O AÇOUGUEIRO

Zelão, o açougueiro era um sujeito que atraia pela sua grande simpatia, mesmo com aquela gordura toda e o avental sujo de sangue. Cortava a carne ao gosto do freguês. Um sujeito bom de papo. O que ele sabia era escolher bem a carne que queria. Carne nova era sua preferida, apreciando mais as carnes brancas. Estas tinham um gosto diferente. A senhora de sempre acabara de entrar. Ela pedia a carne especial que só Zelão vendia.

- A de sempre Zé. E capricha no cortado.

- Pode deixar Filomena. Só um instante.

Ele indubitavelmente demorava mais que o necessário para trazer a encomenda.

- Aqui está, minha senhora. Tenha um bom dia!

Enquanto ela se afastava, Zelão olhava desgostoso para o embrulho transparente só distanciando pensando em mais uma vez ter de mudar de endereço. “Como sou burro”. Resmungava ele.

Emitindo brilhos cada vez menores, uma aliança em um dedo feminino seguia para um destino desconhecido.