O incêndio - parte 1

Uma das mais chatas tarefas domésticas é passar roupa e Lucy odiava. Postergava o máximo possível esta tão odiosa tarefa.

Naquele domingo, já quase sem roupa para usar e com um monte de roupa lavada e empilhada, ela decidiu que não tinha mais como adiar.

Preparou a tábua de passar roupa, ela odiava aquele objeto, ligou o ferro elétrico na tomada e pegou a pilha de roupa para passar. Olhou desanimada para aquele monte de roupas, respirou fundo, e iniciou o detestável trabalho.

Já estava na terceira blusa quando a campainha tocou. Lucy reclamou e foi ver quem era. Alguém vendendo cosméticos. O sujeito era meio estranho, ela agradeceu dizendo que não queria. Ele insistiu até ser um pouco inconveniente. Ela disse com mais firmeza que não queria, entrou, trancou a porta da casa e retirou a chave.

Já estava voltando, para o quarto, quando o celular tocou. Olhou para o visor e quem estava chamando era ele. Lucy havia passado a tarde e a noite de sábado esperando que ele ligasse, e não ligou. Estava ligando agora, Ela atendeu rapidamente, e sentou no sofá. Primeiro ele se desculpou por não ter ligado no dia anterior. Contou uma história meio boba. Lucy o desculpou como sempre o fazia por mais que tivesse raiva de fazer aquilo. Ficaram vários minutos conversando, então, se despediram e combinaram de se encontrar á noite.

Lucy sorrindo e pensativa, desligou o celular e foi para a cozinha tomar água. Pegou água na geladeira e, com ar de sonhadora, bebericou com calma a água gelada. Quando ia colocar o copo na pia, sentiu cheiro de queimado e se lembrou das roupas. Correu para o quarto, mas era tarde. Ela havia deixado o ferro elétrico, ligado, em cima da roupa. O ferro queimou e furou a roupa e em seguida queimou a tábua, de madeira. Da tábua, o fogo passou para a cama e para a cortina do quarto.

Quando Lucy entrou no quarto tudo estava pegando fogo. Desesperada e sem saber o que fazer, correu pegar o celular para ligar para os bombeiros e, neste momento, o fogo chegou à fiação elétrica e a coisa piorou de vez. Apavorada, Lucy não achava o maldito celular que estivera nas mãos dela há poucos minutos atrás, até que encontrou o desgraçado em cima da mesa da cozinha. A fumaça já tomava conta da casa e o calor já incomodava. Lucy ligou para o corpo de bombeiros que pediu para que ela saísse de casa imediatamente. Eles já estavam indo. Lucy desligou o celular e correu para a porta da sala. Estava trancada e ela não sabia onde estava a chave. Ela lembrava-se de ter tirado a chave, mas não conseguia lembrar onde a colocara. Foi até o sofá procurar e não estava. Olhou rapidamente para o chão da sala e não encontrou. Já com certa dificuldade de respirar correu para a porta da cozinha. Também estava tranada e a chave estava no mesmo chaveiro da chave da sala. Estava presa. Em uma casa pegando fogo. Desesperada, e sem conseguir respirar, gritava por socorro. Pegou uma panela grande, encheu de água e correu para o quarto. Quando chegou lá, teve a consciência da intensidade do problema. O quarto estava completamente tomado por chamas e ela pensou como um fogo poderia aumentar tão rápido?

Jogou a água da panela, que não fez diferença nenhuma no incêndio e viu sua bolsa. Estava do outro lado do quarto e já estava pegando fogo. Correu para lá e pegou. Desesperada, acabou encostando a bolsa na sua camisa que pegou fogo também. Lucy saiu tossindo do quarto, já completamente tomado pelas chamas e pela fumaça. Assim que chegou à cozinha sentiu o corpo queimando e levou um susto enorme ao ver a roupa pegando fogo. Ela se debateu, encostou à toalha da mesa, de madeira, que pegou fogo também. Ela conseguiu retirar a camisa, mas o cabelo pegou fogo. Sem perceber, atirou a camiseta, pegando fogo, para qualquer lado e ela caiu sobre o sofá, na sala, que também se incendiou. Atordoada e com dor, gritando desesperada, ela viu a mesa da cozinha se incendiar e passar o fogo para a cortina da pequena janela da cozinha. Ela já não conseguia respirar, correu para a sala e gritava de dor e desespero.

O quarto em chamas, a cozinha em chamas e agora a sala também. Já não conseguia respirar e nem ver nada. Não percebeu que o fogo tinha passado do sofá para a estante e, dali, para a porta da sala. O inferno era ali. Sem poder respirar e enxergar de tanta fumaça e sentindo o corpo queimar, cambaleou de volta para a cozinha. Estava quente demais. Pensou em ir ao banheiro e tentou ir pra lá. O botijão de gás explodiu e Lucy foi jogada de encontro á geladeira. Bateu a cabeça e caiu. Sem poder respirar, sem poder enxergar, meio zonza pela pancada na cabeça e com o corpo em chamas, ela escutou a sirene dos bombeiros e tudo o que conseguiu pensar é que não ia ao encontro naquele domingo á noite.

JRobson
Enviado por JRobson em 17/05/2015
Código do texto: T5244786
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.