Esquizofrenia Parte V

Capítulo V

Rex é um cão comum, a começar pelo nome. Não é como um Brian do Family Guy, intelectualizado. Sabe lamber o próprio saco, coça e morde as pulgas. Rasga saco de lixos e é perseguido por moradores raivosos. Vez ou outro se engasga com algum pedaço de osso de frango mal mastigado e chega a cagar sangue. Nem sabe porque pensa a respeito dessas coisas, já que sabe que cachorros não tem esse tipo de ideia. Deve alguém pensar por ele ou imaginar que assim seja, quando na verdade não é. Fica observando aqueles senhores ridículos com agasalho de moletom amarrado em volta do pescoço e aqueles shorts curtos, alguns com aquele culote medonho que quase arrebenta as costuras. Está aí o quanto é ridículo um sans-culotte. Sente o aroma de pinga vagabunda que sai da boca do sujeito que dormiu sobre o próprio vômito. Aquele não poderia lamber o próprio pau nem se tivesse arrancadas as pernas. Rex adorava cagar pelas ruas, imaginando que suas fezes eram como pequeno charutos, coisa chique, daqueles cubanos. Ia despejando seu charutinhos e esperando que os fosse fumar. Em um beco vira um sujeito com um charuto de carne na boca, mas não parecia aceso e estava grudado no corpo do outro cara. Sexo oral entre homens. Foi o que dizia um anúncio de TV que tentava explicar o tema que passava a se tornar corriqueiro na programação.

O drama daqueles anúncios de cuecas, mostrando um passarinho saindo do buraco. Coisa tosca. O que p marketing é capaz de fazer para vender todo esse lixo. Aquela vagabunda, pois era como se autodenominava, fazia de vez em quando alguma tatuagem, porque tinha uma espécie de carme narcisista, adorando o corpo em frente ao espelho. Fez aquela porra de maquiagem definitiva, que deixa a pessoa com cara de palhaço. Colocou silicones e de longe todo mundo sabia que aquele exagero não poderia ser natural, parecendo duas bolas de basquete. Aquilo não deixa um cara de pau duro, no máximo dá vontade de rir e imaginar que na trepada aquele porra vai ficar balançando na sua cara. Sem pelos. Esse lance de laser. Pessoas sem pelos são como aqueles manequins assexuados. Nem um pentelhinho para contar a história. Aquele coisa do fio de cabelo no paletó, por mais brega que seja. Não sabia se aquilo eram cobras que pareciam estar voltadas para a virilha. Vivia chapada. Fumava maconha pra caralho. Rindo alto e fodendo com a vida do sindico, que tinha eu pedir calma aos outros moradores. Filha de pais influentes, Natacha gostava de causar na vizinhança, gritar mesmo quando não gozava, só para dizer que estava dando, e isso acontecia com frequência. Sônia, uma moradora do tipo que não trepa, ficava puta com aquele lance e vivia fazendo denúncias, dizendo que chamaria a polícia e coisa e tal. O duro era um advogado que nem havia se formado e ia levar baseados e tentar dar mais uma trepada. Bastava ver o cara apertando o interfone e o porteiro já fica de cara amarrada. A marola está no ar.

No circo quase falido, o palhaço sem graça tenta entreter o público minguado. É possível prever cada movimento, imaginando sempre por antecipação a graça seguinte, o que faz o riso se omitir. Os poodles, fazendo aquelas cachorrices enjoadas. Imaginamos que devem apanhar para realizar aquelas tarefas. O mágico tem aqueles truques que faz com que imaginemos que ele não passa de um charlatão, onde sabemos que somos enganados e mesmo assim pagamos para isso. É como consultar uma cigana para saber sobre o futuro. Não que todo cigano seja desse naipe. Mais te umas encostadas próximas a centro comerciais, prontas a tirar algum trocado de um trouxa qualquer. Sem contar os anúncios de poste, onde diz que curam mal olhado, câncer e levantam pau de homem broxa. Conseguem trazer a pessoa amada de volta em um curto espaço de tempo. Alguns mais violentos dizem dar conta de desafetos. Mas só conseguimos nos concentrar no cheiro de mijo dos homens que adoram se fazer de cães e urinar para marcar tudo quanto é território, ainda mais se for próximo a casas de show. Coloca-se o pinto pra fora, mijando com desenvoltura, sem se importar que vejam a sua rola. Tem muito manja rola nesses lugares, que fica só espiando de rabo de olho. Dois cães trepados, com aquela cara de felicidade que só o sexo proporciona. Um gole pro santo e outro pra goela, é o lema do boteco, com aquela pose na porta do estabelecimento e a famosa coçada de saco, coisa bem elegante que se pode ver em todo o território nacional.

Na saída do show de rock, o álcool na mente. Balançar a cabeça enquanto o metal soa alto. Andando pelas ruas desertas da madrugada.

— Vai pó aí playboy?

Um resolveu arrumar confusão e começou a porradaria. Copo de vidro estilhaçado no asfalto. Puxa o ferro e senta o dedo. Nessa hora quem tem pernas é bom tratar de correr. No posto de gasolina tem aquelas conveniências, onde pessoas inconvenientes frequentam. Som alto dos carros fodendo com a vizinhança que tenta dormir. Aqueles carros rebaixados, que ficam passando em velocidade quase zero na lombada, com medo de arrebentar aquela bosta rebaixada. Vidro fumê, pé no acelerador e rachando as avenidas. Sinal vermelho que se foda. A pancada no carro que atravessava tranquilo, com a menina voando pela porta lateral. Porrada forte + cinto de segurança = óbito. Choro e vela, com cruz em cima da faixa amarela. O taxista preocupado com o passageiro mal encarado, embora não tirasse os olhos dos peitos da acompanhante, com decote que fazia aquilo quase saltar pra fora. Vai aproveitar e enfiar a faca na hora de cobra a corrida, já que o taxímetro é adulterado. Muita violência, é preciso ganhar uma grana que faça valer a pena. Aproveita e solta um peido com os vidro fechados e ainda reclama do cheiro de esgoto da região. Mas cheiro de peido é cheiro de peido e não adianta tentar disfarçar. Gás que sai do cu.

— Já que resolveu peidar na nossa cara, seu taxista do caralho e está olhando pros peitos da minha mina, passa logo essa grana antes que eu arranque sua cabeça de merda. Perdeu seu merda!

A ambulância passa a mil e todos abrem caminho. Mas o motorista só estava curtindo. Estava louco para chegar na base e foder aquela residente assanhada que estava flertando com ele a dias. Eis a vida de uma grande metrópole. Pole position da foda. Enquanto uma idosa morre lentamente nos braços do filho, já que o socorro demorou a atender o chamado. O Chamado. Um brinde a cada chamado não atendido. Essa noite será de porre. Porre a parede até as juntas sangrarem. Isso que é ponto de impacto. Pacto da mão com o muro e nada mais.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 26/07/2015
Código do texto: T5324761
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