Milena – Gênesis (Capítulo VII - O Ataque dos sete Anjos negros)

Os dias que se seguiram foram normais, Erick realmente estava frequentando a escola comigo, Jack e Débora havia se tornado amigas. Tawan teve a brilhante ideia de fazer uma festa em sua casa, pois seus pais haviam ido viajar.

O clima em casa não poderia estar melhor, assim como meu relacionamento com Débora, não havíamos assumido nenhum relacionamento, mas éramos mais que amigos, inclusive eu vi o pai dela um dia desses, ele estava com uma aparência ótima, e pelo incrível que pareça ele não tentou me matar, seja lá onde Erick o mandou, acho que funcionou.

Estávamos todos na sala assistindo um filme romântico, era o tema prefiro dos filmes de Milena, e o Odiado por Erick, o Telefone começa a tocar.

- Alguém atende essa porcaria? - esbravejou Luana deitada com um saco enorme de pipoca.

- Deixa que eu atendo - disse Ane se levantando. - Alô? Luís? Ah, Sim, quem gostaria de falar com ele? Luís telefone pra você, é uma menina - disse ela levantando uma sobrancelha.

Não era comum meu irmão levar amigos em casa, muito menos, meninas ligarem atrás dele, apesar de eu achar meu irmão lindo, ele era muito tímido.

- Alô? - disse ele ao telefone - Ok, estou indo já.

- Quem era? – Perguntei.

- Uma menina da escola, tenho que ir a casa dela agora. Este filme está uma porcaria mesmo.

- Avisou a mamãe aonde você vai Luís - disse olhando o relógio - já passou das sete horas.

- Não se preocupa Benjo, voltarei logo - disse saindo e batendo a porta.

Terminamos de assistir o filme, já eram mais de oito horas da noite, começava a me preocupar com meu irmão...

- Lu está demorando, não acha? - perguntei a Erick que se mantinha parado olhando pela janela. Peguei o telefone e liguei para o celular de Luís.

Mas algo me fez derrubar o telefone no chão...

Um garoto loiro, de olhos vermelhos estava sentado em minha cama.

- Quem é você? - disse indo para perto de Erick.

- Sou Billy - respondeu o garoto sorrindo - Um dos anjos negros, e... Estou com seu irmão.

Erick deu um passo atrás e disse:

- O que vocês querem?

- Ele matou nosso irmão - gritou o anjo negro sacudindo suas asas - estamos apenas retribuindo a hospitalidade.

- O que querem comigo? - não conseguia me controlar, não conseguia pensar em nada, meus sentimentos me dominavam - Deixem meu irmão, em troca me levem.

- É... Tentador - disse Billy com sua voz assustadora - Mas não sou eu que tomo as decisões, Plínio só me mandou dar esse recado a você, daqui exatamente sete dias, você deve ir pará este lugar - entregou uma espécie de mapa em minhas mãos - não tente nenhuma besteira, eu estarei lhe vigiando, um passo em falso seu irmãozinho morre.

Billy sumiu como fumaça.

- O que faremos Erick? - gritei - Temos que trazer Luís de volta.

- Calma Benjo - gritou Erick mais alto que eu - Se você entrar em pânico seu irmão morre.

Respirei fundo e cai na cama exausto, eu estava simplesmente morto por dentro, conhecia a maldade daqueles anjos, se é que se podia chamá-los assim.

- Vamos pensar com calma no que faremos Bonbenjo - começou o anjo mais calmo - temos sete dias para pensarmos em algo. - Ele sentou na cama e ficou falando sozinho consigo mesmo - Tive um ideia - disse ele repentinamente - Se você realmente for o garoto da profecia, você tem dois poderes em você... O bem e o mal, você só usou o mal até agora, que tudo indica ser aquele livro.

- Sim - gritei - O livro, eu estava pesquisando sobre o livro, quando descobri o artigo no jornal, os livros estão aqui - disse me abaixando para pegar.

- Terei que usar magia em sua mãe novamente, e na sua irmã e na sua prima, não quero que elas percebam a falta do seu irmão.

- Tão brincando de que? - disse Milena se sentando ao meu lado olhando os livros.

- Levaram o Luís Mi, - eu disse - Os anjos negros levaram meu irmão.

Milena arregalou os olhos e saltou da cama, ela amava meus irmãos como se fossem seus.

- Vamos buscá-lo agora Benjo - disse ela.

- Calminha senhorita “vamos salvar o mundo” - disse Erick - Temos sete dias para nos planejarmos, estávamos aqui pensando, coisa que você não consegue fazer.

- Ei - gritou Milena - Olha como você fala comigo menino.

- Da pra vocês fazerem silêncio por favor? - disse me concentrando no livro. - escutem pessoal:

“As Bruxas de Mazus eram sete, situadas nos confins da Espanha. Foram implacavelmente caçadas na idade média, onde tiveram que se separar. Conhecidas pelo seu poder em magia negra e por toda sua maldade.

O paradeiro dos sete livros, usado nas magias são distintos, dois estão em museus diferente, um na Itália e um em Roma. Um dos livros está com um poderoso e influente empresário em Nova Iorque, e quatro dos sete livros tem seu paradeiro desconhecido”

- É isso pessoal, um dos sete livros está comigo.

- Parabéns Benjo - disse Milena.

- Sim - falou Erick - Estamos no caminho certo, você acaba de desvendar a maldade em seu sangue.

- Minha avó era uma bruxa?

- Não - continuou Erick - Mas as antepassadas de sua avó sim.

- E a parte da Luz? - perguntou Milena.

Erick se sentou ao meu lado e ficou pensando por alguns segundos.

A noite estava tensa, ficávamos em silêncio por horas

Até que algo nos distrai, meu celular começa a tocar.

- Benjo atende ao telefone que esta me irritando - disse Milena brava depois que o celular toca por alguns minutos.

Não estou com cabeça para falar com ninguém.

Erick pega o telefone e diz:

- Alô? Sim - ele olha para mim e fala - é um garoto, diz ser seu primo.

- Meu primo? - respondo pegando o celular - Alô?

- Até que enfim consegui falar com alguém daí. Aqui é o Jhonatan, filho da sua tia Sueli, irmã da sua mãe.

Não me lembrava de nenhum Jhonatan, mas a tia Sueli sim, mamãe sempre fala sobre ela, à irmã que mora em Londres com os filhos e o marido.

- Olá Jhonatan - disse tentando parecer o mais natural possível - Como estão todos ai?

- Eu estou na rodoviária de Santos, será que você podia vir me buscar? - Ele estava aqui, só podia ser brincadeira, além de tantas coisas para me preocupar, tantos acontecimentos desastrosos dos últimos dias, meu primo estava vindo para minha casa, isso só iria me atrapalhar.

- Sim - disse - Claro, estou indo lhe buscar.

- Então ok, eu estou com uma jaqueta preta e laranja, e uma calça jeans preta, faz muito tempo que não nos vemos, e não vamos nos conhecer só de vista, então você sabendo com que roupa estou vestido será mais fácil de saber quem sou - Faz muito tempo que não nos vemos? Nem ao menos lembro que um dia eu o vi. Nem lembrava que tinha um primo chamado Jhonatan.

Desliguei o telefone e desci as escadas, fui falar com mamãe o que estava acontecendo.

- Jhonatan está aqui? - disse ela - Porque será que ele não disse nada? Porque não nos avisou?

- Talvez quisesse fazer surpresa - disse balançando o ombro.

- E conseguiu - disse.

- Vou ir busca-lo mamãe - disse a beijando.

- Seu irmão já voltou? - Um forte aperto no peito me atingiu, não podia contar que meu irmão havia sido raptado por demônios.

- Vou passar na casa da amiga dele mamãe – menti; pelo menos me daria algumas horas para pensar em algo, mas não poderia continuar com a mentira por muito tempo... - Sai pela porta, seguido por Erick e Milena, antes que mamãe fizesse mais alguma pergunta.

Erick continuava com livros nas mãos.

- Fica frio Benjo, vamos trazer seu irmão de volta - disse Erick tentando me tranquilizar, enquanto pegávamos um táxi.

Algo passou pela minha cabeça enquanto estávamos a caminho da rodoviária.

- Erick - disse.

- Hum? - respondeu ele.

- Você é um anjo?

- Sim.

- Tecnicamente, você não pode ser um anjo - disse olhando nos olhos dele - Anjos são criaturas de Deus, e você já teve uma vida, ou seja, você era humano, era filho de Deus. - Os olhos de Erick se arregalaram.

- Você não entende - disse ele, voltando aos livros.

- Porque você não me explica?

- Um dia você vai saber de tudo Bonbenjo, fica frio - ele não olhava para mim, o tempo todo com os olhos no livro - Por enquanto... - continuou ele - Quanto menos você saber, mais seguro você estará.

Chegamos à rodoviária, olhei para todos os lados, havia muitas pessoas, mas nenhuma com as roupas que Jhonatan havia descrito. Até que vi um garoto sentado em cima de uma mala enorme. Seu cabelo era loiro arrepiado, olhos verdes e pele branca, uma jaqueta preta, com bolsos laranja, e uma calça jeans preta e surrada. Caminhei até ele e disse:

- Jhonatan? - ele se levantou e me abraçou; como se fossemos melhores amigos há anos.

- Primo, nossa como eu estava com saudades de você - disse ele.

- Nhoim - disse Milena - Como seu primo é lindo Benjo - seus olhos brilhavam como se tivesse ganhado na loteria.

Erick chegou ao meu lado e estendeu a mão para meu primo.

Em um movimento muito rápido Jhonatan empurrou Erick e me puxou para seu lado, longe do anjo.

- O que está fazendo? - perguntei.

- Ele não é humano - respondeu ele.

- O que? - perguntei novamente.

- Ele não está vivo primo.

- Como sabe? - perguntei espantado, se eu não soubesse que Erick era um anjo, eu jamais descobriria.

- Eu sinto, e sinto outra presença aqui ao nosso lado.

- Jhonatan, se acalme - disse segurando em seus braços - Esse é Erick, um anjo - os olhos do garoto se arregalaram enquanto eu falava - E a presença que você está sentindo é de minha amiga Milena, que está em sua frente, e acho que ela se apaixonou por você.

- Benjo você é um idiota - brigava Milena ficando vermelha.

- Relaxa Mi, ele não pode te ver. - disse.

- Você vê gente morta?

- Sim - respondi - Mas o que está me intrigando é como você pode sentir a Milena e saber que Erick não é humano.

- Ele também é paranormal - disse Erick olhando para meu primo. - Mas seu grau de paranormalidade é extremamente fraco, precisa treinar muito garoto.

- Ah - disse Jhonatan - me desculpe Erick - estendeu a mão em direção ao anjo.

- Não se preocupe, agora vamos para casa que temos muito em que trabalhar - respondeu Erick.

- Erick - disse antes de entramos no táxi- mamãe já está preocupada com Luís, o que faremos?

- Não se preocupe, vou cuidar disso - disse ele abrindo suas asas e voando - Nos encontraremos na porta de sua casa Benjo, até mais Jhonatan - disse fazendo um sinal para meu primo.

- Onde ele foi?

- É uma longa história primo, te contarei no caminho para casa.

O táxi parou e íamos entrando quando Milena me para.

- Deixa-me ir do lado dele Benjo?

- Mili, você não ocupa espaço algum - disse me irritando.

- Por favor, por favor, por favor - implorou ela.

- Está bem Milena, entra logo.

- Isso - disse ela pulando.

Milena sentou entre eu e Jhonatan.

- Jhonatan como é morar em Londres?

- Pra começar, me chame de Jhol - disse ele.

- Jhol? - repetiu Milena - Ai que fofinho.

- Meus amigos me chamam de Benjo - falei ignorando a euforia da Milena – É

abreviação de Bonbenjo.

- Criaturas metade anjo, metade bombas - disse ele.

- Como sabe? - perguntei espantado.

- Está no diário da vovó.

- Diário da vovó? - perguntei sem entender nada.

- Há alguns anos encontrei um diário da vovó no sótão da minha casa, estava no meio das coisas velhas de minha mãe - explicou ele - Junto com o diário estava essa corrente.

Jhol tirou uma corrente de prata muito brilhante do seu bolso, era branca com um pingente, uma espécie de Estrela, era a mesma da capa do livro de Mazus, mas aquela estrela era branca.

- Posso ver? - perguntei estendendo a mão.

- Claro - disse me entregando - Ela me da muita sorte, sempre que estou com ela me dou bem em qualquer coisa.

Uma paz em meu coração surgiu quando peguei a corrente, era extremamente o oposto de quando estava com o livro de Mazus.

- O que sabe sobre esta corrente Jhol?

- Não muita coisa, apenas o que está escrito no diário.

- E o que está escrito?

- Quando chegarmos a casa te mostro o diário, então... Conte-me o que Erick foi fazer.

Contei tudo a meu primo no decorrer da viajem, toda a história desde quando conheci Erick.

Chegamos a casa, ajudei Jhol com as malas, quando abri a porta tomei um baita susto, Luís estava lá, com Erick, como ele conseguiu esta façanha?

- Jhonatan - disse mamãe o abraçando - como você cresceu, está muito lindo.

- Obrigado tia - respondeu ele - sei disso.

- Convencido - disse entre dentes, peguei o braço do Luís e puxei-o pra um canto, Erick viu e veio conosco. - Você está bem? - perguntei. Mas meu irmão nada respondeu.

- O deixe Benjo, depois conversamos - disse Erick.

Jhonatan chegou perto de nós e disse apontando para Luís:

- Mais um anjo?

- Do que está falando? Este é meu irmão.

- Não é! Ele não é desse mundo.

A minha felicidade se extinguiu, meu irmão não havia voltado, então quem era aquele?

Levei as malas de Jhol para seu quarto e entrei no meu. Erick e meu suposto irmão estavam lá.

- Quem é ele? - perguntei a Erick que se mantinha com o livro - Ele não é meu irmão, Jhonatan viu.

- Não, ele é não é o Luís - disse Erick calmo - Mas vai enganar sua mãe.

- Sou Brendo - disse o garoto que até o momento não havia dito nenhuma palavra - Estou aqui para ajudar vocês, meu chefe mandou obedecer a Erick.

- Qual é sua forma afinal Brendo? - perguntei.

O garoto começou a brilhar e se transformou, ele parecia ter por volta de doze ou treze anos, era magricela, uma franja loira cobria um de seus olhos.

- Brendo volte a ser Luís - mandou Erick nos olhando de cara feia ainda com o livro - Enquanto estiver na casa quero que fique assim...

- Quem é seu chefe Brendo? – perguntei.

- Anjo Uriel.

Alguém bate na porta.

- Deixa que eu abra - disse.

- É a chata da sua irmã Benjo - disse Milena.

- Benjoooooo - gritou Lua entrando euforicamente - Jhonatan é muito lindo –

terminou quase num sussurro.

- Tire os olhos que ele já tem dono Senhorita Luana - gritou Mili.

- Ele é seu primo Lua - respondi olhando nos olhos de Luana que brilhavam como os olhos de Milena. Voltei a olhar pra Milena e disse - Ela não pode te ouvir esqueceu?

- Achei - Gritou Erick levantando o livro?

- Achou o que? - perguntou Lua levantando a sobrancelha.

- Esta na hora de você ir dormir Luana - disse empurrando ela e fechando a porta?

- Rogério Bonbenjo - gritava ela - você não pode me expulsar assim, quero saber o que Erick achou - Ela empurrava a porta com muita força, Luana sempre fora muito curiosa.

- Pra começar, meu nome é Rogério Henrique - gritei com ela escorado na porta para não a deixar entrar novamente.

- Tão fazendo o que? - ouço meu primo Jhonatan perguntar do outro lado da porta.

- Na-Nada priminho - gaguejou Lua - Vou te matar Rogério - disse descendo a escada brava.

- Que deu nela? - perguntou Jhol, logo depois de eu ter puxado pelo braço.

Tranquei a porta e corri para perto de Erick.

- O que você achou Rick? - perguntei puxando o livro.

- Como pude não ter visto isto antes? - disse o anjo apontando uma página do livro.

Havia uma estrela como a estrela da capa do livro de Mazus, mas era diferente, era branca e brilhante.

- Não estou entendo - disse a ele - essa estrela parece com a da corrente do Jhol.

Jhol puxou a correndo do bolso e deu em minha mão.

- Deixe-me ver, disse Erick se levantando e puxando a corrente de minha mão.

- Vai com calma Erick.

- Sem necessidade para calma - disse ele examinando o colar, entregou a mim - deseje alguma coisa - disse ele.

- Desejar o que?

- Qualquer coisa.

Os outros que estavam no quarto ficaram me olhando, mas eu não sabia o que pedir. Então pensei em pedir meu irmão de volta.

- Não vai funcionar - disse Milena se sentando ao meu lado, como se ela tivesse ouvindo meus pensamentos.

- O que não vai funcionar Mi? – perguntei.

- Você não sabe o que quer, e se você pedir seu irmão, não vai funcionar, o poder dos anjos negros é muito mais forte que isso ai.

- Como sabe que iria pedir por meu irmão? - perguntei ficando ainda mais nervoso.

- Calma Benjo - disse Erick - É a coisa mais óbvia de se pedir.

- Desculpa Mi - disse - mas qual é o plano Erick?

- Meninos! - ouvi Milena dizer entre dentes.

- Olhe - disse ele me entregando outro papel, que dessa vez era um panfleto de museu, que anunciava que uma lança estaria no museu da cidade.

- O Que é isto? - perguntei sem entender.

- Deixe lhe explicar - começou ele - Está na cidade a lança do destino.

- Lança do destino? - repetiu Jhonatan caminhando até a janela - A mesma lança do destino das lendas? Ela realmente existe?

- É claro que existe disse Brendo que até então se mantinha quieto.

- Alguém pode me explicar o que é a Lança do destino? - parecia que eu estava completamente por fora sobre estes assuntos, odiava me sentir por fora.

- Lança do destino, segundo a lenda é a lança que perfurou Jesus e o matou - disse Milena - Ela é extremamente poderosa - continuou ela - quem a possuir poderá derrotar qualquer tipo de espírito ou demônio.

- Sim, ela é como a Espada da Vida de Miguel, não é Erick? - disse Brendo.

- E qual é o plano? - perguntei novamente.

- O apressadinho deixa o Rick falar - brigou Milena.

- Se juntarmos o poder de Mazus com o poder da Lança, vamos ter um poder quase que indestrutível - continuou Erick.

- Está insinuando que roubemos uma lança Erick?

- Não vamos roubar - disse Milena.

- Ufa - Falei quase de imediato.

- Vamos apenas pegá-la emprestada - falou Milena rindo.

- Não - gritei - De jeito nenhum.

- Calma Benjo - Disse Brendo.

- Ele é sempre assim? - perguntou Jhonatan.

- Sim - respondeu Erick, depois de alguns segundos eu sentei e fiquei em silêncio - posso falar? - continuou Erick me olhando.

- Não vou me transformar em ladrão Erick - berrei - De jeito nenhum, nem a pau.

A noite não passava; cada segundo pareciam horas, cada hora pareciam anos...

Como se algo quisesse me torturar, não parava de pensar em meu irmão, se ele estava bem, se havia comido, será que estava com fome? Uma raiva enorme tomava conta de mim enquanto olhava pelo espelho do banheiro, não sei o que deu em mim, soquei o espelho que caiu em pedaços deixando minha mão em sangue.

- Vichi, Isso da um baita azar - disse Milena me olhando.

- Não enche Mi.

- Quer conversar sobre isso? - perguntou ela, era raro ver Milena séria, o que me deixava preocupado por ela estar preocupada comigo.

- Esta tudo bem princesa - disse tentando acalmá-la, mas quem precisava se acalmar era eu, não conseguiria ajudar meu irmão neste estado.

- Não - disse ela - Não esta nada bem, mas vai ficar... Vamos trazer o Luís de volta, custe o que custar.

- Obrigado Milena - disse tentando sorrir - Obrigado por estar sempre comigo...

- É pra isso que os amigos servem - diz ela sorrindo, voltando para o quarto.

- Benjo, entra aqui – falou Jhonatan me puxando para seu quarto – Este é o diário qual te falei – disse jogando um livro pequeno em minha mão.

- Diário da vovó?

- Sim!

Comecei a ler a primeira página.

“Querido Diário, hoje completo quinze anos, te ganhei da minha mãe, junto com um colar e outro livro de capa negra intitulada Mazus, ela disse que agora tenho que escolher o meu lado, no começo não entendi bem o que ela queria dizer com isso, na verdade ainda não entendo, a única coisa que entendi é que isso mudará meu destino, não quero isso, quero apenas ser normal”.

- Vovó pensa como eu – disse suspirando, não sabia se deveria continuar lendo o diário.

- Ela era uma mulher extremamente forte, este diário conta uma história de poder e coragem.

- Não quero lê-lo – disse o fechando e entregando a Jhonatan.

- Ele é seu, já li e reli este livro, fique a vontade para lê-lo quando quiser.

No dia seguinte, Débora chega cedo para irmos à escola, Jhonatan iria conosco para fazer sua matrícula, pelo que entendi, ele iria ficar um bom tempo conosco.

- Jhol – digo o apresentando a meus amigos - Essa é Jaqueline, Tawan, Débora e Tamires.

- Olá - disse ele sorrindo, se virou para Tami - Nossa, seus olhos são lindos.

A garota se derretia toda por ele, era inacreditável, porque não era assim comigo?

Passaram-se dois dias, todos tentavam por na minha cabeça que o jeito mais fácil para trazermos Luís de volta era roubar a maldita lança...

Só a ideia de roubar algo me estremecia...

No terceiro dia, saí da escola mais cedo, devido a uma baita dor de cabeça, Jhol já havia começado a estudar conosco, ele tentou ir embora comigo, mas a professora não havia deixado.

Passando por um terreno onde havia uma casa abandonada, ouço alguém chamar meu nome...

Caminhei até a casa, era de madeira seca, estava um pouco destruída devido ao tempo de abandono.

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 09/10/2014
Código do texto: T4992652
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