O andarilho capitulo II

Judite era muito severa em questões carnavalescas, o mundo dela era realmente vivido nos dias de carnaval, e nos dias de ensaio, e nos dias em que ela esperava por esses dias. Ela trabalhava como arrumadeira no Hotel Shereton na Barra da Tijuca, e suas gorjetas eram religiosamente guardadas para as fantasias. Detalhe importante: Judite não se prostituía nunca, quando ela dormia com alguns hóspedes estrangeiros, não o fazia por grana...

Depois de uma chuva na cabeça até o pequeno apartamento da amiga, Judite comeu um prato de dobradinha, servido e feito pela grande companheira de folia, e foi dormir...Afinal no dia seguinte às nove da manhã ela deveria estar prontinha, para outro desfile, e este tinha direito a esfregão, vassoura e balde na mão...

Ao deitar-se naquela "caminha quente e simples" os pensamentos daquela mulata de um metro e oitenta, cabelos tingidos de louro, corpo bem delineado, e olhos amendoados começaram a resvalar no passado, ela recomeçou um tour por estradas variadas, que iam da infância a adolescência; as lembranças surgiam sorridentes e ela chorava...às vezes as lágrimas mais amargosas.

De súbito o despertador toca, são 4 e 50 h, e ela estremece, e os pensamentos fogem, um atrás do outro...Ela dá um tapa no relógio, que cai do outro lado, batendo na parede branca e manchada...Ela diz baixinho - Esqueci de mudar o horário do relógio! E solta um sonoro palavrão começado pela letra M.

Todo dia Judite acordava aquela hora mesmo, só que hoje por ser quarta-feira de Cinzas, ela iria entrar mais tarde um pouquinho, ao invés de 6 h, entraria 9 e meia, e isso era um conquista anual maravilhosa no universo trabalhista daquela brasileira, que amava sambar.

....Aguardem as emoções do Terceiro e último capitulo deste conto...

Valéria Guerra
Enviado por Valéria Guerra em 28/09/2013
Reeditado em 31/01/2015
Código do texto: T4501844
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