Uma História do Diabo

Nas ruínas mais perniciosas do inferno o Diabo esta atolado...

Uma história singular...

Então vamos a ela:

“Um dia o Diabo quis enganar uma velha velhaca que muito já sabida e vivida”. Alem de ser mulher, era velha e era muito sabia, e, portanto sabia os segredos da feitiçaria e toda a macumba que nem o Diabo sonha em conhecer. Mãe-de-santo das boas, que vive com exu a seu lado.

O diabo, um dia se engraçou pro lado da preta velha velhaca macumbeira, porque alem de ser mulher era preta e ainda mantinha certa jovialidade que só os negros têm. Então o diabo se travestiu de malandro para conseguir a lascividade da velha preta macumbeira.

Pois logo o exu da preta lhe baixou e indicou que o Capeta iria lhe pregar uma peça. Astuta como uma jibóia a preta velha, com seu exu encorporado, viu o Diabo chegando sorrateiro em busca da preta velha no terreiro. Mas bem que ela mesma não estava lá. Era seu exu. O Diabo veio perguntando pela velha dos peitos durinhos a ela mesma, mas com forma de homem por causa de seu exu. Pois o exu lhe disse que a preta velha logo a esperava e pediu para que ele ficasse sob os cuidados daquele anfitrião que foi logo dando de comer e beber ao Cão. Mal sabia ele, o Diabo, que a cachaça e a galinha da Angola eram elementos do sarava, que o Diabo caiu feito um pato. Comeu e bebeu tudinho e quando terminou deu um arroto muito bizarro. Sua face começou a queimar como o próprio reino em que mora e comanda e seus pés, ora, seus pés de bode se transformaram lentamente em rodas para todo o sempre. Ali mesmo a mãe-de-santo começou a rir e imprecar o Diabo que se achava ardiloso, mas a preta era gato velho de guerra e sabia pregar as suas peças no Capeta. Ria dele com muito gosto, o Diabo espavorido com as pernas modernas foi embora com muita raiva para seu reino de lava.

A preta ria-se e ria-se de sua conquista.

Muito tempo se passou até que um dia o Diabo se acostumou a andar sobre a roda e até gostou de andar assim. Mas um dia atolou num poço de lava e não tinha ninguém para tirá-lo de lá. Ficou uivando, mas as rodas que eram suas pernas viraram para sempre e ele ficou ali uivando e choramingando. E mãe preta gata velha se ria para sempre, pois com o diabo naquelas situações nunca morreu, pois o inferno perdeu sua organização e virou um lugar melhor. Todos lá estavam livres das torturas e martírios. Estatuas da preta velha gatuna foram erguidas por todos os lugares do inferno, as almas a tratavam como uma deusa. E talvez o era, e o diabo ficou lá atolado com suas pernas de roda, até Deus Todo-Poderoso se ria dele”.