O fim de um velho sobrevivente.
Corro.
Isso é tudo o que resta fazer.
Correr.
A munição chegou ao fim, assim como meu vigor e coragem.
Assim como minha esperança.
Quando garoto, lembro-me de que todos falavam sobre zumbis e apocalipse como algo bom e divertido. Como algo impossível e até mesmo tolo.
Como estávamos enganados.
Quando o fim da humanidade teve seu inicio, eu estava em casa matando meu tempo jogando vídeo game e conversando com os amigos na internet. Foi então, que um meteorito caiu sobre a cidade de Nápoles a dizimando completamente, mas isso foi o de menos. Um tipo de micro organismo veio junto do corpo celeste e se espalhou pelo lugar, mudando animais e trazendo os mortos de volta a vida.
Pequenos animais sofreram mutações, herbívoros se tornaram carnívoros e os carnívoros ganharam novas características como chifres, presas em várias fileiras e um apetite anormal por carne humana.
Demorou apenas um ano para que todo o planeta fosse dominado pela praga alienígena. Em apenas um ano, o tão alardeado e até querido por alguns, apocalipse zumbi teve seu lugar.
Em apenas um ano, o mundo foi à merda.
Somente os mais fortes, inteligentes e cruéis sobreviveram. Somente os que se adaptaram sobreviveram. O maldito Darwin tinha razão.
Por anos tenho lutado para sobreviver. Lutando todos os dias contra hordas sem fim de mortos vivos e animais mutantes, mas hoje, vejo que o meu fim está próximo.
Estou velho e só.
Faz mais de um ano que não vejo outro humano e acho que eu devo ser um dos últimos.
Corro até encontrar uma árvore que possa escalar e usando das minhas forças finais me refugio nela.
Não demora muito para que um oceano de mortos cerque o meu refugio. Milhares de aberrações, todas havidas pela minha carne, rangendo os dentes, de braços estendidos em minha direção, gritando de frustação e fome.
Sorrio.
Sei que estou ferrado, não há mais como escapar. Decido que ficarei aqui até que a fome e a sede venham me matar, mas logo tenho essa esperança de uma pequena ultima afronta contra o destino, completamente destruída.
Algo começa a subir o tronco, um gato. Um maldito gato.
Ele escala a árvore lentamente, me estudando.
Retiro um dos sapatos e o jogo contra a pequena fera. Isso apenas a irrita e ela de forma ameaçadora mostra suas presas. Todas as suas seis fileiras de presas. Maldito gato e sua boca de tubarão.
Como um raio, o gato chega até mim e com um ataque feroz, me decepa parte da mão esquerda. Mesmo cheio de uma dor lancinante, eu o chuto, mas ele se agarra ao meu pé o rasgando por completo. Perco o equilíbrio e tombo em direção ao oceano de mortos vivos.
Durante a queda, seguro a granada que venho carregando como um pingente durante anos. Eu a chamo de “Saída Fácil”.
Caio sobre vários mortos e isso amortece minha queda, dando-me o tempo que preciso para puxar o pino.
Sorrindo, puxo o pino... Mas a granada falha.
Lenta e dolorosamente sou devorado.