Psicopata

Por ocasião do namoro e noivado Carlos era um doce de pessoa, faltava adivinhar todos os desejos até mesmo os mais secretos que Tânia tinha, todos na família e os amigos dela pensavam que ele fosse o homem perfeito, o homem que toda mulher sonha em ter ao seu lado a vida toda. No dia do casamento ele era só sorriso para com todos, de um carinho fora de série para com Tânia, as moças que estava no casamento suspirava e pensavam isso é que é ter sorte, ter um homem assim como marido é o sonho realizado. Nos dois primeiros anos de casados Carlos continuava sendo carinhoso, às vezes tinha alguns momentos de raiva mais logo passava, vinha todo arrependido pedir perdão, em certos momentos chegava até a chorar, isso amolecia o coração de Tânia.

Certo dia ele chega a casa após o trabalho, deparou com a mesa posta toda romântica na sala de jantar, após o jantar, Tânia vem toda carinhosa o abraça toda feliz, diz bem baixinho no ouvido dele parabéns papai. Levou um susto levantado da cadeira, perguntando o que ela havia dito que ele não entendeu. Ela diz estou grávida, você vai ser pai. Com esta noticia a vida de Tânia mudou completamente, passando de um conto de fadas para uma realidade onde o medo e o terror estivesse ao seu lado. Porque deste dia para frente ela conheceu a verdadeira face do marido. Porque o carinho e o amor que recebeu dele com o que tinha acabado de falar foi uma tapa na cara que a fez cair no chão. Ele passou por ela rumo ao quarto e ainda deu um chute em sua perna.

Ela se levantou sentou no sofá, parada, inerte, porque nem chorar conseguia. Lá do quarto ele falou vai ficar ai quieta para toda vida, vem deitar logo porque se não vou aí te buscar, se eu for não irá gostar, então ela se levantou foi para o quarto, trocou de roupa para deitar. Pensou que ele iria pedir perdão ou algo parecido mais em vez disto, se virou para ela querendo sexo, tentou negar, Mas ele foi para cima a puxando pelos cabelos e dizendo se não fizer sexo comigo vai apanhar mais ainda, então ela cedeu porque pensou no seu bebê, pensou que ele poderia morrer se ele batesse nela de novo. Quando ele acabou de fazer sexo virou para o canto e dormiu como se não tivesse feito nada, como se não tivesse feito nenhum tipo de violência com ela. Não conseguiu dormir, chorou a noite toda, com o travesseiro no rosto para abafar seu pranto, estava sentindo-se humilhada, ferida em seu amor próprio, pois se sentiu violentada, pelo seu próprio marido pelo pai do seu filho que estava esperando, neste momento soube que sua felicidade havia acabado.

No outro dia ele levantou pela manhã para ir trabalhar cantarolando como se não tivesse acontecido nada na noite passada, olhou para o rosto dela vendo o hematoma não falou nada nem em seu olhar transpareceu um pingo de remorso, era como se tudo estivesse normal, como se nada tivesse acontecido, ao sair ainda deu um beijo em sua testa. À noite quando voltou do trabalho estava todo sorridente, até o momento que ela o chamou para conversar, dizendo que seria melhor darem um tempo no casamento depois do que havia acontecido na noite passada.

Mal fechou a boca ele a agarrou pelos cabelos novamente os puxando para trás, batendo nela com socos e pontapés, dizendo nunca mais repita uma coisa desta, você é minha, me pertence sou senhor da sua vida, irá ficar aqui até o dia que eu quiser que fique, estamos entendidos. Balançou a cabeça dizendo que havia entendido sim, ele disse ainda nada de choro não quero ver ninguém chorando por aí. Na hora de deitar foi à mesma coisa querendo sexo, ela tendo que fazer para não apanhar ainda mais, essa passou a ser sua rotina diária.

Certo final de semana seus pais a foram visitar, porque ela já não ai a casa deles. Quando eles chegaram, viram a filha toda com hematomas perguntaram o que tinha acontecido, ela respondeu que havia escorregado na área de serviço, caído, o marido balançou a cabeça confirmando, dizendo que já a tinha levado até ao hospital porque havia ficado muito preocupado ainda mais ela estando grávida. Se algo acontece aos amores da sua vida ele jamais se perdoaria. Eles foram embora muito preocupados porque não engoliram a história do tombo. Passaram a ir com mais freqüência na casa da filha, quando chegava ela estava sempre de roupa de manga comprida e calça mesmo que estivesse fazendo calor, isso preocupava muito sua família.

Quando sua filha nasceu, seus pais pediram o genro para levá-la para a casa deles até passar o resguardo. Com muita relutância ele aceitou. Chegando lá os pais notaram que ela estava com hematomas, conversaram insistiram, mas ela não falou nada, tinha medo do marido. Ao voltar para a casa à rotina de maus tratos continuou a mesma, como ela logo engravidou novamente aí que as torturas pioraram. Ao dar a luz ao segundo filho os pais a levaram para casa. De tanto sua família insistir e por não aguentar mais acabou contato tudo, eles não queriam que ela fosse embora, mas não teve jeito, teve que ir porque quando ficaram sozinhos ele ameaçou sua família e seus filhos. Quatro anos de tortura, dor e sofrimento passaram em sua vida, sua família querendo sempre que ela o deixasse, mas ela tinha medo por eles e pelos filhos. Como também não deixava ninguém fazer nada com ele por ser o pai de seus filhos.

Até o dia que ligaram do trabalho dele avisando que ele havia sofrido um grave acidente no trabalho. Que havia sofrido queimadura de terceiro grau nas costas devido à explosão de uma caldeira. Foi até o hospital ficou lá zelando dele até o dia que saiu, o levou para casa cuidou de seus ferimentos, durante esse período ele voltou a ser como era antes todo carinhoso, amoroso, pensou ele deve ter mudado ao ver a morte bem perto, isso a deixou feliz porque queria que os filhos fossem criados ao lado do pai. Assim que sarou a primeira coisa que fez dar uma surra na esposa dizendo que ele havia queimado, ficado com cicatriz nas costas por culpa dela, que ele iria dar cabo dela e dos filhos. Pegou o facão que tinha casa, partiu para cima dela com tudo, bateu nela com ele, quando o levantou com o intuito de cortar o pescoço, ela levantou a mão para se proteger foi quando o facão cortou sua mão quase a decepando.

Os filhos vendo a mãe ensanguentada começaram a chorar e a gritar, ele parou com a sessão de tortura, dizendo vou sair comprar um resolver, volto para dar cabo de você e destes malditos que você colocou no mundo. Saiu batendo a porta ela ficou sem saber o que fazer, quando a vizinha do lado bateu na porta, entrado, foi logo dizendo ouvi tudo lá de casa, desta vez você precisa tomar uma decisão séria por você, pelos seus filhos. Vamos lá para casa, não precisa ter medo lá ele não irá de procurar nunca, passe a noite lá, amanhã irá embora com seus filhos, tenho uma irmã viúva que mora em uma cidade não muito longe. Quando estiver lá liguei para seus pais para não os deixarem preocupados. Quando ele voltou com o revolver na mão, achou a casa vazia, foi até a casa dos sogros lá ela também não estava.

Cinco anos se passaram deste aquele dia, ele nunca desistiu da sua busca para dar cabo da família, mesmo tento arrumado outra mulher. Assim mesmo sempre ia até a casa dos sogros para saber se ela havia dado notícias o que eles sempre respondiam que não. Que ela simplesmente havia desaparecido com os filhos. Tânia lembrou de tudo isso ao chegar perto do caixão no velório de Carlos, porque ele foi fazer o mesmo que havia feito com a ela com a atual mulher dele, só que quando ele dormiu, ela o matou com o facão que ele queria matá-la naquele dia que a vizinha a havia salvado.

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 03/12/2013
Código do texto: T4597457
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