A Elipse

N O I G E E S N U

Os fatores que por algum acaso botaram essas palavras em sua frente, talvez não sejam por mero acaso. Primeiramente, talvez eu nem saiba como elas foram parar aí no mecanismo em que você esta lendo, pois elas não foram decodificadas, e nem faladas, e sim, talvez, pensada; pois aqui aonde estou, em meio ao espaço entre o qualquer espaço que se possa imaginar, não se pode nem imaginar e talvez nem pensar, então eu não sei o que estou fazendo.

Não sei exatamente o que significa a sigla que foi colocada ali, e nem a do final, mas sei que é a resposta que eu não perguntei, por isso aqui estou, no palácio da insanidade; aonde o chão é quadriculado, e donde se encontra o padrão. Mas agora aproveitarei que isto esta acontecendo e falarei da elipse - o fruto do qual serviu de propulsor e porta para o acá.

A elipse é uma estrada para um nada de mão única, aonde só existe essa estrada. Depois que você escorregou pela primeira vez, condenou todo o ciclo de sua existência, inclusive dentro das dimensões que se escondem entre a largura e a altura. As vezes não é bom querer saber demais; saber demais te compromete, pois você sabe demais, e os outros também querem saber demais. E aí você acaba escorregando e levando alguém que não devia ter sido levado. Isso com certeza é um bom modo de extermínio.

Me recordo o que eu era; eu era um humano, mas não sei quem eu fui; mas sei o que me aconteceu, e talvez isso seja a única memória cravada nisso que eu não sei denominar. Eu era triste, muito triste, e meu único sentimento além da tristeza e auto-compaixão era o ódio, um latente ódio pelo tudo – talvez por isso eu tenha dado inicio a mais um fluxo de elipse.

Tinha o costume de me sentir bem me suicidando aos poucos com uma bebida inflamável, e isso apenas fazia eu ficar mais violento. Uma coisa que eu alimentava desde minha aurora foi a curiosidade e o saber sobre o tudo, e o porque sobre o tudo; e tendencias ao oculto eu tinha.

Como minha existência em carne não estava tendo propósito, eu passei a procurar sobre o tudo e seu porquês; buscando a todo o custo por todos os meios, através dos também, ocultos. E foi aí que eu me deparo com um pequeno documento. Um curioso documento, encontrado em meio a papéis estranhos de origem a não ser nominada. O nome do documento era - E----- e continha algumas palavras confusas, anagramas e também um curioso ritual de falha.

Durante meus estudos estranhos eu acabei por descobrir muitas coisas sobre o oculto, e uma delas foi que um ritual de falha, era raro. Um ritual de falha consiste em alisar o tecido dimensional da nossa existência, nos permitindo atravessa-lo e navegar entre os mundos que não podem ser tocados. E eu bem sabia que para se fazer um, eu teria de conseguir muitos itens. No documento pedia: Sangue de um cordeiro que arressem nasceu, orelhas de coelho, um figado humano, folhas e galhos de uma árvore de Tredente, e cabelos de uma virgem.

Os dois primeiros itens, lembro-me que peguei em uma espécie de criadouro. O figado humano consegui em uma pequena operação num lugar aonde analisavam corpos mortos, os cabelos consegui com a fêmea que morava perto de mim, e os galhos numa árvore em uma floresta longínqua.

As instruções do documento indicavam: “Pegar o sangue do cordeiro e fazer um circulo. Dentro do circulo faça um triangulo invertido, e dentro desse triangulo faça um outro em posição normal; dentro desse último faça uma cruz com mais quatro linhas que apontavam para o epicentro da cruz. Pegue os cabelos da virgem e dentro do circulo, faça um outro com os cabelos, depois pegue os galhos e os coloque nas direções: Norte, Sul, Leste e Oeste, e na ponta de cada galho coloque uma folha. Depois pegue o figado e o coloque no centro, em cima da cruz, e bote as orelhas de coelho nas direções Norte e Sul e deixa-as encostando no orgão. =AGORA PEGUE UMA FACA E CORTE SEU DEDO E CONTE 7 PINGOS DE SEU SANGUE EM CIMA DO FIGADO=”. Notei que a última frase estava destacada.

Segui a risca todos os procedimentos. E esperei... Até tempos que não sei contar, e aí comecei a observar o que se ocorria. Tudo o que estava em minha volta parecia não ter textura, e ser uma curiosa mancha rente a meus olhos; estava sentindo náuseas, e estranhas visões de aparências psicodélicas estavam surgindo em minha mente como lapsos momentâneos da razão. De repente acabei por ouvir uma frequência sinistra de vibrações continuas, que ribombavam diretamente em minha alma como se dançasse em cima dela, e em meio a tudo isso acabei por ver algo com minhas estranhas visões; um risco, um traço que foi traçado em meio ao ar, aquilo era uma fenda; uma fenda na realidade, e parecia estar sugando tudo o que estava a minha volta como um ralo que suga a água da banheira; não pude evitar e também fui sugado pela intensa corrente que me atraía.

E depois do tudo; daquilo tudo; do sempre tudo. Aconteceu o nada!

Acabei por me encontrar aonde estou. Em meio ao nada entre os tempos; e agora sinto um intenso ódio que corre em minhas veias imaginarias reais; ódio de que eu sabia quem havia escrito aquele infame documento... Havia sido EU!

A minha letra era aquela na qual eu li o ritual. Não sei como pode ter sido. Nunca que eu saberia da existência de um ritual de falha. Lembro-me que notei algo curioso no documento – além dos anagramas – era que os últimos parágrafos estavam apagados, isso eu podia sentir na textura daquele papel.

Agora eu sei que eu não sei. Mas sei que o que eu precisava saber estava no próprio papel que me trouxe aqui. Eu sei que lá se encontrava a chave, de como parar A Elipse.

Parágrafos Borrados:

Bispo esta na F8.

Bispo se move para E7

Bispo se move para F6

Bispo se move para E5

Bispo se move para F4

Bispo se move para E3

Bispo se move para F2

Bispo se move para E1

à P N U S U A G E

Thomas Wells Loyst
Enviado por Thomas Wells Loyst em 17/10/2015
Reeditado em 17/10/2015
Código do texto: T5417939
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.