A chave

Uma família humilde de cinco pessoas, incluindo um cão de raça americana, se mudam para um casarão abandonado, cuja madeira estava apodrecida por cupins do mato, onde as tábuas ficavam soltas pregadas por parafusos enferrujados e quebradiços. A grama não era cortada desde os últimos moradores que desapareceram misteriosamente, fazendo cobrir a entrada da casa, tendo as janelas sujas de poeira e o vidro escuro, dava uma impressão de sofrimento e terror, escondidos nos cômodos mais sombrios e assustadores daquele lugar. Havia um velho sinistro que cuidava da mansão-mal-assombrada, raramente sorria e ignora a presença dos novos proprietários, chegando a não cumprimentar o Sr. Peter que estendeu sua mão com o propósito de ser amigo, porém seu gesto de amizade não comoveu o velho de barba rala e espinhosa que se retira aborrecido por algum motivo desconhecido. Inexplicavelmente, o animal começou a latir em direção a porta, como se sentisse a presença de alguém no interior do casarão, e se negava a entrar no estranho local. Ao entrarem na sala, Dona Lara descobre objetos antigos, sujos de poeira, que precisavam ser limpados o mais depressa possível , onde teias de aranhas estavam grudadas nas paredes úmidas, marcadas por mofos escuros, abrigando insetos voadores e rastejantes nas brechas de madeira. Curioso, Brad o filho caçula do casal sobe as escadas rapidamente com a intenção de explorar a enorme mansão clandestina. Encontrou uma porta rústica, tendo uma chave de ferro na fechadura enferrujada e descascada pelo tempo, ao destrancar, gira a maçaneta emperrada e ao abrir o quarto, sente um estranho arrepio na alma, congelando o seu coração com um medo indescritível, que invade o seu interior misteriosamente, até descer as escadas com uma sensação de melancolia e desespero mortal. Nesse momento, Richard, seu irmão mais velho saiu á procura daquele estranho senhor e o encontra sentado em uma rocha áspera, na margem de um riacho cristalino, pescando com sua vara de bambú. Porém o garoto sentou-se ao seu lado e tenta conversar amigavelmente e a resposta do velho, quando se retirava irritado, somente disse:
-Chegou o fim de sua família...
Aquelas palavras fortes pertubaram sua alma e fica somente observando o velho de calças curtas, indo embora segurando caranguejos amarrados em um barbante resistente. Anoitece, e a família jantavam sobre a enorme mesa de banquetes, repleto de pratos exóticos e suculentos, decorados por velas vermelhas e talheres prateados, cujas taças de vinhos, similares á um cálice sagrado, dava uma imagem de sangue humano misturado com os aperitivos de entrada. Inesperadamente, o cachorro que ficara do lado de fora, começou a chorar, arranhando a porta, como se estivesse sendo torturado por alguma coisa invisível e sobrenatural.
Assustado, Brad pede ao pai que deixasse o animal entrar em casa, somente aquela noite e ao abrirem a porta, o cão avança na sala cheio de ferimentos no corpo esquelético, escondendo-se debaixo da mesa trêmulo, onde as pupilas dos olhos estavam dilatadas, fixando a visão na entrada da mansão, protegendo-se de uma ameaça fantasma.
No dia seguinte, Brad amanheceu muito doente, cujos órgãos vitais estavam parando de funcionar, onde a língua ficara seca e o rosto pálido demonstrava o seu sofrimento humano. Sem chances de sobrevivência, morreu na cama ao lado da mãe, segurando sua mão com muita força, como se quisesse pedir perdão por sua alma. Estranhando a repentina morte de seu irmão, Richard retorna ao quarto que Brad havia destrancado antes de falecer e ao avistar a chave de ferro, guardou o objeto no bolso da jaqueta, sem que ninguém descobrisse.
Lembrando-se das palavras daquele velho misterioso, ao dizer que havia chegado o fim de sua família, revoltou-se e foi justificar a atrocidade com aquele homem, porém ao encontrá-lo montado em sua carroça, puxado por uma mula, abordou no meio da estrada de chão, dizendo:
-Espere aí seu velho, por sua culpa meu irmão morreu!
-Por minha culpa?!
-Isso mesmo, pare agora e explique-se maldito!
O velho desceu da carroça pisando em fezes bovinas e disse ao garoto:
-Vocês desafiaram a lenda da chave!
-Chave?!
O estranho homem conta que há muito tempo atrás, uma jovem de dezessete anos morava com seu pai naquela casa assombrada e todas as noites, ela escrevia seu diário particular, onde segredos bizarros estavam guardados naquele livro, e nas noites sinistras da lua cheia, ela praticava magia negra sozinha no quarto escuro, cercada de velas vermelhas e uma cicatriz nas costas em forma de cruz. No entanto, seu pai foi ao seu quarto com a intenção de descobrir de onde vinha os estranhos ruídos e avista uma chave ao lado do diário da filha, curioso destrancou o cadeado e ao abrir a primeira página, surpreenda-se com uma mensagem:
"Quem pegar a chave sem a minha permissão irá morrer"...
Ao ler esse recado assustador, misteriosamente começou a sangrar intensamente, causando uma hemorragia mortal, falecendo sobre o carpete do quarto, ensopado de sangue. Assustado com a história, Richard retirou a chave do bolso e ao mostrar o objeto, o velho ficou com medo e ao tropeçar numa pedra, bateu a cabeça em uma rocha, quebrando o crânio, fazendo os miolos se espalharem pelo barro molhado.
Imediatamente, ele lança a chave num lago negro e profundo, para que nunca mais essa lenda psicótica pertubasse a sua família. Mais tarde, o Sr. Peter sai do toallet e encontra sobre a toalha, uma chave de ferro, cujo mesmo objeto que seu filho havia jogado no lago negro. Imediatamente, subiu as escadas para destrancar a porta do misterioso sótão, aproximou-se da maçaneta enferrujada e girando o tambor da fechadura, Richard aparece assustado, avisando que não entrasse no local, porém o cão invadiu o sótão e inexplicavelmente, presenciaram a cena do animal sendo devorado por algo invisível, onde ele gemia de dor e sofrimento, tendo o couro rasgado, deixando os ossos á mostra, fazendo o sangue escorrer sobre o tapete do corredor. Combinaram, que no dia seguinte, iriam embora daquele inferno, pertubado por uma lenda macabra. Dona Lara acordou de madrugada para beber um copo de suco e sem entender o que estava acontecendo, via-se de frente com seu falecido filho Brad, com uma aparência assustadora, estendendo a mão, chamando sua mãe, dizendo que retornou para busca-la para a eternidade do medo. Amanheceu e descobrem que a mulher desapareceu do casarão assombrado, apavorados, tentaram ir embora, mas as portas estavam trancadas e não conseguiam sair da mansão maldita, exausto, Richard observa somente um rosto feminino de uma jovem, no vidro da janela sorrindo, pois cumpriu sua vingança e aqueles homens ficaram presos naquele lugar, juntos com a lenda da chave para toda a eternidade.
Alexandre S Nascimento
Enviado por Alexandre S Nascimento em 22/04/2007
Reeditado em 27/09/2016
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