O Incêndio - Parte III

O INCÊNDIO – PARTE III

Para quem leu o Incêndio – partes I e II vai entender que Lucy, na hora em que estava morrendo, achou que não ia conseguir se encontrar naquela noite com Amarildo, porém, assim que tomou consciência de que estava morta, a raiva tomou conta dela e induzida por um espírito maligno, ela decidiu ir ao encontro com Amarildo. Ela tinha que se vingar, dele e do vendedor. Ambos eram culpados por sua morte, pois, eles a distraíram e por culpa, unicamente deles, ela esquecera o ferro elétrico ligado em contato com a roupa e incendiou a casa, morrendo no incêndio. Eles vão ter que pagar! E vão pagar!

O quase namorado, Amarildo, ela sabia como encontrar e quanto ao vendedor, o espírito maligno lhe garantiu que ia localizar e entrega-lo para ela.

Ela chegou atrasada ao local combinado e lá estava ele. O Amarildo! Um dos responsáveis pela sua morte e agora ela ia infernizá-lo e provocar a sua morte também. Ele não ia se sair bem.

Ela chegou perto e olhou para ele. Dentro dos olhos. Amarildo sentiu um arrepio e olhou em volta. Ela sorriu. Friamente!

Ele esperou mais trinta minutos e desistiu. Saiu do bar e Lucy saiu atrás dele.

Dois meses depois, Amarildo não entendia. Como que tudo começara a dar errado para ele. Começara perdendo aquela garota..., como era mesmo o nome dela? Ah, sim. Lucy. Eles tinham combinado um encontro e ela simplesmente não aparecera. Amarildo considerara que ela queria que ele corresse atrás dela e, então, ele não ligou. Por várias vezes, pensou em ligar para ela, olhava para o número e não ligava. Ela é quem teria que ligar. Mas, o tempo passou e ela não ligou.

Ele teve vários relacionamentos e tudo dera errado. Ele se envolvera até em uma briga, por causa de um relacionamento, apanhara muito.

E, para piorar, no serviço, descobriram suas falcatruas e roubos e ele perdeu o emprego.

E o mais incrível era que sempre sonhava com uma mulher rindo..., e tinha um homem de boné rindo junto com ela. Não conseguia ver o rosto dela. Só via o lindo cabelo e ouvia a tenebrosa risada.

Longe dele, o momento estava igualmente ruim para certo vendedor. Sua mulher o pegara com outra e o largara. Além disso, ele viu as vendas caírem completamente e, conforme a grana começou a faltar, resolvera voltar para a vida de roubos.

Naquela sexta feira, fim de tarde, depois de mais um dia procurando serviço sem sucesso, Amarildo parou o carro em frente á garagem e desceu do carro para abrir o portão. Guardou o carro na garagem e quando foi fechar o portão, veio á surpresa.

O, ex vendedor, César estava desesperado. Precisava de dinheiro para comprar a droga. Depois que deixara o emprego de vendedor, voltara para a vida de roubos e para o uso das drogas. E, agora, precisava desesperadamente da maldita droga.

Ele entrou naquela rua, andando devagar. Fim de tarde, começando a escurecer, uma leve garoa caindo e a rua deserta. Então, ele viu o carro que parou em frente á um portão. Era a chance. Ele acelerou o passo. Viu quando o homem entrou com o carro e acelerou o passo mais ainda. Chegou á casa. O portão ainda estava aberto. César sacou a arma e entrou. O homem tinha acabado de descer do carro e foi pego de surpresa. César apontou a arma e o dominou. Obrigou o homem a fechar o portão e entraram na casa. Depois de amarrar e amordaçar o Amarildo, Cesar comeu e bebeu. Separou o que ia levar e quando já ia saindo, algo o fez abrir o armário de material de limpeza. Nem ele mesmo sabia por que abrira o armário. Era estranho, algo falava dentro de sua cabeça e ele não conseguia se controlar. Era como se estivesse dominado. Algo o controlava. Quase inconscientemente pegou o vidro de álcool e jogou todo o conteúdo em si mesmo e no Amarildo que estava com os olhos arregalados de medo e se debatia para tentar se soltar. Tentava gritar e não conseguia. O ladrão parecia estar em transe. Os olhos estavam vermelhos e ele agia como se fosse um autômato. A voz em sua cabeça o obrigou a pegar a caixa de fósforos e ele acendeu um palito e jogou no homem amarrado. Amarildo, desesperado e já sentindo as dores das queimaduras, tentava, sem sucesso, se soltar e gritar. Então, o bandido, pulou em cima dele e se incendiou também. Em poucos segundos Cesar se levantou pegando fogo e gritando desesperadamente enquanto Amarildo se contorcia de dor no chão.

O bandido tentou correr, mas a dor era muito intensa e ele caiu. Seus gritos eram apavorantes e nos próximos trinta minutos os dois queimaram completamente, junto com a casa, até a chegada dos bombeiros.

Amarildo abriu os olhos e começou a andar. Não entendeu o que estava acontecendo. Ele se lembrou do assalto e do bandido, mas só isso. Estava meio zonzo. Porque a casa dele estava assim? Saiu na garagem. Em frente á casa estava cheio de gente. Ninguém olhou para ele. O que estava acontecendo? Saiu para a calçada e lá estava o bandido, o homem de boné que ele via nos sonhos e a moça, também dos sonhos, que gargalhava e, agora, ela olhava para ele. Ele a reconheceu. Era Lucy. E ela e o homem do boné estavam sorrindo e olhando para ele.

JRobson
Enviado por JRobson em 18/05/2015
Código do texto: T5245757
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