pensei que não fosse chegar mais e eu ia pegar aquele ônibus que passou.

- Pegar?! Ele ia era passar por cima de você!

- Onde está aquela belezura de mulher? Você a viu?

- Não tinha nenhuma mulher com você. Além de estar bêbado e querer se matar, ainda tem alucinações... Vamos para casa e se eu fosse você, não colocava nenhum copo de bebida em minha boca novamente.

O rapaz se levantou e foi para casa com sua irmã. Ele ficou pensativo durante todo o trajeto. Ele tirou a roupa de trabalho e foi dormir. Acordou por volta das nove horas da manhã e estava com uma sensação de que havia sonhado com algo, mas não se lembrava com o que. À tarde, enquanto descansava no sofá, ele lembrou uma parte do sonho. Ele via a mulher da noite anterior segurando a sua mão e dizendo “Pela eternidade”.

Alguns dias se passaram e lá estava ele, outra vez, em um ponto de ônibus. Prometera a si mesmo nunca mais beber novamente, mas como estava com um grupo de amigos, a promessa foi deixada de lado.

Ele estava meio sonolento, mas algo chamou a sua atenção. Do outro lado da rua estava uma bela mulher. Ela veio em sua direção e ele a reconheceu. Era a mesma mulher da semana passada.

- Pena não ter ido comigo naquele dia. Ela se sentou do lado dele e lhe deu um beijo.

- Mas posso ir hoje.

- A promessa de me amar enternamente ainda está de pé?

- Sim, claro!

- Então vamos, meu ônibus está vindo.

- Acho melhor pegarmos um táxi.

- Esse ônibus me deixa muito perto do hotel em que estou. Não há nenhum ponto de táxi por aqui e até passar algum, pode demorar.

- Isso é verdade. Assentiu o rapaz enquanto se levantava do banco do ponto de ônibus.

“Agora ninguém irá se intrometer” – pensou a mulher, alegre com a sua conquista.

Em questão de segundos, o rapaz jazia no chão e várias pessoas estavam em sua volta.

- Agora, poderemos ficar juntos eternamente. A mulher lhe deu outro beijo, mas este, sugou toda a vida que nele ainda existia.

Leandro Marçal
Enviado por Leandro Marçal em 21/09/2013
Reeditado em 21/09/2013
Código do texto: T4491526
Classificação de conteúdo: seguro