A volta da aberração

Dessa vez o maldito voltou. Estará em busca de uma família para pregar sua dor e destruição. O pequeno Kalebe de olhos azuis que lembram os oceanos era lindo, porém seu ódio era manchado com fogo e sofrimento do inferno. O garoto era uma aberração, se camuflava nos trajes mais inofensivos como bebes e crianças. Em toda sua vida foi ignorado, seus amigos sempre o zombarão. Coitado não teve culpa. Nasceu deficiente físico. Sua família mais tarde se cansou e deixou-lhe no meio da BR após uma viagem. Foram dias de puro sofrimento até que morreu ali mesmo, mas ele não acabou. Foi para o inferno e lá fez um pacto. Poderia voltar, no entanto com uma condição: Trazer o caos e a destruição total de todos que ousassem cruzar seu caminho. Não demorou muito para ele voltar ao mundo real. Desta vez em forma de bebe. Foi adotado por uma família burguesa que se apaixonou pelos seus traços e perfeições. Kalebe voltou sim, entretanto não como da última vez, desta vez era lindo. Olhos azuis, cabelo macio, uma textura clara. Era perfeito. Era, pois certo dia ainda quando criança pegou um martelo e enquanto seus pais dormiam, ele bateu sobre seus dedos. Os dois acordaram berrando de dor, mas já voltarão a dormir profundamente graças a uma certeira martelada no crânio. Sim, o pequeno garoto zombado a vida toda por seus colegas e deixado pela sua família voltou para se vingar. Quatro anos se passaram. Já nessa altura ele podia andar muito bem e graças a sua força sobrenatural era muito poderoso. Foi até o mesmo colégio que estudou há quatro anos. Estava lá, esperando os engraçadinhos saírem para lhes fazer uma surpresa. O sinal bateu e logo os garotos apareceram. A criatura os seguiu até uma rua fechada onde o terror acabará de começar.

- Amigos, vocês poderiam me ajudar? Vim até aqui com minha mãe, mas ela me esqueceu e não sei como voltar embora.

- Tem que prestar mais atenção na sua mãe rapazinho, desculpe-nos, mas não ajudamos estranhos.

Nessa hora, Kalebe pega na mão de um dos garotos e começa a apertá-la fortemente.

- Hora hora, não se lembram de mim? Talvez não, agora eu sou mais forte, bonito e também posso andar sem dificuldade alguma.

Os garotos se lembraram na hora de quem se tratará. Antes que movessem um músculo a criança aperta tão forte o braço que acaba o quebrando em vários lugares. O Garoto grita. Música para os ouvidos do menino sedento por carne que ao mesmo tempo avança sobre seu corpo. Seus dentes ficam pontudos e abocanham a barriga do rapaz deixando todos os órgãos internos à mostra. O sangue jorrou na cara dos demais que assistiam sem reação alguma, por fim acabaram desmaiando. Uma refeição tão gostosa ali na frente dele, mas não quis. Gostava de ver suas vítimas sofrerem. Optou pela cremação. Agora só faltava a família que um dia se desfez da pobre criança deficiente. Ele não podia deixar barato. Queria sangue, queria saciar sua sede, queria Vingança! Foi até a casa da família e pode escutar toda a conversa. Amanhã iriam viajar para o mesmo lugar. Estava certo. Dia seguinte iria vingar-se e poderia voltar ao inferno para sofrer eternamente. Pela manhã eles saíram. Algumas horas após cruzaram a mesma rua onde deixaram Kalebe sofrendo e murmurando por piedade. Piedade? Eles tiveram piedade quando o deixaram morrer naquela rua seca e deserta? Pois bem. Quando estavam passando puderam ver um vulto no meio da estrada. Não pararam o carro. Pareciam apressados e nem sequer se importaram com a presença maligna. De repente em uma curva o carro capota e acaba caindo em um buraco. Todos estavam sem cinto. Logo após o carro explodiu no meio da mata. Pobre família, não tiveram a chance de ver seu “bebe“ crescer.

Rafael Fernando Cibi
Enviado por Rafael Fernando Cibi em 04/10/2013
Reeditado em 04/10/2013
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