A Maldição da Lua cheia 2

Miro acorda depois de uma longa noite de frio e pesadelos. Seu corpo dói por inteiro e seus olhos parecem ter areia dentro. Alguém toca a porta.

- Já vai! – boceja e abre.

- Como passou a noite gostosão? – Zuleica pergunta com bafo de cigarro fazendo o estômago de Miro revirar.

- Passei mal a noite toda.

- Por que não me chamou, eu faço uma massagem que relaxa bastante.

- Quem sabe hoje, agora se me dá licença preciso arrumar minhas coisas.

***

Lorenzo coloca a mesa do café regada a pão fresco e ovos mexidos. Chico varre o salão da cantina.

- Então Miro, o que achou do quarto da Zuleica, abafado né? – pergunta Lorenzo.

- Um pouco, ela trabalha pra você?

- Às vezes, ela tem poucos clientes, e os que são fieis só estão com ela pelo sexo oral maravilhoso que faz, eu se fosse você experimentaria.

Chico solta uma gargalhada enquanto varre.

- To fora! – come os ovos. – quanto devo?

- Cortesia da casa meu jovem.

***

Miro se despede dos dois homens com um nó na garganta e ganha a estrada.

Mais uma vez ele anda sem parar. Olha para o céu de onde vem trovoadas. Aperta o passo. Logo logo vai escurecer. Uma buzina. Ele corre até o acostamento e faz sinal pedindo carona. A Brasília 1978 branca freia e um sujeito barbudo e obeso fala com sua voz grave e rouca.

- Indo para onde meu caro?

- Para o sul.

- Posso te deixar lá, entre.

- Obrigado!

Miro se acomoda no veículo que cheira a doce.

- Qual o seu nome filho?

- Altamiro, mas pode me chamar de Miro mesmo.

- Trabalha com o que?

- Sou caldeireiro, mas no momento estou desempregado.

- Que pena, vai tentar a sorte lá no sul?

- Queira Deus que eu consiga.

O gordo abre o porta luvas e pega um serenata de amor.

- Quer um? – joga inteiro na boca.

- É o seu ultimo?

- Não, ai dentro tem muito mais, pode pegar. – fala com a boca cheia.

A Brasília para num cruzamento. Miro desce e o gordo dá as coordenadas.

- Segue sem parar, você chegará à cidade, certo?

- Muito obrigado seu Arnaldo.

***

Miro mais uma vez está na estrada. Falta pouco para a noite chegar. Ele olha para o céu e teme pela lua cheia. Acelera o passo. As nuvens descobrem a lua. De repente Miro sente uma forte queimação no corpo inteiro.

- Meu Deus, não é possível, será que Chico estava certo?

Muito calor. Um calor insuportável. Ele arranca a mochila das costas e tira o casaco do exército? Seu corpo parece que vai pegar fogo. Ele geme, grita e rola no asfalto. Pede socorro. Rola até o mato. Miro tira a calça e os sapatos. Seus músculos crescem e esticam assim como os ossos. Mais gritos. Por fim, pêlos negros e grossos crescem nas costas e tórax. Sua boca começa a se transformar num focinho e seus dentes se tornam em pontiagudas presas. Miro rosna e depois uiva. A saliva escorre quente pelos cantos do focinho. Ele fica de quatro, um homem lobo, um lobisomem. Mais uivos. Como um cão selvagem ele corre em direção a cidade a procura de comida.

Fim

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Júlio Finegan
Enviado por Júlio Finegan em 02/03/2016
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