ROSAS DA MORTE

Ao chegar em casa, pela manhã, ele percebeu que o rosto da mulher estava afogueado. Ela nunca fora assim.

- Tá tudo bem?

- Tá, tá...!

Miguel trabalhara a noite inteira e estava cansado. Procurou café na garrafa térmica. Não tinha. Ele foi se deitar. E o sono o derrubou de vez.

Após quase doze horas, ele acordou. Já eram quase oito horas da noite. Não vira o dia passar. Mas algo o estava preocupando...

No outro dia, a mesma coisa: Joana estava ruborizada e distante. Alguma coisa estava acontecendo para deixá-la daquele jeito.

- Tá tudo bem?

- Tá !

Miguel foi se deitar, mas seu sono, perturbado por pesadelos sem nexo, fizera-o acordar pelo meio da tarde. E não mais conseguiu dormir. Levantou-se e foi até o quintal. Na casinha das ferramentas, pegou o enxadão. Foi até ao fundo e, na terra seca, enterrou com força a lâmina da ferramenta, e, apoiando-se no cabo, olhou para o céu com ódio. De repente, arrancando o enxadão, começou a cavoucar a terra com força...

Naquela noite Miguel não foi trabalhar. Lá pelas onze horas, Miguel ouviu uma batida leve na porta da cozinha...

Passados alguns dias, quando as pessoas perguntavam por sua mulher, ele respondia:

- Joana viajou. A mãe dela não está passando bem, lá em Goiás, e pediu pra ela ir pra lá ajudar.

Em menos de um mês, as más-línguas comentavam que, na verdade, Joana fugira com o moço da farmácia.

- Pois não é que eles num andavam de trelelê!!?

- Então, pois num é?!

E Miguel não se importando com a maledicência local, diariamente, regava a muda de roseira que plantara no fundo do quintal...