Vítima

O maldito tilintar de dois objetos cortantes em constante atrito estava agonizando a cabeça de Sarah Bóio. Seus olhos pairavam quase no tempo que se extinguia rapidamente. Ela muito queria que fossem apenas para qualquer outro fim, mas não para o dela. Por que ela foi aceitar a carona? Por que meu Deus?! Por quê?! Ele sempre gentil quando a cumprimentava todas as quintas. Ela realmente queria gritar com todas as suas forças. Mas ela não as tinha mais. Quem viria salvá-la agora? Quem? Ninguém sabe onde ela está. Mas muita gente iria sentir sua falta, principalmente a sua filha que faz três anos no outro dia. Ela olha ao lado e vê ainda a pequena mochila de Laila. Iria levá-la ao jardim porque a menina chorou para que a mãe levasse a mochila que ela havia se esquecido de manha antes de sair de casa.

Ele está a dez metros. Como Sarah gostaria que aquele homem nunca houvesse cruzado seu caminho. Ele praticamente não tem rosto. Ele não é um homem. Ele é grotesco. Ele é um monstro... É uma coisa que agora avança em sua direção. Ela não consegue ver seus olhos, nem sua boca, mas ela está sorrindo uma maldade que Sarah Bóio nunca sentira em sua pele. Ela está gelada e treme a cada passo que quebra um graveto seco sob pés grandes. Ela sente o peito arfar de dor quando ele ajeita seu cabelo loiro atrás da orelha esquerda.

Sarah fecha os olhos para sempre...

Geovani Silva
Enviado por Geovani Silva em 22/05/2015
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