O CASARÃO


Na metade do ano de 1957 eu estava prestes de realizar um de meus sonhos: Comprar um casarão afastado da cidade e ter meus momentos de paz e sossego. Dei umas voltas ao redor de Knoxville e encontrei um sensacional me apaixonei de cara. Senti uma atração poderosa quando vi a casa pela primeira vez, estava meio acabada pelo tempo, mas mesmo assim estava fantástica. Morros verde ao redor, um riacho a poucos metros do quintal, ah como eu amo o Tennessee! Conversei com o Sr. Merle sobre uma possível negociação, já tínhamos tornados amigos antes disso, o Sr. Merle era uma figura solitária havia perdido sua esposa e filho num acidente automobilístico onde ele mesmo estava dirigindo. Ele morava só nessa propriedade.

- Você sabe que eu amei este lugar e quero negociar contigo.
Ele fitou-me dizendo:
- Pois bem filho, já estou cansado de ficar quase só aqui, as vezes alguém vem e depois some...
Eu falei:
- Sei como é visitas rápidas não é isso?
- É, visitas rápidas...

Fechamos o negocio, foi rápido, fácil e o preço estava ótimo, ele estava mesmo afim de sair do casarão...

Quanta historia e lembranças há nesses vales fiquei sabendo que nessa região foi uma imensa plantação de cana de açúcar, milhares de escravos trabalhavam naquela época e viviam em cabanas por toda propriedade, ainda é possível encontrar o pouco do que restou dessas cabanas, estão debaixo do mato alto, perto dos morros. Aqui também há um cemitério particular dos Monroe's que foram os primeiros donos das terras, homens mulheres e crianças foram enterrados lá.

Certa vez minha mulher Sarah, levou o nosso pequeno Joseph de 4 anos pra dar um passeio e entraram no cemitério, quando eles entraram ele falou algo que ela não entendeu:

- Mamãe meu irmão Jamie esta aqui!
- Jamie? você não tem irmão Joseph!
- Olha mamãe tem uma corda no pescoço dele.
Ela ficou perplexa quando se abaixou e viu uma lapide com o escrito quase apagado com o nome Jamie Monroe.

Colocou o Joseph no colo e saiu correndo até a casa e me contou tudo:

- Olha Chad eu não estou gostando desse lugar o pequeno Joseph viu algo muito estranho no cemitério!!

Ela me contou tudo.

- Calma querida, calma, foi uma coincidência
- Duvido, eu duvido.

Um dia eu vi o Joseph lá fora rindo e pulando sozinho, achei tão bonito meu filho brincando só, como um rapazinho, mas algo estava errado, ele apontava, depois estendia a mão, sorria e corria. Estava agindo super estranho quando fui lá ele disse:

- Olha papai, aquela mulher é minha amiga
- Onde Joseph!?
- Ali papai esta com um menininho com um colar de corda
- Pare com isso Joseph, mentir é feio, agora entre
- Tá papai.

E entrou dando tchau pro lado de fora, mas pra quem? Fiquei com aquilo na cabeça,

Numa noite eu estava sentado a mesa pra jantar só (Sarah estava na casa de seus pais com Joseph) e no momento em que eu terminei de dar graças quando levantei a cabeça vi uma mulher com um vestido branco, parada olhando para mim, ela estava de mãos dadas com uma criança que tinha uma corda em volta do pescoço ela abriu a boca como quisesse falar algo e depois ficou apontando para a porta, Sai correndo abri a porta que dava acesso ao lado de fora e vi uma mulher de joelhos chorando e olhando uma criança enforcada no pinheiro, fiquei em choque! Era a mesma mulher que eu tinha visto a poucos segundos atras, voltei para a casa e vi de novo a mesma mulher ao lado de uma criança pendurada na sala. Corri pro sótão e liguei a luz, nunca tinha entrado lá, havia fotos por todos os lados e coisas de sótão, vi uma foto de duas mulheres de nomes Dakota Monroe e Daniels Monroe gêmeas com duas crianças, que se chamavam Jamie Monroe e Jerry Monroe. Eram as mesmas entidades que estava lá fora e na sala de jantar. Desci e peguei meu Lincoln 54 e fui embora apavorado, as duas mulheres gritavam e choravam.
No caminho encontrei o Sr. Merle no seu carro e o interceptei:

- Sr. Merle, Sr. Merle!! Nâo vai acreditar no que vi!!
Ele sorriu pra mim e disse:
- Acho que já sei filho...
- Como assim?
- Filho, eu morei ali sozinho mais de 30 anos, você esta falando das duas moças e as duas criancinhas. Essas visitas eram constantes, mas me acostumei, estava tão só que as vezes me fazia bem essas presenças, pouco a pouco essas visitas estavam sumindo, então decidi vender a casa, a solidão tomou conta de vez.

Quando eu ia perguntar o porquê dele não ter me contado sobre esses fantasmas eu me lembrei da nossa conversa na negociação:

- Então essas eram as visitas rápidas...
- Isso mesmo filho, isso mesmo.

Dias depois do ocorrido coloquei a casa a venda, e pensando bem; não sei se vou falar sobre essas visitas.






 
Wotson de Assis
Enviado por Wotson de Assis em 11/01/2014
Reeditado em 12/01/2014
Código do texto: T4644948
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