Milena – Gênesis (Capítulo I - Vida)

Introdução

Alguma vez você desejou ter poderes? Ser diferente de outras pessoas?

Eu não, pelo contrário desde que ela apareceu mudou minha vida com seus olhos negros que aquecem minha alma... Trazendo-me problemas e ao mesmo tempo alegrias... Desejei apenas ser normal...

A história de um menino que tem um poder que mudou sua vida e de seus amigos...

Um livro...

Um colar...

.

Três Corações...

E uma Alma cobiçada pelas trevas...

Capítulo I – Vida

Era uma noite chuvosa, raios e trovões nos assustavam a todo tempo, sozinhos em casa assistindo televisão; meus dois irmãos (Luana e Luis), meu melhor amigo Alison, sua irmã Ane e eu estávamos totalmente entediados...

- Vamos brincar de pique esconde? - Choramingava Lua deitada a meus pés.

Estava disposto a fazer algo para anima-los, mas a casa era enorme, e não podíamos deixar Luis sozinho, com apenas três anos iria sentir medo.

- Melhor não Lua, esqueceu dele? - disse apontando meu irmãozinho com a cabeça

- Ah, relaxa Ro - disse Ane me olhando com seus lindos olhos - ele esta quase dormindo, nem vai perceber que saímos, e além do mais, estamos todos de saco cheio de ficar trancados aqui.

Pensei enquanto todos me olhavam, não poderia recusar diversão a eles.

- Ok, vamos, mas prometam que vão ficar por perto, caso ele chore.

Todos concordaram com a cabeça enquanto se levantavam sem fazer barulho para não acordar o caçulinha..

Enquanto procurava os outros, a chuva engrossa lá fora, com um forte estrondo a energia elétrica acaba, apagando as luzes que iluminavam o caminho.

Como não enxergava, caminhei lentamente segurando pelas paredes.

Ao passar pela porta da cozinha ouço alguém chorando baixinho, fiquei preocupado pensando que poderia ser alguma das meninas que se machucou durante a queda de energia. Com cautela para não me machucar também caminho em direção ao som.

Sentada no chão, encostada na parede ao lado do armário estava uma menina, com os joelhos juntos ao peito e a cabeça abaixada entre eles, ela soluçava de tanto chorar. me aproximei, ela nem havia percebido minha presença.

- Olá - Digo num sussurro.

Ela ergue seus olhos em minha direção lentamente, quando pude ver a beleza surpreendente de sua face, seus olhos e cabelos eram negros como a noite, sua pele branca como seda e sua boca vermelha como o mais doce dos morangos, era simplesmente a menina mais linda que já havia visto.

- Olá - riu ela entre dentes - me desculpe te incomodar.

- Não, está tudo bem, quem é você?

- Eu?

- Sim, como se chama?

- Meu nome? - disse ela se levantando enquanto enxugava as lágrimas

- Meu nome é Rogério, e o seu?

- Uma imensa alegria pareceu dominá-la quando ouviu meu nome.

- Isso - exclamou ainda sorrindo - estou aqui por você.

- Por mim? - disse assustado - Quem é você?

- Nha... Não sei não - disse ela ainda sorrindo - A unica coisa que me lembro é... - parou por um segundo e seus olhos embranqueceram, voltou ao normal e disse sorrindo - meu nome é Milena.

As luzes se acendem e ouço Alison me gritando.

- Ro, onde você se enfiou?

- Estou aqui Li - respondo com um grito - São meus amigos, você gostará deles - disse me virando a Milena.

Luana aparece na porta da cozinha.

- Lua, está é Milena, acho que ela está perdida e...

Minha irmã me encarava com cara de espanto, quando Alison entra a empurrando seguido de perto por Ane.

- O que houve? - pergunta meu amigo.

- Ou ele esta querendo me assustar ou enlouqueceu de vez.

- Mas... - tento argumentar me virando, a menina não estava mais lá, havia sumido.

- To com sono... - entra Luis na cozinha esfregando o olho enquanto arrastava um cobertor velho pelo chão.

- Ok pessoal, chega de brincadeira, vamos dormir, estou mesmo precisando de uma boa noite de sono - falei empurrando Lu para o quarto.

No dia seguinte minha mãe me acorda cedo como de costume com um beijo.

- Bom dia filho!

- Eeeeca mamãe, para com isso.

- Levanta logo e vai para o banho - diz sorrindo - já esta ficando atrasado.

Ainda sonolento olho para o relógio, não estava nada atrasado, vou para o banheiro tirando a roupa pelo caminho. Tranco a porta do banheiro e ligo o chuveiro, a água estava maravilhosa, o vapor tomava conta de todo o ambiente.

- Oi Rogério.

- Me assusto com a aparição de Milena atrás de mim.

- Ei - grito me enrolando na toalha - O que acha que está fazendo? Será que não percebe que estou no banho?

- Até onde sei você tem apenas oito anos, pra que a vergonha?

Ergo as sobrancelhas e falo:

- Como sabe que tenho oito anos? - nem espero ela responder e puxo a porta para abri-la, mas ela estava trancada; Me lembrava claramente de tê-la trancado quando entrei - e como conseguiu entrar? A porta está trancada - me viro para encará-la, mas ela não estava mais lá.

Corro em direção à escola, a esta altura estava muito atrasado, tento cortar caminho pela mata, a escola era um pouco afastada de onde morava.

Enquanto corria, perco o equilíbrio e caio em um buraco, havia me ralado, e estava com dor no pulso. Olho para cima e começo a gritar.

- Socorro, alguém me ajude!

No fundo sabia que era impossível alguém me ouvir, estava distante da rua principal, apenas um milagre poderia me tirar de lá, sentei e comecei a rezar de olhos fechados.

- Precisa de ajuda?

Só podia ser brincadeira, será que esta menina estava me perseguindo?

- Da sua mão... - disse ela esticando os braços em minha direção, faço o mesmo, mas minha mão parecia não encostar-se à dela.

- Não consigo - disse me sentando novamente.

- Ah. Que saco... - ela gritou, uma raiz de árvore caiu no buraco, a segurei e comecei a subir, ela sorria... Estava salvo...

Estávamos andando pela rua, bem lentamente, chegar atrasado não me importava mais.

- Como sabia que eu precisava de ajuda.

- Não sei! - disse ela sorrindo.

Um carro desceu a rua em alta velocidade, estava na calçada, enquanto Milena saltitava pela rua; tapei meus olhos com as mãos e gritei.

- MILENA CUIDADO!

Um minuto que pareceu uma eternidade se passou. Não houve som de batida, abri meus olhos devagar, estava com medo da cena que iria presenciar.

- Que foi? - falou ela sorrindo.

A garota continuava em pé, a minha frente.

- Ma-ma-mas... O Carro passou em cima de você, era pra você estar morta... - Falei sem fôlego.

Seu sorriso sumiu, todo seu corpo enrijeceu, ela me encarou e disse:

- Eu, não posso morrer, porque... Porque já estou... Morta...

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 07/10/2014
Reeditado em 07/10/2014
Código do texto: T4990542
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