Segredos sussurrados

Andando distraído olhava para o chão, assoviava uma canção antiga, aquela que era fundo musical de seu ultimo amor, bons tempos aqueles quando a vida ainda tinha algum sentido. Acabara de completar 32 anos, se sentia velho, cansado, mesmo que seu corpo tivesse vigor, sua alma vivia em meio a uma penumbra constante. Seus olhos sem brilho, a alma pedindo por um fim rápido e indolor, o tempo escoando dia a dia, a vida passando sem sentido.

No chão uma pequena bolinha de papel, de cor avermelhada, curioso abriu, e leu as linhas:

Segredos sussurrados

Minha pele sente o frio, se arrepia.

Mas minha alma esta aquecida, encantada.

A paixão me sussurra versos, me embala o sono.

Sonho com seus olhos mesmo acordada...

O relógio está sempre parado,quando estamos longe.

Quando próximos ele corre rápido, insano.

Sua voz, seu sorriso, me hipnotizo, me convenço.

Que te quero pra vida inteira, não por um dia ou um ano.

Quantos sonhos construiremos juntos?

Quantas noites ouviremos no silencio segredos?

Serei sua metade e você a minha?

Faremos dos dias contos, e dos anos enredos?

Será minha inspiração, a mais doce, a mais simples.

Será meu herói e meu vilão.

O mesmo que me fará sentir todas as sensações.

Mas aquele a quem para sempre darei meu coração.

Te mostrarei no céu mistérios, pois Diana é feminina.

Cantarei uma musica doce a seus ouvidos

Te ninarei, te amarei, me entregarei mulher e menina.

E assim seremos, nada mais que dois em um.

No final da folha uma parte arrancada, talvez a ultima estrofe, ficou curioso, como terminaria aquele texto? Quem dedicava um amor tão intenso a um homem? O perfume feminino que emanava da folha, a letra bem desenhada, ah, sentia o coração disparado, talvez de inveja de quem recebera, talvez de curiosidade de saber quem a artista apaixonada que se derramara em versos tão simples e ao mesmo tempo profundos...

A semana passou, não tinha instante que sua mente não o levava ao encontro daquela cena, uma mão delicada escrevendo trêmula uma carta apaixonada, não conseguia pensar em outras coisas por muito tempo. Enquanto caminhava, olhava para os lados, sempre que passava pelo caminho onde encontrar olhava ao redor, toda moça era uma possibilidade, procurava os olhos profundos que demonstrassem tais sentimentos, podia ate memso jurar sentir aquele perfume doce, que era suave e incomparável, nada comum, pensou em procurar a loja que o vendesse, mas seria algo insano.

“Estou enlouquecendo, que poder tem tais versos de me virarem a cabeça deste jeito?!”

Sexta-feira foi para um bar com alguns amigos, sentado observava as mulheres que ali estavam, todas umas vulgares, incapazes de escreverem versos, a procura de uma companhia para aquela noite ele ainda tinha esperanças. Quando virou o rosto teve a visão celeste, parecia um anjo, era morena, de olhos castanhos e amendoados, com uma aparência meiga e ao mesmo tempo fatal, sentindo o coração disparar pensou em como ir ate ela, enquanto pensava teve a alma sugada por aqueles olhos delineados de preto, abaixou-os em seguida com um sorriso tímido, ela parecia uma criança que observava mas se intimidava com a indelicadeza de tal atitude. Quando tomou coragem e foi ate ela perguntou:

-O que faz uma moça tão linda sozinha em um lugar assim?

-Estava procurando você.

- Como assim em procurando?

-Você pegou meus versos, eu vi, tentei alcança-lo mas não pude, descobri que vinha aqui e vim te procurar.

Pensou de repente em como ela poderia ter visto se a rua estava deserta no dia? Apesar de que estava muito distraído para afirmar tal coisa...

-Esta em minha casa...

-É perto daqui?

-Sim...

-Por favor, vamos até lá então?

Ela então o seguiu, ele mal conseguia caminhar, ela era linda, tinha unhas curtas mas dedos compridos, perfeitos para fazerem versos, tinha um olhar sonhador, um sorriso bonito, cabelos escuros, parecia um sonho bom...

-Espere, que trago para você -disse entrando.

-Não vai me convidar para entrar?

A malicia dos olhos dela o assustaram. Quando percebeu ela já o empurrava para dentro, jogando-o no sofá e indo para cima dele.

- “Te mostrarei no céu mistérios, pois Diana é feminina.

Cantarei uma musica doce a seus ouvidos

Te ninarei, te amarei, me entregarei mulher e menina.

E assim seremos, nada mais que dois em um.”-sussurrou em meus ouvidos, seguindo com um beijo quente.

No momento em que os corpos estavam prestes a se tornarem um ele sentiu a forte dor em sua barriga, garras negras o perfuraram saindo pontudas por suas costas, gemeu baixo como um animal.

-Vou te mostra como termina – tirou um pequeno pedaço de papel, a ultima estrofe e sussurrou no ouvido dele-

“Seu sangue regará minha pele.

Serei linda para sempre a seu lado.

Na eternidade da morte sempre unidos.

Voltando a uno os dois separados”

T Sophie
Enviado por T Sophie em 02/05/2007
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