A ilha do terror

A ILHA DO TERROR

ABRI os olhos tentendo desesperadamente puxar o ar para meus pulmões. Engasquei soltando água pela boca e sentindo que estava prestes a morrer.

Minha mente estava confusa. Eu não sabia se aquilo era rael ou se eu estava sonhando. Cada junta de meu corpobestava doendo. Era como se tivesse levado uma surra.

Eu tentava puxar pela memória o que teria acontecido, mas não vinha nada, em minha mente havia apenas uma tenebrosa escuridão. Sentia como se minhas lembranças tivessem.sido apagadas.

Eu desfaleci. Fiquei ali, largado, como morto, totalmente vencido pela fraqueza e confusão mental.

Não sei quanto tempo fiquei daquela forma. Acordei de súbito, dando um salto como se tivesse sido despertado de um pesadelo.

Sentei- me e a primeira coisa que vi foi o vasto oceano à minha frente. Percebi que estava em uma praia com mais ou menos um quilômetro de extensão.

Tentei me levantar e senti uma tontura forte, além de uma intensa dor de cabeça.

Olhei à minha volta. Aparentemente aquela praia era deserta. Atrás de mim havia uma floresta e de ambos os lados cadeias baixas, quase que insignificantes de formações rochosas com um pico mais elevado se destacando ao fundo. Eu não tinha a menor ideia de que lugar era aquele.

Tentei novamente usar a memória para entender o que estava acontecendo mas a dor de cabeça me impedia de pensar com clareza.

Olhei ao longo da praia e vi uma infinidade de objetos trazidos pelo mar e logo me dei conta de que pareciam ser o destroços de um naufrágio.

Levantei- me e caminhei trôpego até eles e minhas suspeitas começaram a se confirmar. Entre os objetos havia o que parecia ser os restos de uma embarcação.

Aquilo fazia sentido, podia lançar alguma luz sobre meus pensamentos obscurecidos. Eu podia concluir que, a julgar pelo meu estado e por aquelas coisas espalhadas na praia, eu devia ter sido vítima de um naufrágio.

Começei a recolher os objetos dando prioridade a comida e água. Não havia muita coisa daquele tipo, na verdade a maior parte daqueles objetos estavam inutilizada. Achei algumas peças de salame e duas garrafas de rum. Estava com sede e fome, e aquilo foi minha salvação.

Sentei- me para comer observando as coisas que havia reunido sobre a areia.

Não havia nenhum relógio ou mesmo uma bússula entre os objetos. Não podia ter certeza de quanto tempo havia passado desde o momento em que tinha acordado na praia. Olhei para o céu, sol estava perto de " cair " no horizonte. Deduzi que devia ser entre quatro e cinco da tarde.

Eu precisava fazer alguma coisa, e por hora, o melhor que eu podia fazer era um abrigo para passar a noite. Não seria má ideia fazer também uma fogueira.

Me levantei decidido a fazer uma varredura no local. Não sabia se estava em uma ilha ou no continente. Se estivesse no continente minhas chances seriam melhores. Eu poderia percorrer a costa até encontrar ajuda.

Olhei à minha direita e vi o pico que se destacava na paisagem. Com ceteza lá era o melhor lugar para observar a área. Se eu estivesse em uma ilha saberia.

Havia um facão entre as coisas que eu tinha pegado entr eod destroços. Eu ia precisar de madeira.

A dor de cabeça persistia. Mais branda no entanto. Tentei novamente me lembrar de algo, mas só vieram resquicios sem nexo.

Deixei aquilo de lado pois precisava me concentrar nas tarefas que tinha pela frente.

Peguei o facão e me aproximei da floresta.

Era uma densa floresta tropical que parecia intransponível. Mas logo percebi que havia uma trilha que começava em uma elevação depois da praia e desaparecia floresta adentro.

Não titubiei e começei a percorrer a trilha, e à medida que caminhava percebi que a floresta estava mergulhada no mais absoluto silêncio. Eu não conseguia ouvir nem mesmo o canto de um mísero pássaro, nem mesmo uma folha balançando ao vento. Aliás não havia vento, não havia nada, apenas o silêncio total e absoluto.

Devo ter caminhado uns 200 metros pela trilha quando o silêncio foi quebrado. Era um ruído muito tênue, mas em meio ao silêncio totalmente perceptivel.

Eu parei sentindo uma leve palpitação no peito. Olhei à minha volta e tudo o que vi foram as árvores que me cercavam como gigantes ameaçadores.

Retomei a caminhada.

A trilha parecia ir longe. Seguia por intrincados caminhos apinhados de acrives, decrives e curvas.

À certa altura encontrei algo que me encheu de felicidade: um pequeno corrego que descia de algumas pedras.

Agradeci a Deus e tomei longos goles. Ao menos agora eu tinha certeza de que não morreria de sede naquele lugar.

Fiquei algum tempo no córrego e depois retomei a caminhada.

A trilha ia dar exatamente no pico que eu vira na praia, e dali eu tive a certeza de que eu estava em uma ilha.

Vislumbrei a paisagem lá da cima, muito bonita por sinal. O oceano estendia- se até além do horizonte. Não havia nada além dele.

Eu suspirei. Eu estava realmente em apuros. Eu sofrera um naufrágio e viera parar em uma ilha deserta. E o pior, eu não tinha a menor ideia do que havia acontecido.

Talvez fosse um lápso de memória momentâneo. Eu tinha que esperar, as lembranças surgiriam automáticamente. Por hora eu precisava fazer um abrigo para passar a noite.

Começei a fazer o caminho de volta.

Caminhei uns cem metros e ouvi um barulho.

Parei e olhei para a floresta. Meu coração palpitou. Senti algo estranho, um arrepio percorreu todo o meu corpo, e a sensação de que estava sendo observado se apoderou de mim. Vislumbrei um vulto esgueirando- se em meio às árvores.

- Olá! Tem alguém ai?! - gritei.

Agora não havia mais o silêncio absoluto, ele era quebrado por pequenos ruídos que enchiam a floresta.

A palpitação deu lugar à uma ponta de medo.

Recomeçei a andar. Mais rápido dessa vez.

Algo esgueirou- se pela floresta atrás de mim. Ouvi um novo ruído, dessa vez forte o suficiente para fazer todos os meus ossis tremerem de medo. Não sei descreve- lo, não se parecia com nada que eu já tenha visto em toda a minha vida.

Olhei para floresta e vi olhos vermelhos, acesos como lanternas de um carro. O matagal que antes eu pensava estar vazio, agora estava repleto de criaturas estranhas que até então eu não sabia o que eram.

Segurei forte o cabo do facão e saí em disparada, correndo feito um louco, agora em pânico. O medo de algo que eu não sabia o que era.

Corri quase à beira da exaustão até alcançar a praia. Senti- me aliviado em sair da mata.

Mas então olhei para a floresta. Aqueles sons estranhos vinham dela como se ela falasse comigo.

De repente os sons sairam da floresta e se puseram atrás de mim.

Olhei para trás e meus olhos saltaram da órbita.

Esqueletos!

Havia esqueletos por toda parte. Brotavam da areia,saiam do mar, enchiam a praia. Mas não estavam mortos, estavam vivos!

A ilha era um maldito cemitério de esqueletos mortos vivos.

Fui tomado pelo terror e olhei para a floresta vendo que mais esqueletos saiam dela.

Senti minha cabeça rodar. A dor atingiu meu cérebro com uma pontada que me fez ficar tonto.

" Fernando!"

A voz bradou bem lá no fundo de minha mente, onde estava oculta a verdade.

" Está na hora Fernando! "

Eu caí no chão e vi os esqueletos se aproximarem, fechando o cerco.

" Acorde Fernando! "

Aos poucos fui caindo na escuridão. Lembranças estranhas e desconexas encheram minha mente.

- Acorde Fernando!

Eu dei um salto na cama.

Era de manhã. Minha mãe me chamava para ir à escola.

FIM.

Luis Fernando Alvez
Enviado por Luis Fernando Alvez em 26/11/2015
Código do texto: T5461429
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