A Morte de Deus

Lendo sobre a chamada cultura pagã, me vejo em culturas bem mais interessantes que essa nossa de higiene e castração. Quando leio sobre os rituais das antigas vestais, as tábuas esmeraldinas, grandes nomes de outros tempos, isso soa empolgante. O máximo que fazem hoje é ridicularizar e associar a rituais de pequena monta, para dizer que foi algo do tipo que gera notícia em jornalecos, dizendo ser magia negra e coisas do gênero. Nas pesquisa religiosas, debruçado sobre as principais obras teóricas das ditas mais populares religiões da atualidade, acho tudo um tédio. A repetição da bíblia e do alcorão dá vontade de largar e ir arrancar os pelos do nariz ou a cera dos ouvidos, porque nem ânimo para bater punheta essas obras conseguem proporcionar ao leitor. Claro que um ou outro pode ter uma ereção com Eva, Adão ou quem sabe deduzir algo acerca das aventuras de Salomão.

Falam tanto a respeito desse Cristo encarnado. Uns afirmam ter sido o próprio deus como homem e outros apenas um enviado, filho, e coisas próximas a isso. Me informando sobre os assuntos, as aventuras do tal messias, sou tomado pelo mesmo tédio. Tudo bem que transforma água em vinho, mas o resto parece frustrante, poderia facilitar para o resto dos seguidores ou proporcionar mais diversão, já que deu o pão, porque não aproveitou e ofertou o circo? Cheguei a estourar a cabeça de um padre com uma barra de ferro. Nada de muito diferente do que costumamos ver. Uma vez comentaram acerca de um homem santo e um balaço no peito enviou ele direto para o céu. Sou um assassino que procura o criador, mas só encontra crias fracas e patéticas. O convento foi invadido e homens mascarados fizeram de tudo com aquelas freiras, depois as mataram. Dei a dica, mas não tive interesse em participar. O objetivo era mostrar ao mundo que existe um justiceiro á solta. Acreditam mesmo que só que pune é a religião?

Soube precisamente da vinda do chamado messias. Ele retornaria. Aliás, retornou. Agora, diante do Cristo, não vejo nada de divino e até consigo entender porque o condenaram. Não inspira muita confiança. Falam de ter sido revolucionário, mas vejo um esfarrapado, com um discurso não muito elaborado. Sendo deus ou não, eu consegui o acorrentar. Não me venha com esse papo de amor ao próximo. Isso encheu o saco há dois mil anos. Algumas pancadas na cabeça com um penico que estava aos pés do prisioneiro. Reconheci as chagas nos locais onde supostamente fora crucificado e procurei cravar nelas ferros em brasa e abrir as feridas com facas bem afiadas. Nada de coroa de espinhos. Agora arranco logo o couro cabeludo, retorcendo os pelos com uma rústica máquina. Uma insana mulher, retirada de um manicômio prisional, tenta seduzir o Jesus famoso. Senta no colo do sujeito e enquanto ele reza ao seu pai, ela coloca a boca nos bagos do Cristo. Deve ter algo de religioso, por manter-se mole sendo chupado.

Chora e pede perdão em meu nome. Não me sinto um pecador. A justiça terrena está sendo feita pastor de ovelhas desgraçadas. Com um chapéu feito da carcaça de um bode. Me intitulo Diabo e chamo ele para uma conversa. Vamos ver se comentam a meu respeito na próxima versão bíblica. Maomé poderia intervir, por ser um pouco mais rebelde. Entretanto, já o esquartejei e enterrei as partes do corpo no quintal. Buda foi empalado. Recebendo uma estaca na bunda e queimado vivo em seguida. Esse Jesus é mesmo uma piada. Rasgo a bíblia e atiro as páginas em sua face idiota. Se ele é deus ou se existi alguém que intercede por ele, é muito filho da puta, porque deixa esse cara se foder. As unhas arrancadas, marteladas nos dedos. A mulher encheu o saco. Enquanto estava no colo do Cristo, um tiro não crânio que fez os miolos entrarem na boca do crucificado. Chega dessa lenga-lenga. Arranquei a cabeça de Jesus e a coloquei em uma sacola., viajando até o Vaticano para atirá-la no colo do papa. Os olhos arregalados do pontífice ao ver aquela cabeça conhecida. Ficou louco e pulou da sacada, espatifando-se de encontro ao solo. Os seguranças eu havia comprado e não me tocaram. Os outros papas adoraram o lugar vago e elegeram um novo representante. Esse novo era mais maleável, fazendo discurso em nome da violência e que o mundo precisaria estar banhado em sangue para se regenerar. Era mais sincero que os antigos ocupantes do cargo.

Eu sigo à procura de deus ou deuses. Disposto a destruir esses ídolos e reduzi-los a nada, que foi o que sempre representaram. Minha maldade é fruto da essência humana, já que fomos nós que destruímos cada templo e matamos cada divindade, promovendo faustosos ragnaröks. Podem me odiar, pois estou pronto a receber as influências nefastas. Sou aquele que habita nos corações mais puros. Me levanto diante da luz e crio a sombra mais bela, já que foi da escuridão que a luz nasceu e é nela que encontrará seu destino. Aos pastores e messias, estou disposto a degolá-los, oferecendo sua morte como sacrifício a todas aquelas vítimas que sua ganância devora. Não deixarei livros, pois isso é para os que desejam persistir. Eu venho para transformar e que nada reste do mundo de hoje, o amanhã será um hoje sem passado, com um hiato que será preenchido pela imaginação dos novos habitantes, filhos do desastre.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 16/12/2013
Código do texto: T4614427
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.