Milena – Gênesis (Capítulo II - A dor de Perder um Irmão)

Dois anos se passaram desde que conheci Milena, nos tornamos amigos inseparáveis, não podia conversar com ela próximo a outras pessoas, todos me olhavam com medo ou diziam que estava ficando louco.

- Arrumaram suas coisas? - perguntei a meus irmãos, minha madrinha iria passar a qualquer momento para nos pegar, iríamos passar o fim de semana na casa de praia do meu pai.

- Acho que sim - respondeu Luis.

- Leva o jogo da vida, para ter algo que fazermos lá - pediu Lua - ficar no vídeo-game do Alison o dia todo, ninguém merece.

- Não faço ideia de onde esteja - retruquei com ela.

- Esta no porão - falou mamãe entrando na sala.

- Odeio descer lá em baixo - disse fechando a cara.

- Medroso - disse Milena em meu ouvido.

- Não estou com medo - gritei.

- E alguém disse que está? - berrou Lua.

Não tinha outra alternativa, fiz um sinal sutil com a cabeça para Milena me seguir, desci as escadas do porão escuro; não me sentia bem naquele lugar.

- Ah, o jogo está ali - disse animado.

- Pega logo, sua tia já está chegando para nós irmos.

- Quem te convidou?

- Não perderia isso por nada - disse ela sorrindo.

- Acendi a luz e caminhei até um baú, onde o jogo estava. O baú era de madeira velha e cheirava a mofo.

- O que é este baú? - falou Milena encostando-se à parede.

- Não sei, e não quero saber, vamos sair daqui...

- Ah, abre ai pra ver o que tem nele, estou curiosa.

- Novidade - disse revirando os olhos.

Abro o baú com uma certa dificuldade, pois a trava estava enferrujada, havia muitas tralhas velhas dentro, roupas estranhas, vidros com olhos, fetos humanos, unhas enormes, aranhas vivas em vidros, e no fundo do baú, um livro velho me chamou atenção.

- Mazus - Li na capa, passando a mão em uma estrela estranha que havia na capa, acho que era feita de ferro negro, pegava metade do livro e brilhava muito.

- Ro, a tia chegou - ouvi minha irmã gritando.

- Estou indo Lua.

Fechei o baú e coloquei o livro e o jogo na mochila, enquanto corria para o carro.

- Benção madrinha - disse como sempre.

- Deus te abençoe - respondeu ela.

- Olha Li - falei para Alison batendo na mão dele, como comprimento - Ane - disse beijando minha prima no rosto.

- Estão todos prontos? - perguntou madrinha.

- Sim - respondemos todos juntos animados.

Mamãe sempre disse que a madrinha tinha muita coragem de ir à casa de praia sozinha com cinco crianças, mas ela cuidava bem de nós.

- Estou levando o vídeo game - disse Ane.

- Ah, que legal - retrucou Luana - Meu irmão esta levando o jogo da vida, vamos ter bastantes coisas para fazermos dessa vez.

Sorri, e olhei para o Alison que se manteve quieto a viajem toda.

- Que foi Li? - Perguntei preocupado - Li era como um irmão pra mim, sempre estávamos juntos, eu o conhecia melhor que ninguém.

- Não é nada Ro, - disse ele abaixando a cabeça - Na verdade... Não queria ir, estou com um mau pressentimento.

- Mau pressentimento? - falei sorrindo - relaxa, você ama água, é o melhor nadador da escola, e agora esta com medo de ir a praia.

A viajem parecia que não ia terminar, estávamos ficando exaustos.

- O que é isso aqui? - perguntou Alison abrindo minha mochila.

- Não é nada, só o jogo dá... - me lembrei de que o livro estranho estava lá também.

Ele pegou o livro nas mãos, e começou a ler uma escrita a punho que havia do lado de dentro da capa.

“Mazus libro, no abra a menos que quieramorir.

Lasbrujas de negro Mazus magia”.

- Não entendi nada... - Disse Alison folheando o livro.

No livro havia muitos desenhos macabro, monstros, pessoas mortas, mutilação, eu realmente havia ficado com medo.

- Ah, olha aqui... - disse surpreso olhando para mim - parece uma oração

- Para Li, isso esta me dando medo.

Não me deu atenção e começou a ler:

“Dios da y quita Lucifer, eldiabloviene a mí desde las sombras.

Me comprometo a ser fiel y siempre honor a sunombre.

La magia se agradeció usado aquí por mí.

Ofrezcounsacrificio humano ser, mi alma estuya, y mi cuerpo me pertenece a mí.

Gracias a Dios por Dios, Satanás eselrey ...”

Não entendia nada do que ele estava falando, mas aquilo me arrepiou, Milena apareceu atrás de mim, gritando.

- O que pensa que estão fazendo?

Olhei assustado para Milena em seguida pro Alison, não podia começar a falar com ela do nada.

- Que vocês estão fazendo? - pergunta Lua.

- Nada, só lendo um livro estranho - Respondeu Alison.

Tomei das mãos dele o livro e enfiei na bolsa novamente.

Enfim chegamos na casa de praia, corremos para pegarmos os melhores quartos, entretanto cada um já sabia qual era o seu.

Mal entro no meu quarto e Milena começa a gritar:

- Porque? Porque estavam orando para o demônio?

- Que? - perguntei assustado.

- Primeiro passo Ro, não mecha com o que você não conhece.

- Darei um fim no livro - disse pegando a mochila, fui até a janela que dava para o mar e joguei o objeto, avistei ele caindo na água e afundando.

- Eeeee Rogério - disse sorrindo - Vou descer pra tomar sol.

- Desde quando um espírito toma sol?

- Eu tento - sorrimos juntos e ela desapareceu.

Desci até a sala onde os outros me esperavam.

- Cadê a madrinha? - perguntei.

- Esta na cozinha fazendo bolo - respondeu Lua sorrindo.

- Ok, ok - falou Ane se levantando - Vamos jogar vídeo game?

- Vamos! - eu disse.

- Não vai não - exclamou Alison.

- Não? - perguntei levantando a sobrancelha.

- Não, vamos para a praia, estou louco pra nadar.

- Você não estava com medo?

- Medo? Não... Agora me deu uma grande vontade de ir.

- Mamãe não vai gostar disso - Se intrometeu Ane.

- Posso ir também? - disse Lu.

- Você não vai Luís, - disse Alison se enfezando - e mamãe não precisa saber Ane, se eu fosse você não falava nada, vamos escondidos. Luana cuida do seu irmão, voltamos mais rápido.

Saímos pela porta dos fundos, para madrinha não perceber, corremos até a praia que estava cheia.

- Vamos para o Porto - disse ele me empurrando - lá vamos poder nadar em paz, aqui tem muita gente.

- Eu prefiro ir onde tem gente - disse sorrindo.

Fomos a um cais distante, onde não era usado a anos. Alison tirou a roupa e pulou na água.

- Nossa, a água esta muito boa. Pula aqui Ro - disse ele.

- Você sabe que eu não sei nadar - ele riu, e eu sentei com os pés dentro da água.

- Qual sua ZapuraRo?

- Zapura? Que isso?

- Um sonho maior, que você faz de tudo pra alcançar.

- Para de inventar palavras - disse sorrindo – Daqui um tempo vamos ter que criar um dicionário só para colocar suas palavras. Não tenho uma Zapura não.

- Minha Zapura é um dia disputar as olimpíadas e ganhar milhares de medalhas de ouro - sorrimos juntos, ele chegou perto e jogou água em mim - se não vai entrar na água ao menos vai se molhar.

Estávamos nos divertindo, ele sempre sabia como me fazer sorrir, amava muito o Alison.

Ele se afastou de onde estava.

- Vamos embora Li? Já esta ficando tarde, não quer que a tia nos castigue, né?

- Ah, ok... - ele nem termina de falar e começa a gritar – Aaaaaai...

- Que foi Alison? - disse me levantando - Para de brincadeira.

-Esta doendo muito Rogério - começou a gritar se debatendo na água.

Comecei a entrar em desespero, não fazia ideia do que fazer, olhei pros dois lados, mas não havia ninguém, não podia simplesmente deixar ele se afogar, mas o que podia fazer? Não sabia nadar... Aquele pensamento me deixava em pânico, então tomei uma decisão, tirei a camisa e pulei na água... Se não conseguisse salvá-lo, ao menos morreria tentando.

A água estava quente, debatia na água tentando ficar calmo, mas estava bebendo muita água, tentei prender a respiração e bater as pernas e os braços como Alison havia tentado me ensinar, consegui chegar perto dele, quando toco sua mão uma onda nos cobriu, segurei em sua mão tentando puxá-lo para cima, mas as forças em mim haviam se esgotado, estava me sentindo pesado, então me afoguei... Meus olhos se fecharam...

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 07/10/2014
Código do texto: T4990547
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