Milena – Gênesis (Capítulo IX - O Poder das Trevas)

Estava com muita dor de cabeça, várias perguntas vagava pela minha cabeça, não sabia nem por onde começar, quando entrei ao meu quarto, tive uma enorme surpresa, ele estava vazio, estava simplesmente, vazio... Meu quarto nunca ficava vazio, Milena sempre estava lá, onde ela estaria? E Erick, Brendo?

Era uma oportunidade para fazer o que Lilith havia dito, peguei o livro de Mazus e comecei a folheá-lo, Havia várias páginas de como matar uma pessoal, imagens macabras, rituais satânicos, enfim encontrei o que eu estava procurando...

“Obsesionante”

Li em vos alta, eu entendia pouco de espanhol, mas sabia o que queria dizer Obsesionante, significava evocando espíritos, logo abaixo continuei lendo:

“Para llevar el alma de vuelta del más allá, hacer un Mazus estrellas con una persona en el centro.”

- Não sei desenhar a estrela de Mazus - disse para mim mesmo.

- Eu te ensino - disse Jhonatan entrando no quarto - mas para que quer desenhar a estrela?

- Preciso usar essa magia - mostrei o livro pra ele.

- “Coloque velas negro en la estrella" - leu ele - isso é magia negra Benjo.

- Sim, eu sei, mas é o único jeito.

- Porque esta fazendo isso?

- Fiz um trato com a Lilith...

- Lilith? Você está louco? - gritou Jhonatan - Ela é uma sádica.

- Ela me pareceu um demônio bonzinho.

Jhol começou a rir.

- Demônio bonzinho? Não existem demônios bons primo, se é realmente isso que quer fazer, eu te ajudo, sou seu primo e seu amigo, te apoiarei sempre.

- Obrigado Jhol - disse baixando a cabeça. - Então mãos as obras.

Peguei giz de cera branco e dei ao Jhol que começou a desenhar no chão, enquanto eu buscava as velas pretas...

Fui até o mercado mais próximo, estava com tanta pressa que levei as velas pra casa na mão, todos me olhavam.

- Está tudo pronto Benjo, como diz no livro, agora só resta ler o ritual, tem certeza que é isso que você quer?

- Sim, mas... Não está dizendo pra usar sangue, e até onde sei magia negra sempre usa sangue.

- Também não entendi, agora vamos continuar...

Peguei o livro e li todo o texto que se continha a baixo, fechei os olhos e comecei a dizer as palavras...

“Oh dios de dioses, me traen el espíritu que fue anulado por las edades, e incluso la adición puede estar en el infierno.

Les pido que traer a mi mejor amigo de vuelta de las cenizas del reino a cambio te ofrezco un sacrificio, el sacrificio de la bondad en mi corazón que hoy en día es simplemente limpia y honesta, le pido a todas las brujas, traer a mi amigo Alison espala.”

Uma luz muito forte apareceu dentro do círculo com a estrela, tapei meus olhos com o braço, Jhol caiu na cama.

Eu o vi em meio a luz, ele estava lá, do mesmo jeito que o vi pela última vez, Alison estava de volta entre os vivos, ou não...

- Rogério? - disse ele me olhando com aquele sorriso que costumava ver diariamente, ele deu três passos em minha direção e cai, o peguei nos braços antes que ele tocasse o chão.

Um barulho agudo me faz virar pra traz bruscamente.

- Você conseguiu Bonbenjo, parabéns - dizia Lilith com aquele sorriso maligno - Trato é trato, você o trouxe, agora... Vou buscar seu irmão - Lilith sumiu do mesmo modo que apareceu.

- Benjo, que houve? - disse Jhonatan - Quem é ele?

- Jhol, vai chamar a Ane, e procura Erick pra mim, por favor.

- Ok - disse Jhol saindo.

Peguei Alison no colo e o coloquei em minha cama, ele me parecia sereno, me transmitia paz.

Depois de alguns minutos, ele acordou.

- Oi - eu disse.

- Oi - sua voz era dengosa, uma alegria imensa me dominou quando ouvi sua voz, eu o abracei e comecei a chorar.

- Que foi Ro? - disse Ane entrando no meu quarto, quando viu Alison deitado em minha cama, desmaiou.

Luana entrou no quarto e pegou Ane, ela me olhou com cara de confusa.

- Quem é este menino? - perguntou ela dando tapinhas no rosto de Ane.

- Não se lembra do Alison?

- Ah, para de brincadeira Bonbenjo - disse ela ficando nervosa, Alison morreu há cinco anos, não importa o que você faça. Você não teve culpa, agora quero saber quem é este menino ai.

- Preciso te contar uma coisa Lua - disse me levantando - algo difícil de acreditar, quase impossível na verdade, tenta acreditar em mim, tá bem?

- Se você vir com essa história de que tem uma amiga morta, eu quebro seus dentes.

- Sim, e o nome dela é Milena, o Incêndio na igreja foi provocado por um demônio, Erick é um anjo, e Luís foi raptado por anjos das trevas...

- Ah, você quer que eu acredite nessa baboseira? - disse, rindo.

- É verdade Lua - Erick havia entrado pela janela - Não era pro Benjo te contar, mas anjos não mentem.

- Então - disse ela caminhando até a cama - Este é mesmo o Li? Como você conseguiu traze-lo de volta Benjo?

Alison se sentou na cama, olhando todos.

- Ane? - disse olhando sua irmã desmaiada - Você está maior que eu baixinha - colocou a mão no rosto de Ane, que se levantou assustada.

- Você não é o Alison - disse ela se arrastando para um canto do quarto.

- Sim - disse ele - sou eu.

- Você está morto, não pode ser você - ela não parava de chorar, Alison colocou suas mãos em seu rosto novamente, e disse:

- Se eu não fosse eu, como saberia que você tem medo de chegar à água? Você nunca contou isso para ninguém.

- Qualquer um poderia saber isso. - disse ela.

- Você é apaixonada por uma pessoa que está aqui no quarto - disse ele me olhando, Ane o abraçou chorando.

- Irmão, não sabe o quanto sofri por perder você.

Saímos todos do quarto e deixamos os dois irmãos, a sós.

- Milena? - disse vendo minha amiga no lado de fora da casa; corri até onde ela estava e sentei ao seu lado. - Quer conversar?

- Não era pra ele estar aqui, eu não quero participar mais disso - dizia ela.

- Mi quem é ele? Como você o conheceu?

- Porque você trouxe Alison? - dizia Erick gritando comigo - Fez as vontades de Lilith e ainda por cima contou tudo a sua irmã.

- Você não tem o direito de exigir nada de mim Erick - gritei com ele - Você não é sincero comigo, está escondendo coisas, amigos não escondem nada do outro - disse essa última frase olhando para Milena.

- Reunião? - disse Lilith segurando Luís pela camisa, ele estava muito abatido, parecia que não comia a dias.

- Luís - gritei correndo para abraça-lo - Você esta bem Lu? Fala comigo.

- Ele esta bem sim - disse a Demônio - aqueles inúteis só se divertiram com ele um pouquinho - Nem queria imaginar qual era a diversão de demônios - Bom, cumpri a minha parte no trato Benjo, os anjos vão te deixar em paz por um tempo, agora... Sobreviva com o que você trouxe do inferno - ela começou a gargalhar e sumiu.

- Acho que não posso deixar de dizer que eu...

- Está bem - gritei - você me avisou Erick, mas Luís esta aqui; são e salvo, e Alison esta lá no quarto, e me parece estar bem também.

Levei Luís para dentro, estava de saco cheio do Erick, sempre com aquele ar de autoritário "eu tenho a razão", odeio isso...

Débora chegou logo depois que liguei, pedi a ela que usasse o poder de sacerdotisa pra apagar a mente do meu irmão, pelo menos a última semana, não queria que ele se lembrasse de nenhum segundo nas mãos daqueles monstros.

Os dias se passaram normalmente, só tirava Alison do quarto quando mamãe não estava; não queria ter que explicar a ela quem era ele e o que ele estava fazendo em casa, mas também não podia ficar com ele escondido por muito tempo.

Semanas se passaram, já estava deixando de me preocupar com o que Lilith havia dito.

“Sobreviva com o que você trouxe do inferno”

Tentei dar os melhores dias da vida dele, muita diversão, e comida gostosa... Apenas o que uma criança deseja; nada mais...

- Que se está fazendo Benjo? - pergunta Milena debruçando sobre a mesa, enquanto fazia pão com doce de leite para o lanche da tarde.

- Um lanchinho - respondi sem dar muita importância, ainda estava bravo com Milena por ela não ter me contado quem era Zayfus e nada dessa história nebulosa, Érick devido ao aviso de Lilith, que os anjos negros não iriam me atormentar por um tempo, resolveu dar um tempo e enfim ir embora, mas ele sempre estava lá em casa, para conversarmos ou até mesmo brincar.

Peguei a bandeja com os pães e copos de suco e subi as escadas, quando cheguei ao fim da escada algo me assustou, deixei cair a bandeja e sai correndo, o corredor estava cheio de sangue, alguém havia se machucado muito.

- Luís? - gritava - Lua? Ane? Está tudo bem com vocês?

- Lua e Ane saíram - disse Milena - seu irmão está lá fora jogando bola com os colegas da rua.

- Então de quem é todo este sangue? - disse pensando - Alison - gritei e entrei correndo no meu quarto.

Meu quarto não existia mais, estava completamente destruído, meu computador, meu videogame, minha televisão, tudo...

- O que houve aqui? - disse caindo de joelhos no chão com as mãos na cabeça.

- Alison cadê você?

Ouvi um choro do canto do quarto, ele estava lá, encolhido, parecia que estava com medo de algo.

- Ei - disse me aproximando - que houve Li? - Ele não dizia nada, apenas tremia. - Vem - disse pegando em sua mão - Vou te tirar daqui. - Quando o levantei pude ver, ele estava completamente encharcado por sangue. - O que é isto? - perguntei levantando sua camisa - Você esta machucado? - A tremedeira havia aumentado, ele fazia movimentos ritmados no mesmo lugar, balançava para trás e para frente freneticamente.

Me levantei e corri para a porta, precisava chamar alguém, um médico.

- Precisamos do Erick - gritou Milena.

- O que Erick pode fazer aqui? Ele só esta transtornado.

- Aff... Benjo - disse Milena - Você o trouxe do inferno, você queria que ele ficasse bem?

- Me chamou? - disse Erick entrando pela janela - O que houve aqui?

- Não sabemos - disse a ele - Ajude Alison, por favor... - Implorei.

- Eu sabia que isso não iria dar certo - disse Erick - Eu disse para não cair no jogo da Lilith.

- Para de dar sermão e fala logo o que o garoto tem - disse Milena.

- Temos que mandá-lo de volta ou todos desta casa está correndo perigo - disse Erick.

- Não vou mandá-lo de volta para o inferno - gritei, aquilo estava simplesmente fora de questão...

Milena tapou os olhos e saiu do quarto, algo a abalava quando falávamos do inferno, como se ela já estivesse passado por lá.

- Você faz ou eu faço Bonbenjo? - disse Erick me encarando.

- Não quero mandar ele para o inferno - disse começando a chorar - tem que ter outra forma, alguma alternativa.

- Você já me abandonou uma vez Rogério - Alison se levantou do chão e começou a caminhar pelo quarto - Te considerava um irmão, você me deixou morrer, e pra piorar você ainda me mandou para o inferno.

- Não - disse gaguejando - Eu... Não...

- Você não faz ideia de como é lá, o que eles me forçavam fazer - cada palavra de Alison comprimia meu coração - Eu vou fazer você sentir tudo o que senti.

- Benjo, não é o Alison - dizia Erick - Seu amigo esta ai dentro, mas não é ele...

- Alison, por favor - suplicava - quero meu amigo de volta - Minhas lágrimas molhavam o chão do quarto.

- Rogério, por favor, me ajude - Era a voz de Alison suplicando por minha ajuda, mas o que eu poderia fazer? Não podia o deixar voltar para o inferno.

- Benjo, temos que nos livrar desse corpo que você trouxe do inferno, vou levar a alma dele comigo.

- Pra onde vai leva-lo Erick? – perguntei.

- Pra onde deveria ter ido há cinco anos.

Alison saiu correndo jogando tudo o que tinha pela frente para o alto, ele estava com uma força imensamente sobre-humana, ele pulou em cima de mim falando coisas horríveis, o sangue dele caia sobre meu rosto já molhado pelas lágrimas.

Erick dizia palavras baixas, que eu não entendia, ele gritou, me jogando uma faca, com o desenho de um anjo munido de uma espada.

Enfiei a faca na barriga de Alison que caiu ao meu lado. Tirei a faca e Alison saiu correndo corredor a fora, estava descendo as escadas quando o alcancei pulando em cima dele e rasgando seu pescoço, estava feito... Uma luz caiu sobre ele, algo transparente saiu pela luz, enquanto o corpo virava cinzas.

- O que está acontecendo? - perguntei a Erick.

- É a alma dele - respondeu o anjo.

A alma de Alison parou em minha frente e começou a falar.

- Rogério, eu...

- Eu te amo Alison - interrompi.

- Obrigado - foram suas ultimas palavras. - Te amo irmão.

Duas figuras encapuzadas apareceram atrás dele, prendendo suas mãos com algemas, o puxando.

- Não – gritou Erick correndo até onde eles estavam – ele não pertence a vocês.

Uma das criaturas retirou um pequeno papel onde haviam escritas em uma língua que eu não compreendia e em baixo o nome de Alison escrito com sangue.

- O que é isso? – pergunto.

- Tenho ordens superiores para levá-lo comigo – diz o anjo empunhando sua espada – soltem estas correntes se não quiserem problemas.

As criaturas soltaram a corrente, segurando dois punhais em suas mãos.

- Aqui não – digo choramingando

Erick pula no meio dos dois libertando a alma de Alison das correntes, uma das criaturas chuta suas costas o fazendo cair sobre o armário da televisão, quebrando tudo.

- Desculpa Be – diz Erick voltando a luta.

- Por favor, vão lá pra fora – grito vendo eles destruírem tudo.

Erick consegue pular em cima de uma das criaturas e enfiar sua espada no seu coração. A outra criatura vendo a morte do seu parceiro desaparece.

- Vou levar Alison – diz Erick – volto em seguida.

Bonbenjo
Enviado por Bonbenjo em 16/10/2014
Código do texto: T5000953
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