Há Mais Alguém Entre Nós
Estalos, farfalhar de folhas, passos, sussurros, risadinhas.
Ergui a cabeça e só a escuridão encontrei, olhei para janela pensando ter deixado aberta.
Recostei a cabeça no travesseiro, e novamente os barulhos voltaram.
Olhei novamente e nada...
-São só dois olhos no meio da escuridão - me assustei com as palavras que sairam de minha boca - Olhos na escuridão? - Rapidamente cobri minha cabeça.
E novamente, estalos, farfalhar, passos, sussurros, risadinhas.
Abre e fecha porta de armários e gavetas, senti algo mexer em minhas cobertas.
-É o meu fim! - Logo pensei
Tomei coragem e gritei
Descobri a cabeça e olhei na escuridão, esperando que logo mamãe abrisse a porta e entrasse no quarto.
Mas o que vi me paralisou, uma sombra negra e alta entrando em meu armário.
E a porta se abriu em um rangido assombroso.
-Porque não está dormindo? - disse mamãe sonolenta.
-Tem monstro no armário!
-Não existe monstros já é bem grandinho para acreditar nisso, olha como não tem nada - disse ela abrindo o guarda-roupa e entrando nele- Viu , não há nada além de roupas !
-Mas eu vi!
-Foi sua imaginação, agora vá dormir.
A escuridão voltou a tomar conta do quarto, me arrumei na cama e tentei dormir.
x-x-x-x-x
- Que diabos será que aconteceu aqui? – perguntou o policial.
-Só Deus sabe – respondeu o outro boquiaberto diante daquela cena que mais parecia saída de um filme de terror.
O menino fora encontrado com suas tripas e viceras ao lado de seu corpo, as órbitas de seus olhos não se encontravam no lugar.
Dali apenas vazava um sangue negro que sujava o edredom da cama que havia parado no chão, ali só havia o vazio.
Sua madíbula fora arrancada, deixando a boca aberta em um grito que nunca saira.
O mais estranho de tudo era o sangue que cobria a parede do cômodo, sangue que não era do corpo que se encontrava ali.
Os policiais saíram do aposento, com uma única certeza, era mais um caso não solucionado.