Natal Macabro

Um barulho parecido com o de uma tampa de um caixão se fechando acompanhado de um cheiro de poeira e madeira de móveis velhos. Com sua visão turva conseguiu ler as letras no baú preto: ABISSAL. Seus ouvidos identificaram com sofrimento um coro de crianças chorando. Quando seus sentidos se acentuaram, ela se levantou e caminhou lentamente até o baú. Passou a ponta dos dedos sobre a tranca com cadeado e sobre as letras riscadas com canivete na lateral. Ouviu uma voz distante:

_Victoria.

O cadeado soltou-se sozinho e a tampa do baú se levantou acompanhado de uma música que a fez sentir fortes calafrios tomarem o seu corpo:

JINGLE BELL... JINGLE BELL...

Uma sombra saiu do baú tentou estrangulá-la.

_Que droga! Vou morrer! Como vim parar aqui? Deixe-me pensar... Ora bolas, estou dormindo!

Ela acordou e olhou decepcionada para o filtro dos sonhos pendurado na cabeceira da cama.

Ao amanhecer a cidade cintilou adornada com o orvalho.

Ao entardecer graciosa como chantilly.

Ao noitecer a cidade ficou pálida como um doente hepático e os pássaros morreram.

Victoria Jackson andava com dificuldade pela neve espessa, os cinco minutos de caminhada até a casa dos Hargers se tornavam meia hora no inverno. Quando finalmente chegou, encontrou Dorothy em pé em frente a porta, impaciente como sempre. Ela que outrora fora professora infantil, agora coordenadora disciplinar. Pelo menos o metodismo e calculismo serviram para alguma coisa.

_Desculpe-me pelo atraso, Mrs Hargers. Fiquei com medo de atolar meu carro na neve e resolvi vir a pé.

_Aqui estão os remédios de Agatha para asma, não esqueça de medicá-la de duas em duas horas e colocá-la para dormir às nove.

_Ok. Me lembrarei.

_Mais uma coisa: Hoje vamos chegar um pouco mais tarde, pois meu marido e eu vamos visitar minha tia Megan no hospital.

_Ok Mrs Hargers.

Após Dorothy partir em sua picape vermelha, Victoria encontrou Agatha no quintal, acenou para ela e se sentou na varanda olhando a criança de cinco anos no balanço de madeira preso com correntes enferrujadas. O céu limpo anunciava uma breve trégua da neve.

_Essa menina é linda como uma boneca. _Disse uma voz no quintal vizinho.

Victoria fez um sorriso simpático para o velho, sorriso que o convidou a parar de cavar e se debruçar sobre a cerca baixa feita com ripas de madeira.

_Meu nome é Manoel Garcia. É a primeira vez que te vejo aqui!

_Prazer em te conhecer Mr Garcia. Chad Hargers foi meu professor de química na faculdade. Ele me pediu que cuidasse de Agatha enquanto ele e Dorothy participam de uma palestra num colégio em Manson.

_Então não é a sobrinha de Chad que veio passar o fim de ano com o tio?

_Que tipo de pessoa escolheria comemorar o ano novo na mesma milha quadrada que Dorothy?

Ambos riram.

_Cuide bem dessa bonequinha. Ultimamente estão desaparecendo algumas crianças na região.

_Eu sei. Vi no jornal que só neste ano desapareceram cinco meninas, sendo uma de Jolley. Hoje em dia nem nas menores cidades a tranquilidade ainda prevalece.

_Crianças bonitas chamam atenção.

_Depende do propósito de quem as sequestra. Se é que tem alguém por trás disso.

_Tem um maníaco solto por aí.

_Não é de duvidar.

_Ele gosta de pegar garotinhas bonitas que nem esta que está brincando no balanço.

_Como alguém teria coragem de matar uma criança?!

_E se ele não mata? E se desse a elas um destino melhor?

_Como assim? _Victoria ficou espantada. Quase que automaticamente moveu o olhar para uma pá de gelo encostada no pilar que sustentava o telhado da varanda.

_Talvez o destino de serem meninas bonitas para sempre.

Victoria ajeitou-se na cadeira.

_Você não tem medo de ficar sozinha nessa casa? _Disse Manoel com um tom levemente sarcástico.

_Por que deveria?

_Nesses dias difíceis em que passamos é perigoso deixar uma criança aos cuidados de uma garota franzina como você. Sem ofensas.

_Eu sei cuidar muito bem de uma criança.

_Aposto que não cuida nem de você mesma. _Manoel deu um sorriso que mal pôde ser visto por causa da barba branca que cobria metade do rosto.

_E desde quando isso é da sua conta? _Disse Victoria sem alterar o tom de voz.

Manoel era jardineiro, um velho europeu, provavelmente espanhol. Passava uma vez por ano de carroça pela cidade vendendo mudas de pinheiros, usava um casaco branco grande que fazia ele aparentar ser mais gordo ainda. Estava na casa vizinha plantando pinheiros no quintal.

_Vamos para dentro. _Gritou Victoria, fazendo Agatha pular do balanço e correr para a casa após pegar os sapatos sujos de areia. Após lavar os pés de Agatha, Victoria sentou-se no sofá da sala e ligou a televisão, estava começando o jornal de Des Moines que logo na primeira notícia anunciava a sexta criança desaparecida. A foto da criança deu a Victoria uma sensação ruim, e ela desligou antes que o repórter entrasse em mais detalhes.

Eram nove da noite quando colocou Agatha para dormir, depois se sentou no sofá da sala. Pensou em ligar a TV, mas desistiu. Estava quase cochilando quando um som agudo de sino a despertou, olhando pelo olho mágico da porta frontal viu Manoel.

_O que você quer a essa hora Mr Garcia?

_Gostaria de te ajudar cuidar da bonequinha.

_Ela já está dormindo. Vá embora.

_Preciso vê-la, se ela estiver acordada ainda, faço música para ela dormir.

_Então agora é músico?

_Sim. _Respondeu o velho chacoalhando novamente o sino pequeno na altura do ombro.

_Músico é quem faz música, você só faz barulho.

_Deixe-me entrar, tenho presentes para vocês.

_Vou chamar a polícia.

_Você vai ter que abrir.

_Os pais dela já estão chegando.

_Eu preciso muito dela. Ela é a número sete: A última. Sem ela a família ficará incompleta.

_Você está louco!

_Ela nasceu no dia sete, o nome completo dela é Agatha Agnes Hargers, que somando dá sete. Você acha que tudo isso é apenas coincidência?

_Agora sim, estou indo chamar a polícia.

_Não vou embora enquanto não tê-la.

Manoel deu uma pancada na porta seguido do grito de susto que Victoria deu. Ele tentou de novo uma pancada mais forte, mas a nova tentativa de arrombo foi também mal sucedida. Deu a volta pela casa procurando uma janela aberta, mas não encontrou, foi até a porta dos fundos e tentou arrombá-la, sem sucesso. Ao ouvir o barulho, Victoria deu outro grito que fez Agatha levantar da cama e ir até ela.

_Mostre onde o telefone do papai fica. _Disse Victoria segurando Agatha pela mão. Agatha a levou até o escritório da casa, onde tinha um telefone de disco sobre a mesa. Discou impacientemente 911. Ouviu-se o barulho de uma telha quebrando.

_Em que posso ajudar?

_Hou hou hou. _Ouviu a gargalhada estranha do velho vindo da sala de estar. Largou o telefone e pegou o taco de beisebol ao lado da mesa. Correu até lá, mas não tinha ninguém.

_Hou hou hou. _O maldito estava descendo pela chaminé! Rapidamente Victoria acendeu a lareira que funcionava a gás, fazendo o velho desistir da descida. Ela girou a válvula deixando o fogo da lareira no nível mais alto e voltou correndo para o escritório, pegou o telefone e discou de novo com as mãos trêmulas: 911.

_Em que posso ajudar?

_Tem um maluco tentando invadir a casa.

_Me fale o endereço.

_É a casa do Professor Chad Hargers, próximo a Madison Street.

_Checou se todas as portas e janelas estão trancadas?

_Sim, estão. O Filho da mãe está tentando descer pela chaminé.

_Ok. A viatura mais próxima está em Pomeroy. Vou acioná-la e ela estará aí em dez minutos. Por enquanto fique calma e não abre a porta até a viatura chegar.

Victoria levou Agatha até a cama, cobriu-a pedindo que ficasse em silêncio e não levantasse por nada. Trancou a porta do quarto e escondeu a chave atrás de um dos quadros no corredor. Chegando até a sala de estar tomou um susto ao ver a lareira apagada.

_Oh meu Deus!

Segurou firme o taco de beisebol com as duas mãos. Tudo estava num silêncio incômodo, a carroça do velho ainda parada em frente a casa e...

_Hou hou hou.

A risada veio baixa, mas próxima. Ele estava dentro da casa!

Ela puxou as cortinas, arrastou o sofá, levantou o tapete.

_Hou hou hou.

O som veio da cozinha.

Ela chegou até a porta de entrada da cozinha, mas as luzes estavam apagadas. O interruptor estava logo ali, no batente, a meio metro de distância dela. Levantou o taco com a mão direita na altura do pescoço, e com a mão esquerda tentava aflitamente alcançar o interruptor. Finalmente seu dedo indicador ativou a luz. Caminhou pela cozinha vazia, e com muito medo abriu o armário que só tinha comida enlatada dentro.

_Está procurando por mim? _Disse o velho logo atrás dela.

Antes que Victoria pudesse reagir, o velho agarrou em sua garganta e rapidamente ela perdeu os sentidos.

Minutos depois acordou dentro de um saco, estava amordaçada e com os pés e mãos amarrados. Debatia-se sobre a carroça em movimento.

_Calma querida, já estamos chegando. Papai só está te levando para tomar um chá.

Chegaram a uma casa de madeira cercada de pinheiros e sem eletricidade. Manoel carregou nas costas o saco com Victoria até à cozinha, jogou o saco no chão, e após acender todas as velas posicionadas em locais estratégicos na casa, desensacou-a, e colocou-a sentada num banquinho ao lado da mesa. A sua esquerda, Victoria viu o baú preto escrito Abissal exatamente como no sonho. Ela sentiu medo e começou a chorar. O velho se aproximou e retirou sua mordaça.

_Não chore querida. Está preocupada com a criança que deixou sozinha na casa? É só me dizer onde está a chave do quarto que vou buscá-la para te fazer companhia.

_Deixe-a em paz. _Disse Victoria alterando pela primeira vez o tom de voz.

O despertador tocou.

_Dez horas! Já está em tempo de recebermos o novo membro de nossa família. _Disse Manoel falando para as paredes da casa, depois virou-se para ela e disse: _Aguarde que logo conversaremos sobre a chave do quarto. _E amordaçou-a novamente.

Ele caminhou até o baú preto, destrancou-o com a chave pendurada eu seu pescoço e levantou a tampa. Imediatamente um cheiro putrefato tomou conta do ambiente. Alguém bateu na porta.

Manoel fechou o baú e arrastou Victoria até o banheiro, jogou-a dentro da banheira vazia e saiu para atender a porta.

_Em que posso te ajudar, policial?

_Temos uma garota desaparecida. Vinte e dois anos, negra, magra, cabelo curto...

_Conheço muitas garotas assim.

_Ela estava trabalhando de babysitter quando efetuou uma chamada pedindo ajuda. Chegamos na casa e ela tinha desaparecido. Arrombamos a porta do quarto e a criança estava bem, mas nenhum sinal da moça.

_Mais uma adolescente abandonando o posto de trabalho! Não se pode mais confiar nesses jovens de hoje.

_Estão todos procurando por ela. Se souber de algo, por favor, entre em contato.

_Certamente irei.

Victoria se debatendo conseguiu, por um milagre, ficar de joelhos dentro da banheira. Com a boca, abriu a válvula de água, e bateu com a cabeça na saboneteira derrubando um sabonete. Deitou-se de costas dentro da banheira na árdua batalha em conseguir segurar o sabonete entre as mãos, depois de vencer o objeto escorregadio, o esfregou conseguindo um pouco de espuma que lhe serviria de lubrificante. Dando algumas torcidas e remexidas conseguiu passar o polegar por uma corda, agora já podia sentir a mão esquerda um pouco mais frouxa, só falta girar a mão mais um pouco e conseguiria libertar mais um dedo e pronto: Estava livre.

Abriu a minúscula janela de madeira, mas era tão pequena que não passava nem um rato.

_Como vou escapar daqui? Meu Deus me ajude.

Procurou algum objeto que poderia servir de arma, mas não tinha nada.

_Pense Victoria... Pense.

Sobre a pia tinha dez cartelas de permanganato de potássio. Procurou dentro do armário e encontrou dois potes de glicerina líquida. Tirou todos os comprimidos de permanganato da cartela e triturou-os usando a tampa da latrina. Cuidadosamente colocou o pó no vão estreito em cima da porta, pendurou várias tiras de papel higiênico da parede ao chão e encheu a saboneteira de glicerina após arrancá-la da parede. Sua armadilha estava pronta.

Espiou pela fechadura que dava de frente para a mesa da cozinha. Tinha um bule de porcelana e ervas. Manoel colocou as ervas no bule e despejou água quente, depois caminhou até o baú preto.

_Vamos meninas. O chá está quase pronto. _Disse olhando para o baú.

A tampa fez um grunhido ao ser cuidadosamente levantada. Victoria ignorou que o barulho era o mesmo do sonho. Não se importava mais, somente espiava curiosa para saber o que tinha no interior do baú. _Não deve ter nada de mais. _Pensou. Ela se sentia confiante em vencer o velho e escapar. Nada poderia dar errado, e nada mais poderia amedrontá-la.

Manoel tirou do baú uma boneca de uns 80 centímetros e a colocou delicadamente sentada sobre a mesa. Tirou mais quatro bonecas e deixou todas sobre a mesa em círculo, pegou uma bacia de alumínio e colocou no meio delas.

_Bonecas! Isso que tinha dentro do baú! O que tem de assustador nisso? _Victoria riu. _Um velho que brinca de bonecas! Isso sim assusta.

Manoel saiu e instantes depois voltou carregando nas costas um saco feito de tecido vermelho, igual no que trouxe Victoria. Colocou no chão e desensacou uma garotinha de uns seis anos que estava com um saco plástico na cabeça e morta, que pela expressão em seu rosto notava-se que morreu asfixiada pelo plástico. Victoria reconheceu que era a menina desaparecida anunciada no jornal.

_Oh meu Deus! Esse homem é um monstro! _Pensou Victoria tapando a boca com as mãos.

Manoel colocou o corpo da criança sobre a mesa e começou o processo para transformar o cadáver em uma boneca. O abriu o abdômen com dois cortes, jogou as vísceras na bacia e encheu o corpo com feno. Antes de costurar colocou um rádio pequeno dentro do corpo e o dispositivo que acionava o rádio introduziu dentro da mão. Cortou as pernas na altura do joelho para a boneca parecer menor. Costurou um tecido sobre a pele e no lugar dos olhos pregou botões. Manoel terminou o processo coberto de sangue, a calça antes azul e a blusa branca estavam agora num vermelho vivo, nem seu gorro escapou.

Vestiu a nova boneca com a mesma roupa que tirou dela minutos atrás, exceto pelas meias, já que não tinha mais pés então não precisava delas, Manoel as pendurou na lareira onde tinha outros cinco pares de meias pequenas coloridas.

Victoria assistiu tudo. Aquelas imagens serviriam para lhe dar forças para lutar e sobreviver.

Manoel colocou uma xícara de chá para cada uma das bonecas e sentou-se em frente a mesa retangular.

_Nancy, Wendy, Natalie, Hannah, Penny e Jacqueline, quero agradecer a disposição de vocês hoje, especialmente a Jacqueline que acabou de chegar. Não é meia noite, portanto hoje ainda é dia 24. Aproveite minha querida "Seis", pois faltam poucos minutos para terminar seu dia. Vou usar esse tempo para te contar sobre Natasha, minha amada noiva que me deixou para sempre. Oh Natasha! Meu primeiro e único amor.

Manoel tomou um gole de chá e continuou:

_Meu casamento com Natasha aconteceu no funeral dela. Eu nunca tinha visto nenhuma pessoa morta antes. Eu era tão pequeno que nem alcançava o caixão. A mãe dela teve que me pegar no colo para conseguir ver Natasha morta. E como estava linda! Perguntei por que Natasha não abria os olhos e sua mãe respondeu que estava esperando o príncipe encantado para despertá-la do sono, e o príncipe era eu. Eu não estava ali por acaso.

Manoel levantou a mão esquerda que possuía uma aliança dourada.

_Depois a mãe dela tirou um par de alianças da bolsa e colocou uma no meu dedo e a outra no dedo de Natasha e disse que a partir de então, estávamos casados. Depois me fez beijar Natasha. Senti um gosto amargo ao tocar meus lábios nos lábios dela, tão amargo que não esqueço até hoje. Às vezes ainda penso no cheiro morno daquela boca enxuta.

Após dizer isso, deu o último gole do chá e pegou a boneca Jacqueline no colo, apertou a mão dela e o pequeno rádio em seu interior começou a tocar:

JINGLE BELL... JINGLE BELL...

Manoel chacoalhava o pequeno sino no ritmo da música enquanto gritava o macabro HOU HOU HOU.

Olhou para o relógio e era meia noite.

_Agora vamos dormir meninas...

Ia pegar as bonecas da mesa para guardá-las, mas parou subitamente.

_Ahh. É mesmo! Falta a número sete! Obrigado por me lembrar, Wendy. _Levantou-se e caminhou apressado até ao banheiro.

Quando Manoel abriu a porta, o pó dos comprimidos caiu sobre ele, e com o susto se embaraçou nas fitas de papel higiênico. Victoria veio logo em seguida despejando a glicerina em sua cabeça.

_O que você está fazendo? Sua maluca. Por que você fez isso? Me sujou todo! Agora você vai...

Antes que Manoel terminasse a frase, uma reação química o incendiou dos pés a cabeça, o velho saiu se debatendo e espalhando o fogo pelo chão.

_Maldita seja. _Ele gritou antes de empurrá-la fazendo-a bater com a cabeça no vaso sanitário e desmaiar.

Instantes depois ela acordou. O vaso quebrado e sua cabeça sangrando. No meio do chão do banheiro estava Manoel carbonizado. Agora que a preocupação antiga se fora, Victoria tinha um problema novo: Escapar da casa em chamas.

O caminho até a sala estava bloqueado. A janela lateral pequena da cozinha também não serviria. Na porta dos fundos uma tramela em brasa de uns 10 quilos travava a porta. Victoria tentou removê-la, mas quase queimou as mãos.

Derrubou as bonecas virando a mesa de ponta-cabeça, arrancou as quatro pernas da mesa e encostou três delas em uma das estacas de madeira que sustentava o telhado do lado direito da casa, pegou o lençol da cama e o enrolou sobre a base da estaca alimentando o fogo. Quando a estaca já tinha se queimado bastante, Victoria a chutou fazendo-a quebrar abalando parte do telhado.

Fechou a tampa do baú preto e o arrastou próximo a parte do telhado que ela julgou estar mais frágil. Com uma das pernas da mesa abriu três buracos horizontais na parede na altura de um metro, depois colocou a tábua da mesa sobre o baú a fim de fazer uma alavanca, arrancou a pia de porcelana do banheiro e colocou-a numa ponta da alavanca e pulou na outra. A pia subiu e bateu nas vigas do telhado fazendo-as se soltarem, deslizarem e se chocarem com a parede abrindo um rombo que passaria um cavalo. Victoria escapou da casa e saiu correndo entre árvores e fumaça sem saber para onde ir. Começou se sentir sufocada e a tossir. Para todo lado que olhava só via fumaça. Quando não aguentou mais correr caiu no chão de bruços e foi logo socorrida por um policial.

Um helicóptero da CNN sobrevoava o local registrando o incêndio que se espalhou por quase uma milha. Na televisão os pinheiros em brasas pareciam lindas árvores de luzes.

No dia seguinte, a notícia era transmitida em rede nacional, e Victoria era conhecida como a garota que venceu o serial killer mais esquisito de todos os tempos.

Elton Jt Veríssimo
Enviado por Elton Jt Veríssimo em 23/12/2014
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