Milena – Gênesis (Capítulo IV - Décimo Quinto Aniversário)

Cinco anos havia se passado desde que havia posto as mãos no livro de Mazus, minha família se mudou para a casa de praia, onde mamãe arrumou um bom emprego e começou a namorar, Ane havia se mudado para nossa casa.

Estava na praia com meus amigos de escola; Jaqueline, uma jovem morena que me encantava com seu sorriso, era sempre a mais inteligente do grupo, e namorava Tawan.

Tawan, meu melhor amigo, foi o primeiro que se aproximou de mim desdê a morte de Alison.

Tamires, uma menina loira e arrogante, não gostava muito dela, pois sempre que minha namorada Aline não estava por perto, me assediava descaradamente.

Aline, sua pele morena e seus cabelos castanhos eram simplesmente lindos, ela era a mais linda da escola, estava com ela por apenas conveniência, pois não gostava muito dela, mas ela me amava.

- Hoje está muito calor não acham? - disse Tamires.

- Me passa o protetor, por favor? - pediu Jaqueline.

O sol estava realmente muito forte, eu estava deitado em uma cadeira de praia ao lado de Aline que apoiava sua cabeça em meu peito.

- Não importa o clima, tudo o que eu quero já tenho - dizia Aline me abraçando ainda mais.

- Que você tem Benjo? - perguntou Tawan.

Aquele apelido Bonbenjo, minha mãe me colocou de castigo por dias, por eu ter escrito nas paredes do quarto, ela nunca acreditou que Milena realmente existia.

- Não tenho nada Wan.

- Ótimo, então vamos cair na água - disse ele se levantando com Jaqueline.

- Água, é exatamente o que preciso pra esfriar a cabeça - disse me levantando também, me apoiando a prancha de surf.

- Vai surfar e me deixar sozinha aqui? - perguntou Aline.

- Quer vir comigo? - perguntei, ela fez uma cara de nojo, então dei a costas e corri em direção a água com Jack e Wan.

A água estava perfeita, quente como sempre, subo em minha prancha e remo com as mãos até o fundo, onde tinha boas ondas, aquela praia era bem afastada de onde a população frequentava; quase ninguém conhecia o local, a não ser os alunos da escola.

Quando dou conta do tanto que havia remado, percebo que estava meio distante dos outros.

- Oi Benjo - me assusto com a aparição de Milena, nunca me acostumei com ela aparecendo do nada.

- Milena - falo entre dentes - Quantas vezes vou ter que dizer para não me assustar assim?

Não quero que ninguém me veja falando com você.

- Ok, da próxima vez farei o céu trovejar pra avisar que estou chegando - ela riu.

- Não tem graça, o que está fazendo aqui?

- Não tinha nada pra fazer e resolvi vir te ver surfar.

- Mas você sabe que não posso ficar falando com você assim em público, ou você quer que me internem num sanatório?

- Para Benjo, estou aqui só de bobeira - disse se virando - mas se quiser pode me ignorar.

Estou nem ai pra você mesmo.

Ela faz uma carinha de quem estava triste, coisa que sempre da certo para conseguir o que quer. Suspiro fundo e grito para Tawan.

- Vou ali tomar uma limonada.

Chegando a barraca próxima a praia, uma nuvem cobre o sol deixando Mili com ar mais sombrio que o normal.

- Que olhar é este Milena?

- Tem alguém aqui.

- É claro que tem - digo sorrindo - a praia esta cheia de estudantes.

- É alguém não humano Bonbenjo.

Olho para todos os lados, mas não vejo ninguém diferente, então o sol reaparece e uma sombra cai sobre nós, olho para cima e vejo a coisa mais estranha da minha vida.

- Tem alguém... Voando... Ali em cima... - Digo a Mi.

Um menino de cabelos negros, com asas brancas desce pisando no chão com um baque surdo.

- Milena, até que enfim a encontrei - disse ele sorrindo.

- Te procuro há sete anos, desde que... Bem... Não importa... Você está bem e segura, e...

- Quem é você? - o interrompo.

- Eu? - diz ele - Quem é você devo dizer, e como pode estar me vendo?

- O conhece Mi? – pergunto.

- É claro que não Benjo.

Parecia que a cabeça de Milena estava tão confusa quanto a minha.

O garoto não parecia ter mais que quinze anos, sua pele era branca e seus olhos negros como os de Milena.

- Meu nome é Erick - disse ele estendendo a mão para mim.

- Eu sou Rogério - disse pegando na mão dele - Posso te tocar - falei surpreso - Você não está morto – seu rosto não me era estranho, afinal podia jurar que já havia visto aquela franja negra caindo sobre os olhos.

- Suponho que não - falou ele rindo.

- Erick? - perguntou Milena - Esse nome não me é estranho, mas não me lembro de onde lhe conheço rapaz, pode voltar de onde você veio.

- E depois eu que sou estouradinho né dona Milena? - disse rindo.

Erick então fechou a cara e disse:

- Não quero que nenhum dos dois saia esta noite, me encontrarei com vocês às oito horas em ponto.  

Uma luz o envolveu e ele sumiu como havia aparecido.

- Impossível eu não sair hoje Mi, esqueceu que dia é hoje?

- Não faço ideia de que dia é hoje Benjo.

- Amiga desnaturada - disse me sentando - Hoje é o meu Décimo quinto aniversário.

- Parabéns - disse ela animada - vão fazer uma festa bem grande, convidaremos a cidade toda.

- Ei, ei - eu disse - se segura ai gatinha, você não vai não, eu e meus amigos faremos uma festa meio isolada lá na casa da Angélica, a festa começa às nove da noite.

- Você ia a uma festa e não me chamou - disse se sentando deprimida.

- Me desculpe Mi, mas não podia te levar, pois não poderia te dar atenção.

- Não importa se ia me dar atenção ou não, ao menos me chamasse né, não tem consideração comigo não?

- Milena para de fazer drama e se concentra no problema.

- Que problema?

- Quem ou o que é este Érick - disse quase gritando.

O balconista da barraca me olhava com cara de medo.

O dia passou muito rápido, estava pronto para minha festa e não era nem oito horas, andava de um lado para outro com Milena atrás de mim, mamãe havia feito um almoço para comemorar meu aniversário, Meus irmãos havia ajudado ela em tudo, o que me deixava contente, pois Luana sempre foi rebelde, fazia tudo o contrario do que queria que ela fizesse, ela gostava de fazer isso para irritar mamãe, como se quisesse provar alguma coisa para alguém, e Luís era sempre paparicado, adorava agradar a todos.

- Eu estava vendo aquela novela com sua irmã Benjo - começou Mili - Aquele moço é tão, mas tão lindo - suspirava sonhadoramente.

- Mi, não começa com suas besteiras de menininha não, você não teve infância?  

Ela ficou vermelha de nervoso, antes que me respondesse um baque na janela nos desconcentrou; Erick entrava pela janela com suas asas brancas.

- Pessoal, acho que está na hora.

Eu e Mi trocamos olhares de suspeitas, mas foi ela quem disse primeiro:

- Ah, não venha com essa não, eu e Benjo vamos fazer o que quisermos na hora que quisermos, e é bom você dar meia volta antes que eu mesma faça você sumir da minha frente.

Parei por um momento surpreendido, um ataque de riso me atingiu.

- Pelo menos foi com você e não comigo - eu disse ainda rindo para Erick.

- Para de rir Benjo, eu estuo tentando falar sério aqui e salvar o dia - continuou Milena me fuzilando com os olhos, e virou novamente para Érick - Tudo bem, falo apenas por mim, porque o palhaço do Rogério não quer saber de nada.

- Ei - falei tentando conter os risos - não me chama de palhaço não, pirralha, hoje a meia noite faço quinze anos e serei mas velho que você, vai ter que me respeitar.

- O que adianta ser mais velho se tem mente de criança? - disse ela ainda me fuzilando.

- Será que dava pra vocês parar de brigar, e Bonbenjo, faça o favor de atender o telefone.

- Para de me chamar de Bonbenjo - disse bravo - e o telefone nem esta tocando.

Nem ao menos terminei de falar e meu celular começou a tocar...

- Alô - digo meio rouco, a voz do outro lado parecia aflita.

- Benjo, é o Tawan, a casa da Aline esta pegando fogo, e parece que ela está presa lá dentro, é bom você correr pra cá.

Era como se tivessem jogado um balde de água gelado em mim.  

- Estou indo Wan - disse desligando o celular, o menino olhou pra mim e disse:

- Começou.

- Começou o que? - disse Milena.

- Não temos tempo pra isso Mili - disse descendo as escadas às pressas.

- Vou também - disse Milena me seguindo de perto.

- Rogério e Milena, parem os dois agora mesmo - exigiu Érick, dessa vez foi minha vez de perder a paciência, parecia que aquele menino tinha uma certa facilidade de irritar as pessoas.

- Escuta aqui, eu não te conheço, não tenho ideia de quem você seja, e não quero saber se você é humano ou não, vivo ou morto, pode voar ou tem asas, mas minha namorada está presa dentro de casa pegando fogo, ela precisa de mim, e eu não vou ficar aqui escutando suas baboseiras.

Os olhos de Milena haviam se arregalado, enquanto eu falava, então Érick disse:

- Eles estão aqui, atrás de você, é apenas questão de tempo para te encontrarem, sou um anjo e estou aqui para protegê-los, e levar a alma de Milena com segurança.

- Anjo? - disse Milena - tipo anjo da guarda?

- Quem está atrás de nós - eu disse.

- Que bonitinho - continuou ela - um anjo da guarda.

- Milena se concentra - eu disse - para com essa infantilidade.

- Tudo bem Rogério - disse ele tirando algo do bolso e entregando a Milena - quando conseguir abrir encontrará o que tanto procura - era uma corrente com um pingente de coração, onde havia três letras M desenhadas.

Não podia ficar ali conversando enquanto Aline morria queimada, tinha que salvá-la de algum jeito.

- Quem está atrás de nós? - perguntei novamente.

- Não sei, mas são muito poderosos, sinto a presença deles.

- Tudo bem então - disse bravo saindo pela porta da frente - quando descobrir me avise. Ok?

- Não - disse ele - espere.

Peguei a bicicleta na garagem e corri até a casa de Aline que era a alguns quarteirões de distância, quando chego à esquina de minha casa meu celular começa a tocar.

- Alô?

- Benjo onde você esta?

- Indo pra casa da Aline - era Jaqueline, ela estava me esperando na metade do caminho.

- Tá bem nos encontrou lá.

Desliguei o telefone e continuei correndo.

- Por que tanta pressa Benjo? - dizia Milena - Você nem gosta dela mesmo. E além do mais, o que acha que vai fazer? Entrar em uma casa em chamas como um cavaleiro de armadura e salvar a donzela em apuros? Me poupe né?

- Ah, cala boca Milena.

Isso não pode estar acontecendo comigo, agora tinha um fantasma e um anjo me seguindo enquanto a casa da minha namorada pegava fogo, bombeiros e carros de policia passavam por mim a toda velocidade, vi Jaqueline logo à frente.

- Jack, o que houve afinal? - perguntei.

- Também não sei, mas pelo que Wan me disse, Aline se machucou muito, mas está bem.

- Como ela conseguiu sair da casa? - perguntou Erick.

- Como ela saiu de lá? - repeti a pergunta para Jack que não podia ver nem ouvir Erick.

- Eu não sei - disse ela - vamos pra lá.

- Ah, quem liga praquela metidinha gente, - começou Milena novamente - vamos voltar pra casa e comemorar seus quinze aninhos.

- Esta com medo Milena? - perguntou Erick.

- É... Cla-claro que não - gaguejou ela, eu ri e continuei andando pra casa da Aline que já estava perto.

Chegando lá, tinha muitas pessoas em volta, bombeiros apagando o fogo, e policiais a espreita.

Tawan vinha correndo até nós.

- Até que enfim chegaram. Benjo, você precisa ir para o hospital, ela não parava de chamar por você - dizia ele.

A casa sumia entre as chamas, deixando um rastro de dor no ar. Saber que Aline estava lá no meio a poucos minutos era simplesmente desesperador, eu precisava vê-la o quanto antes, segui até o hospital.

Encontrei os pais de Aline sentados na sala de espera do hospital, eles pareciam muito aflitos  

- Rogério, que bom que esta aqui - disse a Senhora Asvila chorando.

- Onde ela está?

- Ela está na Emergência - começou o Senhor Asvila - Você precisa entrar filho, ela não para de chamar por você.

Então olhei para os lados, e vi diversas placas apontando para as alas hospitalares, Berçário, Quartos, Capela, Centro Cirúrgico, Cozinha, Emergência.

- Vou lá, com licença. - pedi a eles.

Andei apressadamente pelo enorme corredor que levava a Emergência, sabia que se alguém me pegasse estaria bem encrencado.

- Bonbenjo, entra - Chamou Milena apontando uma porta, assim que entrei uma enfermeira passou com pranchetas e remédios.

- Obrigado Mili, esta foi por pouco.

- Não há de que - disse ela sorrindo - Agora vai, vou distraí-los enquanto você fala com a - fez cara de nojo - Aline.

- Porque você não gosta dela? - perguntei - Deixa pra lá, não é hora pra isso.

Entrei no enorme corredor de Emergência onde havia vários quartos, um deles me chamou atenção por estar escuro, me dava calafrios, algo me dizia que era o quarto onde estava Aline. 

- Está pegando fogo - vi daquele homem que corria para fora da emergência, era o mesmo homem que havia cuidado de mim quando me afoguei, a alguns anos atrás - socorro, chamem os bombeiros, está pegando fogo - Milena, pensei sorrindo, o que ela estaria aprontando?

- Relaxa, só botei fogo pra distrai-los - disse ela sorrindo atrás de mim - Isso vai mantê-los ocupados.

- Obrigado - sussurrei.

Entrei na sala sinistra, e como havia imaginado, era o quarto onde Aline estava, senti fortes dores de cabeça, havia uma presença Maligna ali.

- Rogério? - perguntou a voz de Aline - Amor é você?

- Sim sou eu - disse me ajoelhando, pela dor de cabeça intensa, parecia que minha cabeça iria explodir a qualquer momento.

- Benjo, está bem? - perguntou Milena.

- Sim Mi. - respondi.

- Não, ele não está - Erick havia chegado, e estava me segurando pelos braços...

Ele se manteve quieto por alguns segundos, observando Aline; eu não conseguia vê-la devido à escuridão.

- Você precisa sair daqui agora Rogério - disse o Anjo a mim.

Mas eu não podia sair sem ver Aline, afinal era isso que eu tinha ido fazer, não? Apalpei a parede para ver se encontrava o interruptor, até q o achei.

Acendi as Luzes, e vi uma coisa horrível.

Aline estava completamente desfigurada, Suas queimaduras eram profundas, não a teria reconhecido se ela não tivesse dito meu nome. Cheguei próximo à cama onde ela estava; tentando conter a dor de cabeça. Aquele rosto que um dia foi Angelical e doce estava completamente destruído.

- Amor você veio me ver? - dizia ela.

A dor de cabeça estava a ponto de me desmaiar.

- Sim Aline. Estou aqui princesa.

- Foi horrível, ele queria saber onde você estava; ele me torturou, fogo, fogo por todo lado, não me deixe sozinha, não me deixe, por favor...

- Não se preocupe, estou aqui agora princesa.

- Princesa? - Uma voz medonha saiu das sombras, havia outra pessoa lá, um homem alto com capuz e roupas pretas.

- Quem é você? - perguntei, o homem estava rindo.

- Rogério volte - gritou Erick.

Dei alguns passos para trás me afastando do homem.

- Erick? Você foi mandado para fazer o servicinho sujo? - o homem não parava de rir, a cada palavra que dizia meus músculos se contraiam em calafrios.

- Dieter? - falou o Anjo.

- Vejo que fez sua lição de casa.

- Nunca vou me esquecer de uma presença tão maligna.

- Presença maligna - gargalhou o estranho - Acho que você nunca se encontrou com meus irmãos não é mesmo cão-de-guarda? - Dieter tirou seu capuz e pude ver seu rosto, seus olhos eram vermelhos, era um homem negro, e na testa haviam dois chifres pequenos e pontiagudos, seus dentes afiados eram brancos.

- Desculpe interromper o encontro emocionante dos meninos - interrompeu Milena rindo, ela tinha o dom de fazer um drama virar uma piada - mas eu queria saber de onde vocês se conhecem e quem é o grandalhão ai?

O clima estava pesado no pequeno quarto de emergência.

- Ele é um dos sete Milena.

- Um dos sete o quê? - perguntou ela - Um dos sete monstrinhos?

- Você não perde a oportunidade né Milena? - disse sorrindo, mesmo com medo e muita dor, ela ainda conseguia me fazer rir.

- É claro que não - começou Erick quase gritando após ouvir a piada de Milena - Ele é um dos sete anjos negros, Dieter é muito perigoso, mas não esta no nível dos irmãos, ele é apenas um peão comparado aos outros seis. Os anjos negros foram sete anjos que foram jogados do céu logo após Lúcifer ser expulso, eles o obedecem, são apenas servos sem vontade própria, na terra são conhecidos por diversos nomes e lendas, Anjos caídos, anjos da morte, espíritos malignos.

Dieter riu de onde estava, levantou uma das mãos.

- Agora chega de apresentações.

O Corpo de Aline começou a levitar, e se contorcer, ele estava machucando ela, pois a menina que um dia fora graciosa agora estava gritando de dor.

- Solte-a - gritei - É a mim que você quer, não é? Então venha me pegar.

- Como você quiser - disse ele jogando o corpo de Aline pela janela, e vindo atrás de mim.

- Deixa que eu pego ela, disse Erick pulando pela janela logo atrás do corpo - Agora fuja para longe Bonbenjo, estarei atrás de você assim que puder.

Corri para fora do hospital com o homem atrás de mim, ele jogava objetos em mim só movimentando uma mão, isso me dava muito medo.

- Bonbenjo aqui.

- Milena? - disse surpreso, correndo até ela.

- Tome - ela disse me entregando um livro, o livro que conhecia muito bem - A melhor defesa é o ataque, então ataca ele - disse piscando um olho.

- Caramba - disse abrindo o livro - esse é o pior aniversário da minha vida - disse quase chorando, procurando algo no livro que pudesse me ajudar.

- Isto, disse ela apontando para uma página do livro.

- Selamento? - disse levantando uma sobrancelha.

Dieter chegou perto de nós jogando uma lata de lixo, que quase me atingiu, mas graças a Mili consigo desviar a tempo.

- Mili, te amo!

Milena riu e se afastou para q pudesse me concentrar no livro então comecei.

- Abre y seguro portal al infierno que el mal es que trata de matarme.

Um buraco se abriu em baixo do Anjo negro e correntes saíram de lá prendendo suas pernas, braços e pescoço.

- Argh! - gritava ele - Me solte seu pirralho, juro que vou lhe matar, nem que seja a ultima coisa que eu faça.

Então continuei:

- Tomar de nuevo al infierno que es su casa y donde nunca debería haber dejado.

As correntes puxava-o para baixo, enquanto ele fazia força para se soltar.

- Adeus Dieter, manda um oi pro seu chefinho por mim - disse sorrindo, Milena então chegou perto e falou:

- Que parte do não brinque com coisas que você não conhece você não entendeu Bonbenjo?

- Olha quem fala, é você quem fica brincando o tempo todo.

- Tudo bem, agora vamos voltar para ver como sua namoradinha está.

Corremos para trás do hospital, Erick estava com as duas mãos no peito dela, onde saia uma luz amarela e intensa.

- O que está fazendo Erick? - perguntei.

- Tentando salvá-la - então ele parou e se levantou - tarde de mais, chegou a hora dela, ele está aqui para ceifá-la.

- Como? - gritei - ajuda ela Erick, Milena? - disse olhando pra ela com suplicas, ela balançou a cabeça negativamente.

Abracei minha namorada, ela tinha um olhar sereno, virou o rosto pra mim e disse:

- Amor? Porque esta chorando?

- Nada princesa, você ficará bem - Minhas Lágrimas eram intensas.

- Sim - disse ela - Ficará tudo bem, pois eu te amo, e sempre vou te amar, não importa onde eu estiver.

A beijei nos lábios devastados pelo fogo, foi um beijo doce, quente e triste, ela deu o ultimo suspiro...  

Fiquei algum tempo chorando com ela nos braços, fechei seus olhos com o dedo...

O Enterro de Aline no dia seguinte foi triste, como todo enterro, Padre João foi chamado para dizer algumas palavras que consolaria a família, no velório ele chegou próximo ao caixão e analisou o corpo.

- Do que ela morreu? - perguntou a mim num sussurro, pois estávamos próximos.

- Ela caiu de uma altura muito alta, logo após um acidente - falei, o padre fez sinal negativo com a cabeça e disse:

- Essas marcas nos braços dela, olhe - apontou para o braço - isso é sinal de que algo maligno a tocou.

- Algo Maligno - disse eu.

- Sim, um demônio talvez, mas nunca vi marcas profundas assim, olhos humanos comuns não perceberiam nunca.

- E como o senhor sabe que eu posso ver as tais marcas.

- Sei tudo sobre você, o menino Bonbenjo procurado pelas forças ocultas.

Me assustei com tal declaração e olhei para os lados, devia ter deixado Milena e Erick virem comigo.

- Quem é o senhor?

- Padre João, e exorcista nas horas vagas, caçador de demônios quando percebo que há algum rondando a cidade.

- Me desculpe, mas o senhor está enganado em relação a mim.

- Então não devo lhe contar nada.

- Contar o quê?

- Hum... Então você é mesmo um curioso, como me contaram - riu o velho senhor.

- Tá bem - disse eu já irritado - O que quer de mim?

- Apenas lhe mostrar e ensinar algumas coisas. Passe na igreja amanhã à noite - disse se virando, olhou para mim novamente e disse - E leve o tal livro, quero conhecê-lo.

- Você não pensa mesmo em ir lá né Benjo? - dizia Milena deitada na cama ao meu lado - Se você for, irei com você.

- Vai é? - perguntei - me sentirei mais protegido e com mais coragem se você estiver comigo.

- Então fica assim, Ro... Você vai pra escola normalmente, e quando chegar a noite nós vamos lá.

- Ok então.

Não consegui dormir a noite, pensando em tudo que havia acontecido; Erick, Dieter, o Padre exorcista...

  

Chego na escola com minha irmã e minha prima como sempre, nos sentamos junto com Tawan e Jaqueline.

- Oi Wan - disse Lua, ela tinha uma quedinha por ele, mas sabia que não tinha chances, pois ele amava a Jaque.

- Ah, olá Luana, você está linda hoje - disse ele.

- Eu sei - disse ela se sentando, realmente Lua era muito linda, todos os meninos da escola sonhavam em namorar com ela.

- Está bem Benjo? - perguntou Jaqueline constrangida.

- Ah, sim... Estou... - nem ao menos comecei a falar e uma menina linda entra pelo portão, a escola toda parou para olhá-la, era ela simplesmente maravilhosa; seus cabelos enrolados negros iam até o meio das costas, deixando um forte cheiro de perfume de rosas por onde passava, e iluminando o ambiente com seu sorriso - Que-que quem é ela?

- Para de babar senhor bonbenjo - dizia Tamires se sentando - O nome dela é Debora Ludmila, foi transferida para cá essa semana, e... Você não tem a mínima chance com ela - disse sorrindo.

Débora passava sorrindo olhando para os lados, parecia que estava procurando por alguma coisa, caminhou até a direção de onde estávamos, chegou perto e disse.

- Olá meninos, estou meio perdida, pode me ajudar?

- Cla-cla-claro - disse gaguejando, quando levantei derrubei tudo o que tinha na mesa.

- Desastrado - sussurrou Ane.

A menina Linda que ainda estava em pé me esperando, fez-me um sinal para segui-la.

- Então? Precisa de ajuda em que?

- Desculpe minha falta de educação, eu sou Débora - disse estendendo a mão, cheguei próximo o bastante e a beijei no rosto como era de costume com minhas amigas, mas na verdade queria apenas "tirar uma casquinha".

- Eu sou Rogério, mas meus amigos me chamam de Bonbenjo, ou Benjo - ela sorriu e disse.

- Bonbenjo? Que nome estranho para um menino tão lindo - fiquei vermelho instantaneamente e ela continuou - então, eu estou meio perdida com meus horários, não consigo achar as salas.

- Qual sua primeira Aula?

- Matemática.

- Segundo andar; suba as escadas e vire, é a segunda sala do corredor.

- Ok, Obrigada - disse ela - mas... Eu... Estou um tanto atrasada na matéria... Será que poderia me ajudar?

- Por mim tudo bem - disse tentando não demonstrar minha euforia - Pode ser está noite se quiser - mas me lembrei que tinha marcado de ir na casa do padre - desculpe-me mas está noite não vai dar, pode ser amanhã se você estiver disponível.

- Amanhã está ótimo para mim - disse ela sorrindo, vendo meu embaraçamento - Então até amanhã, não morra até lá. - piscou pra mim e subiu as escadas.

Só podia estar sonhando, era muita sorte isto estar acontecendo.

- Que cara de bobo é essa?

- Milena - gritei derrubando minhas coisas no chão, ela adora me assustar - Já disse para não vir pra escola né?

- Lá em casa estava um tédio como sempre, quem é a menina? - disse apontando pra Débora fazendo cara de nojo.

- Só uma menina nova.

- Só uma menina nova que está dando em cima de você e você está caidinho por ela, ou estou errada?

- Não é nada disso Mi, para de ser ciumenta.

O sinal do começo da aula toca, me encontro com os outros novamente e entro para sala de aula. Não conseguia parar de pensar em Débora.

Eram quase dezenove horas, Milena e eu estávamos na frente da igreja, onde nos fundos ficava a casa do padre.

- Onde vocês dois acha que vão? - perguntou Erick voando ao nosso lado.

- Vamos entrar - disse Milena.

- Que parte do Não confie em quem vocês não conhecem vocês não entenderam?  

- Ele sabe sobre mim - falei a ele - sabe que posso conversar com espíritos e sabe sobre o livro de Mazus.

Erick parou um instante e disse:

- Tudo bem, vocês querem entrar, então vamos entrar, mas se acontecer qualquer coisa de estranho vocês corram...

- Tudo bem.

Entramos os três juntos na igreja, teríamos que passar por dentro para chegarmos a casa do padre, quando estávamos passando pelo altar, Milena cai no chão se contorcendo e gritando por ajuda.

- Erick ajuda ela - gritei.

Erick voou a toda velocidade em cima de Milena, a segurando pelo braço e puxando para fora, o padre entrou por uma porta rindo.

- Eu sabia - disse ele - tinha certeza.

- Do que está falando? - gritei com o padre - O que você fez com minha amiga?

- Humanos não podem ser amigos de espíritos caro menino.

- Ela é mais do que uma amiga, ela é como minha irmã, foi ela que sempre ajudou e me consolou, sempre, ela é quem amo.

- Se ela fosse tão boa como você diz, teria conseguido passar pelo altar - Espíritos malignos não vão até solo sagrado Rogério...

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 08/10/2014
Código do texto: T4991398
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