Milena – Gênesis (Capítulo VIII - O Jogo de Lilith)

- Olá? - disse tirando as tábuas da entrada, que permitiria minha entrada.

- Até que enfim conheci o famoso entre os demônios, seu nome é Bonbenjo se não me engano - disse uma menina sentada no corrimão da escada.

- Não - disse suspirando - meu nome é Rogério, mas todos, pelo incrível que pareça, todos me chamam de Bonbenjo, ou Benjo... Quem é você?

- Sou Lilith - disse ela sorrindo.

- Lilith? - repeti sem entender.

- Vai dizer que você nunca ouviu falar de mim? - disse ela ficando vermelha, se eu não estivesse confuso teria rido, parecia a Milena quando estava nervosa - Sou Lilith, a rainha do inferno.

- Como uma baixinha como você pode ser a rainha do inferno?

Parecia que eu havia irritado mesmo ela, a garota mexeu a mão e a porta atrás de mim bateu quebrando em pedaços.

- Nunca mais ouça falar que sou baixinha entendeu? - com um movimento muito rápido ela estava com o nariz encostado em mim.

- Ok - disse tentando não demonstrar o medo que estava sentindo, Erick havia me dito que o que fortalece os demônios era nosso medo. - O que a toda poderosa rainha das trevas quer comigo? Se for minha alma pode esquecer...

- Não quero sua alma - disse ela calma se virando - Sua alma já pertence ao mestre

- Minha alma é minha e de mais ninguém - gritei.

- Que seja - disse ela - Vim aqui propor um jogo.

- Um jogo?

- Sim, se vencer trago seu irmãozinho de volta - diz ela rindo - ai você não precisa por suas mãozinhas na lança do destino.

- Pera um segundo - disse - Como sabe que pretendo roubar a lança?

- Não vem ao caso, o que importa é... - continuou ela - se você perder.

- Perco minha alma?

- Alma, alma - diz ela - será que vocês humanos só pensam nisso que nós demônio só queremos alma? Não quero sua alma, pra mim ela não vale nada, na verdade... Quero seu sangue...

- Esta bem - digo desconfiado - Qual é seu jogo?

- É bem simples, nada de muito perigoso - ela ri por um instante e volta a ficar séria - O que você seria capaz de fazer para trazer seu irmão de volta?

- Qualquer coisa.

- Até mesmo trazer uma alma do inferno?

- Do que está falando?

- Alison - diz ela me olhando - este nome te lembra algo?

- Alison não esta no inferno - digo quase gritando, lágrimas escorrem pela minha face, só de lembrar.

- Acho que você já se esqueceu da oração que ele fez pouco antes de morrer - sua voz era tão doce, e ao mesmo tempo podia perceber o veneno exalando de sua língua - Não quer livrá-lo do inferno?

- Esse é seu jogo? - disse ainda mais desconfiado - a pior dos demônios ajudando humanos? Qual é o verdadeiro motivo?

- Você ainda tem o livro de Mazus?

- Sabia...

- Sou a primeira bruxa da humanidade menino, e você possui um livro de bruxaria, que o torna um bruxo também, assim, o torna meu filho, use o livro para trazer seu amigo de volta.

- Estou sentindo cheiro de encrenca.

- As regras do jogo são as seguintes - ela se sentou na escada - Não há regras, apenas traga o garoto usando o livro, e eu trarei seu irmão... Você nem serve para os anjos negros, pelo menos ainda não, eles só estão brincando com você.

- Eles mataram Aline...

- Ela não merecia viver mesmo - um ódio tomou conta de mim - Nos vemos amanhã, pode deixar que eu o procuro.

Uma fumaça apareceu do chão cobrindo Lilith, que sumiu junto com ela.

- Onde estava? - perguntou Erick quando entrei no quarto - Era pra você ter chegado aqui a mais de uma hora.

- Estava com Lilith - disse calmo, a raiva que eu estava já havia passado?

- Lilith? - repetiu Erick pulando da cama - Demônio Lilith?

- Sim, ela veio fazer um trato comigo? Na verdade uma espécie de jogo, ela quer que eu use o livro pra trazer uma pessoa do inferno...

- Você esta louco? - a esta altura ele já gritava - fez um trato com o demônio mais malvado de todos - ele parou um segundo - como está vivo? Muitos poucos humanos encontram Lilith e saem vivos pra contar a história.

- Ela me pareceu ser boa pessoal, áleas, eu não sou o que diriam humano normal, porque tanta preocupação?

- Bonbenjo seu idiota, ela é um demônio, não existe demônio bom, se ela quer que você traga seu amigo do inferno é porque há algo por trás.

- Não te falei que era pra trazer meu amigo - disse encarando ele.

Neste momento Milena entra no quarto ofegante.

- Benjo, sua namorada esta ai em baixo pra falar com você.

Virei-me para Erick novamente e disse.

- Depois terminamos nossa conversa.

- Benjo nem esta pronto ainda? - perguntou Débora assim que cheguei.

- Pronto para o que, não me lembro de ter marcado nada para hoje.

- Seu primo não te deu o recado?

- Me desculpe, me esqueci - disse Jhonatan entrando na sala sorrindo.

- Você é um idiota Jhol - falei o encarando - Então Dé? Vamos para onde?

- Bom. Tawan e Jack nos convidaram para irmos à igreja que eles frequentam, como você tinha saído mais cedo, eu aceitei por nós dois e pedi a seu primo que te avisasse.

Bom... Pra começar desde quando Débora e Jack são amigas? Lembro-me que Jaqueline quase comeu meu fígado por eu estar saindo com a Dé. E desde quando ela tomava decisões por mim.

- Claro, vou me arrumar - disse subindo as escadas.

- Vai sair Benjo? - perguntou Milena enquanto trocava de roupa.

- Sim, vou.

- Ah, vou também então.

- Não te convidei - disse rudemente.

- Desde quando você precisa me convidar para ir a algum lugar? - ela tinha razão, Milena tem mania de aparecer sempre sem ser convidada e nos momentos mais inoportunos.

- Vamos a uma igreja Mi - disse olhando em seus olhos - Se lembra da ultima vez que você entrou em uma igreja?

- Quando chegarmos à porta você me convida.

- Hãm? - disse sem entender.

- Apenas me chama pra dentro.

- Porque não pode entrar na igreja?

- Não sei - disse ela se virando para a janela, já estava começando a escurecer

- Tudo bem, vamos então.

Chegamos a tal igreja, Jack e Wan estavam nos esperando na porta.

- Achei que vocês não viriam - disse Jack.

- Atrasado como sempre Benjo - completou Tawan me socando no braço.

- Ele não teve culpa - disse Dé - Culpa do Jhonatan que não deu o recado.

- Esta tudo bem pessoal - disse Jack - agora vamos entrar.

Entro pelo portão distraidamente quando ouço:

- Está esquecendo-se de nada não? - Milena me olhava com cara de bravo batendo o pé pelo lado de fora.

- Entra Mi - disse me virando - Milena entrou e ficou bem próxima a mim, como se estivesse com medo de algo.

- O que deu nela? - perguntou Débora sussurrando em meu ouvido.

- Não sei - respondi.

Entramos na Igreja, que era um salão enorme, onde na frente tinha uma espécie de palco, onde ficava o pastor gritando, nunca gostei de igreja evangélica por este motivo, será que eles acham que Deus é surdo?

Sentamos no banco da frente, o pastor era pai do Tawan que nos arrumou um bom lugar.

Durante o chamado culto permanecemos todos em silêncio. Quando levaram uma mulher para o centro, diziam que ela estava possuída por um demônio.

A mulher estrebuchava pelo chão gritando, a voz dela era horrível, estava com a pele cortada pelas próprias unhas, e manchas roxas por todo o corpo.

- Me deixe matá-la, vou destruir sua família - berrava ela.

Aquilo havia me impressionado muito, já tive contato com demônios, espíritos malignos, anjos das trevas. Até já tinha batido um papinho com o demônio mais temido da história, mas nada que já vi era como aquilo.

- Eu ordeno que saia - gritou o pastor.

- Ordena? - disse a mulher dando gargalhada, sua risada arrepiava todos os pelos de meu corpo, ao meu lado Débora apertava meu braço com força - Quem você pensa que é?

A mulher não parava de gargalhar com aquela voz terrível.

- Jesus – disse num sussurro, imediatamente ela me encarou com aqueles olhos vermelhos horríveis.

- Olha o que temos aqui - disse ela - se não é ninguém menos que o menino "deles" - me levantei com o intuito de sair quando ouço - Milena? Você também esta aqui minha princesa?

A mulher se levantou e caminhou lentamente até onde estávamos.

- Pare - gritou o pastor.

- Ah, cala boca - disse a mulher fazendo um movimento com a mão, o pastor voou até bater na parede, caindo em cima de velas que caíram na cortina, a fazendo pegar fogo.

As pessoas se levantaram e saíram correndo em pânico, enquanto o fogo tomava conta do local.

- Wan, pega seu pai e vamos sair logo daqui - gritei puxando Débora.

- Onde pensa que vai com tanta pressa Bonbenjo? Disse o demônio, todos do inferno querem um pedacinho de você, porque eu não posso tirar uma casquinha, sei que o chefe não vai nem ligar - e começou a gargalhar novamente.

- Zayfus deixe- o em paz - gritou Milena que até então se mantivera em um canto.

- Milena? - disse impressionado - conhece-o?

- Claro que ela me conhece - disse o demônio - eu estendi a mão quando ela mais precisou, fui eu que a tirei da escuridão em que ela entrou quando morreu?

- Cala boca Zayfus - dizia Milena trêmula.

- Estava com saudades Menina, já terminou sua missão? Pode voltar comigo agora se quiser.

- Que esta acontecendo aqui? - perguntou Erick seguido de perto por Brendo - Será que vocês dois não conseguem ficar meia hora longe de mim sem arrumar encrenca? - gritou ele olhando para nós.

- Chegou à cavalaria? - Dizia Zayfus ainda sorrindo.

- Milena? - disse olhando para ela.

Olhei para todos os lados, mas não encontrava Débora e os outros.

- O que vamos fazer Erick? - perguntou Brendo.

- Não podemos mandar ele de volta para o inferno sem machucar a mulher - respondeu Erick.

- Tem um jeito sim - eu disse entrando em pânico - O livro. Posso usar aquela magia para mandá-lo de volta.

- Não temos o livro aqui Benjo.

- Vamos fazer aquilo Erick? - Disse Brendo.

- Não temos alternativa - Erick correu ao lado oposto.

O Monstro chegou à minha frente e colocou sua mão em meu pescoço, me levantando do chão.

- Solta ele agora Zayfus - Milena estava realmente desesperada.

Do outro lado da sala Erick estava com uma cruz na mão dizendo palavras que eu não entendia. Não conseguia respirar, quando ouço a voz da Débora, ela havia trazido o padre.

Quando Erick viu o padre chegar, parou imediatamente com o que estava fazendo.

O padre jogou uma espécie de corrente na mulher, o fogo se alastrava por todo o local, caio no chão quando Zayfus soltou a mão.

- Brendo, Pare - ouvi Erick gritar, estava tudo embaçado, estava perdendo os sentidos graças ao tempo que fiquei sem ar.

- Ro, não desmaie - dizia Débora batendo em meu rosto, aquilo me ajudou a ficar consciente, me levantei apoiando nela.

- Eu chamei o padre, para tentar fazer o exorcismo sem matar a pobre mulher.

Erick e Brendo estavam segurando o Demônio no corpo da mulher enquanto o pastor dizia palavras em outra língua.

- Milena me ajude - gritava o demônio.

Procurei minha amiga com os olhos, a igreja estava muito quente, Débora me puxava para fora.

Policiais chegavam a toda velocidade, estava uma enorme confusão na rua, muitos curiosos e pessoas assustada. Ouve uma enorme explosão, entre a fumaça o padre saiu carregando a mulher.

Os bombeiros nos levaram para o hospital, disseram que foi uma explosão na cozinha da igreja que provocou o incêndio...

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 09/10/2014
Código do texto: T4992659
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