Sombra – Ato VIII
 
Capítulo 10 – O Mistério Da Colina
 
   No dia seguinte convenci Kevin a me acompanhar até aquela colina, Jacob havia recusado o convite e ameaçou contar a Charlô se continuasse a insistir. Caminhamos com total tranquilidade, o lugar não parecia nada estranho, mas foi só darmos mais alguns passos para que eu mudasse de ideia quanto a isso.
   Uma névoa surgia entre o topo das árvores e tinha um cheiro horrível, o que nos fez tentar respirar o mínimo possível, não funcionou, alguns minutos depois e já estávamos debilitados.
-Você não consegue parar de ser idiota? – Charlô me deu um soco na cara.
-Por que se importa? – respondi fazendo com que ela revirasse os olhos.
-Bom, eu.. Ah, saia da frente! – gritou ela para Jacob.
-O que aconteceu? – perguntei a Jacob.
-Ela queria saber onde você havia ido.
-E você nos entregou assim?
-Por que você não tenta deixar de contar algo a ela?
   Charlô liderava nossa subida a colina e a cada passo que tentava me aproximar ela dava dois a frente, não tive chance alguma. O mais estranho de tudo era chegar ao topo e não encontrar nada, nenhuma casa abandonada ou sinal de criatura maligna.
-O que há neste lugar? – perguntou Kevin.
-É uma boa pergunta. – respondeu Charlô. – Fechem os olhos! Em tempos claros, as trevas surgiram, corrompendo o bem, destruindo fracos e inocentes, mas agora temos o poder de superar! – continuou o que parecia ser algum ritual.
-O que é isso? – perguntei.
-É um verso criado a muito tempo para expor qualquer coisa negra próxima. – respondeu ela.
-Então, pelo visto não há nada das trevas aqui. – respondi.
-Ora garoto tolo. Não sou das trevas. – ecoou uma voz grossa entre as árvores.
   Continuamos em silêncio até que finalmente um corpo se formou a nossa frente. Era um adulto de cabelos compridos e chapéu, segurava um pequeno cajado e se esquentava por baixo de um enorme casaco de couro.
-Quem são vocês? – perguntou.
-Pessoas normais. – respondi.
-Calado. A garota, se aproxime. Você conjurou o verso, não o ouvia a muito tempo, como o conseguiu?
-Encontrei alguns livros antigos na biblioteca de Paris.
-Por que está matando as pessoas? – perguntei.
-Garoto, eu não mato ninguém, aqui é meu refúgio. Não posso fazer nada se as pessoas passam por aqui e morrem por causa do gás. O que me diz que vocês não são pessoas normais como você mesmo argumentou.
   Charlô continuava a conversar com o homem enquanto Jacob ficava olhando para mim e demonstrando o quão confuso estava. Mantinha os pensamentos longe e tentando entender o que todo aquele lugar representava e por que este ser procurou se manter por aqui.
-Por que está escondido aqui?
-Desde que a Morte se rendeu a Liam não tenho mais o que fazer, Demônios crescem aos montes e criaturas como eu, que serviam a morte, se tornavam caça para todos eles. Duvido que queira ser devorado por um demônio, pois bem, nem eu. – respondeu.
-Isso faz sentido.
-Elliot, já chega! Vamos embora. Obrigado senhor. – Charlô agarrou meu braço e começou a me puxar colina a baixo.
-O que está fazendo?
-Melhor irmos agora. Explico mais tarde.
 
 
 
 

 
 

 
   
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 31/01/2016
Código do texto: T5529502
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