Promessa - Capítulo I e II

Capítulo I

Thiago acordou, a cabeça doendo. Levantou-se para ir ao banheiro, tonteando rapidamente quando o fazia. Havia exagerado na noite anteror - cerveja e whisky - enquanto celebrava seu aniversário junto de alguns amigos, num dos muitos pubs da cidade.

Colocou seus chinelos e caminhou pelo corredor vagarosamente - doze passos -. Não precisou ligar a lâmpada, pois morava ali já se faziam três anos, e conseguiria andar pela casa até mesmo vendado e, para sua sorte, bêbado. Sua cabeça latejava de dor, desagradável bônus que vem depois de toda bebedeira.

Ao entrar no banheiro bateu a mão no interruptor, a luz repentina o cegou, e teve a mesma súbita sensação de quando se encosta o o dedo numa panela quente: um pico de dor, e então o alívio gradativo. Caminhou até o vaso e levantou sua tampa. Sentiu o líquido descendo, ardente: já não se importava mais, estava acostumado com aquilo, depois de tantos aniversários ou noites Poker’s night na casa de amigos.

Por Deus, eu preciso parar de fazer isso.

Puxou a descarga, lavou as mãos, bateu novamente no interruptor e se pôs a caminhar de volta ao seu quarto. Estava cheirando levemente à suor, mas não se importava: tomaria um bom banho gelado e um bom copo de café quando acordasse, com o sol já no céu, três horas depois. Tirou seus chinelos, deitou-se na cama e fechou os olhos.

Adormeceu rapidamente, sem nem se dar conta disso. Seu último pensamento antes de se deitar: eu realmente preciso parar encher a cara.

Capítulo II

Acordou ao som de Blue Swede, com a música Hooked on a Felling. A dor de cabeça ainda estava lá, mas mais fraca. Estava recuando, mas ainda se fazia presente como se falasse descanse mais, durma mais um pouco e eu vou embora. Só mais uma horinha!

Queria isso, mas não poderia atender ao tentador pedido. Tomou dois comprimidos de Tylenol e foi para o banho. A água gelada e o remédio findaram de vez o maldito circo que estava acontecendo na cabeça de Thiago. Abriu as persianas quando entrou em seu quarto, deixando a luz do dia entrar. O céu estava sem nuvem alguma, totalmente limpo. Vestiu uma camiseta preta, um jeans e seu allstar tamanho 41. Colocou um pouco de gel para cabelo H hour (nós não te deixamos na mão!), e parou em frente ao espelho.

Arrumou o cabelo, fazendo o típico topete que usava desde seus dezenove anos. Agora tinha vinte e cinco. Não. Vinte e seis. Havia se esquecido de seu aniversário no dia anterior. Ainda tinha espinhas no rosto, o que achava totalmente injusto. As malditas vieram cedo, e se negavam a deixá-lo: teria mesmo que usar aquele creme fedido (e caro) recomendado pela dermatologista. Quando estava quase terminando, notou em seu pescoço algo estranho, preto, mais ou menos do tamanho de uma uva. Cacete, que merda é essa?

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Miguel Bernardi.

Miguel Bernardi
Enviado por Miguel Bernardi em 04/09/2014
Código do texto: T4949163
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