Uso Capial, Explosão?! Sai Véia!! (Sobrevivente Londrina N° 8)

23.09.04

Eu e o tio Carlinhos conversamos um pouco esta manhã. Nós concordamos que seria muito desagradável acordar com uma dessas... coisas... dentro da casa, pronta pra nos atacar. Então decidimos que estava na hora de checar se as casas estavam vazias mesmo e se as outras famílias que ficaram estão bem. Sem falar em fazer um reforço naquele portão de acesso na entrada do condomínio, pq é um daqueles fraquinhos de motorzinho que abrem pra cima... O tio disse que se acharmos algum carro aqui dentro, poderíamos levá-lo até o portão de modo que este servisse de barreira caso o portão fosse de alguma forma danificado.

Mamãe discordou na hora qdo falamos que iríamos sair os dois pelas ruelas do condomínio, mas depois acabou concordando quando argumentei que ele é um militar treinado (nem tanto... 2 anos de tiro de guerra... xD) e que eu também já sabia me cuidar, e se precisasse, também saberia usar a pistola.

Carlinhos: Olha cara – começou meu tio – Não vamos precisar, mas... – ele colocou a pistola do papai na minha mão e tbm segurou firme a dele – Se alguma coisa tiver estranha, não hesite, ok?

Thiago: Blz tio, fica frio!

Eu já podia sentir o calor da batalha queimando em minhas veias... uahauhauha... Eu acho que exagero as vezes... Mas sério, dá um negócio estranho na barriga saber que vc ta saindo e talvez não irá voltar... É parecido com vídeo-game, mas aqui eu não tenho vidas extras...

Tio Carlinhos, Eu e mamãe fomos até o portão de casa, nada à vista... Destrancamos, saímos e ela trancou de volta. Minha pistola ta com o silenciador, mas a do titio não, e a PT dele faz um barulho considerável...

Decidimos ir por partes, primeiro o vizinho do lado, depois da frente. Aí a quadra da frente inteira, a do lado, e assim por diante, mas primeiro precisamos ir à guarita na entrada, lá tem os molhos de chaves de todas as casas. No total são 6 quadras, 2 com 6 casas, 2 com 3 casas e 2 com duas casas cada uma, mais duas casas nos cantos sozinhas, sendo que uma delas é a minha, totalizando 24 casas, mais a casa dos empregados que ficava logo na entrada, ligada a guarita.

Vou ver se faço um desenho do condomínio depois...

Seguimos até o final da rua e viramos a esquerda. Aqui dentro ta tudo normal. Andar por aqui faz parecer que essa história toda é uma invenção, que ta todo mundo pirado. Mas, depois de ver aquele zumbi rondando lah fora, dá pra saber que não eh brincadeira...

Tem um carro parado na casa n° 2, pertinho do portão. É um Zafira verde musgo. Eu me lembro das pessoas que costumavam morar aqui, era um casal jovem com uma filhinha pequena. Tinha dois carros. Um Golf prata e esse Zafira. Devem ter levado o Golf por ser mais ágil e de maior valor... Sei lah... Só sei que achamos o primeiro carro da nossa barreira.

Chegamos na guarita. Nada nem ninguém à vista. Carlinhos achou um cano de ferro encostado na parede, guardou a pistola no coldre na cintura e, com certeza pensando no barulho da arma, o segurou em posição de ataque, como arma primária.

Tudo limpo aqui dentro, as chaves são identificadas pelo numero de cada casa, então fica bem fácil. Só ta faltando a da casa da última esquina ao fundo esquerdo, ao lado da piscina, numero 18.

Hehe, achei um ruffles churrasco... Meu estoque de salgadinhos ta acabando, um a mais é muito bão!!

O guardinha quando saiu se esqueceu da maleta que carregava. Ta recheada de quadrinhos, a maioria do X-Men... Como eu aposto que ele não vai voltar, declaro que esses quadrinhos e essa batata frita agora são de minha propriedade!

A nossa casa é a de numero 7. Vamos entrar na numero 5. Os vizinhos aqui são (ou eram, vai saber...) muito gente fina. O seu Paulo é engenheiro civil, é casado com uma loira de farmácia bem gostosinha, mas de quem eu nunca lembro o nome... Eles têm um filho, o Fábio... Puta pirralho chato esse mew... Ele tem uns 11 anos e acha que é meu melhor amigo...

Hora da ação. Tio Carlinhos colocou a chave na fechadura e, como o esperado, abriu sem problemas. Entramos pela sala. A decoração é meio esquisita, muita mistura de cores... Tem parede azul, vermelha, cadeira roxa... Gosto é gosto...

Entramos na cozinha, pelo menos este comodo é normal, branco e com um balcão de mármore. Nada útil aqui. Devem ter enfiado tudo que puderam na Frontier deles. Só não couberam os eletrodomésticos grandes como geladeira, fogão, freezer...

Falando nisso... Bom... Tudo funciona com eletricidade... Mas no meio dessa merda toda que a tv ta mostrando que ta acontecendo no país... Ninguém vai ter tempo de checar se ta tudo ok nas usinas nem nas distribuidoras de eletricidade enquanto foge dessas coisas, correto? Então, quanto tempo a energia elétrica vai durar sem manutenção humana? Mamãe, o tio e a tia já devem ter pensado nisso também... Bom, preocupemo-nos depois.

Agora nossa preocupação principal é a escada de acesso ao segundo andar. Os três quartos e o banheiro comum estão todos com as portas entreabertas. Banheiro checado. Pegamos sabonetes, pasta de dentes, barbeadores, alguns remédios pra dor de cabeça e cólica e um pacotinho com 3 escovas de dente novos.

Primeiro quarto, certeza que era o do pirralho... Que decoração ridícula... E ele dormia numa espaçonave branca com a ponta roxa (O.o...)... Nada de útil...

Segundo quarto. Quarto de visitas. Tem umas roupas de cama simples aqui. Pra dentro da mochila. Mais nada de útil.

Terceiro quarto. Uma suíte. Achamos uns Dvds na estante da tv e um aparelho de dvd portátil que agora tbm éh meu.

Carlinhos: Pra quem tava falando mal dos saqueadores, vc ta se revelando hein Thiago...

Thiago: Aff tio, cala a boca, ninguém vai ligar pra essas coisas que eu to pegando, e mais, pelo menos elas não vão ficar pegando poeira no meu quarto...

Carlinhos: Tá bom... Bom, essa casa ta vazia e também não tem mais nada de útil pra gente aqui, vamo trancá todas as portas dos quartos e banheiros e vamo pra casa.

Thiago: Beleza, quero ver como vai ficar o dvd na minha tvzinha.

Carlinhos: Quem sabe você não quer levar a tv 29” da sala deles pro teu quarto tbm?! ¬¬

Thiago: Vc me ajuda a carregar?? =D

Voltamos para casa e descarregamos tudo. Minha cabeça ainda dói. Dor causada pelo tapa que meu tio me deu...

Vamos agora pra casa do outro lado, a casa numero 8. Eu não conhecia direito o morador daqui. Era um senhor de idade que vivia de cara fechada. O jardim é cheio de arvores médias e arbustos, o que contribui para um ar bem sombrio...

Mamãe diz que 8 é um numero de azar... Pra mim nunca teve nenhum sinal de ter sido... Meu numero de sorte / azar é o 39. Não sei por que, mas esse numero persegue a família inteira, desde papai, mamãe e tia Sandrinha... Toda vez que olho no relógio é tal hora e 39 minutos... Ou placas de carro com final 39... Um monte de outras coisas...

Abrimos o portão de entrada pro jardim.

Fizemos o mesmo esquema da outra casa. Carlinhos abriu e eu entrei na frente com a pistola apontada para frente. Um cheiro forte de carne estragada chegou ao meu nariz. Olhei para a cara do meu tio só para confirmar e ele também estava com uma cara feia por causa do cheiro. A entrada dava direto na sala. Era uma sala grande com móveis antigos por toda sua extensão. Apesar de antigos, eram muito bonitos. Era um lugar aconchegante. Continuamos avançando pela sala para chegarmos a cozinha quando de repente...

BAAAAMMM...

Um barulho de explosão muito forte veio do lado de fora. Ficamos sem ação por um instante devido ao susto, mas nos recuperamos rapidamente e corremos para fora a fim de averiguar a fonte da explosão.

A explosão havia ocorrido na ultima casa no fim da rua, a de numero 24. Era a casa da Sra. Stankovinski. Ela apareceu na porta e começou a correr desesperada. Correu muito mais rápido do que eu poderia imaginar, e num segundo já estava a um metro de nós. Começou a falar coisas sem nexo, sobre o neto, os mortos, ajuda, doente... Palavras soltas, mas que consegui entender direitinho. O neto dela havia ficado doente e agora é uma dessas coisas. Nos aproximamos vagarosamente do portão de entrada da casa dela que estava em chamas. Parte do teto acabara de ruir. Mais um barulho muito alto pôde ser ouvido. Não estava certo sobre querer entrar lá ou não. Tio Carlinhos falou para ela ficar fora da casa comigo que ele iria entrar. Eu me adiantei para ficar em sua frente enquanto observava meu tio criar coragem para entrar. Até fiquei pensando, entrar pra salvar o que? Quero dizer, aquele viadinho do neto dela merecia algo pior do que a morte pelos anos que passou me zoando, só porque sempre foi do tamanho de um Boi. Agora ele teve o que merecia.

A explosão não havia causado um incêndio de verdade. Deve ter sido algum compressor de ar ou algo parecido, senão não tinha sobrado casa. Agora tem um amontoado de escombros no lugar que havia uma bonita casa de alvenaria branca e azul.

Quão grande foi meu susto ao ouvir um berro de dor. Ao me virar, assistir as cenas que tenho visto na tv, mas que ainda teimava em não acreditar. Um zumbi, nesse caso o próprio ente, atacando a pobre Sra indefesa. Ele arrancou um belo naco de carne da jugular da véia. Mirei bem, me concentrei e atirei. Um belo tiro. Apesar de estarmos a somente 5 metros de distância, acertar bem entre os olhos de um alvo é meio difícil. Dessa eu posso dizer que gostei. O filho da puta morreu, reviveu, só pra eu poder matá-lo de novo. Bem que ele podia viver só mais uma vezinha pra eu matar mais uma vez né...

A véia ficou mal, ela ta jorrando sangue... Essa já era... Me virei para gritar para o tio sair de lá que nem valia a pena, e com certeza ele não acharia nada. Do nada senti uma mão na minha costa e de repente a véia maldita tava de pé e tentando abrir caminho pra uma boa mordida em mim. Como ela pôde levantar num estado desse?! Quero dizer... Ela tava sangrando muito...

Os olhos... Brancos como leite... Entendi tudo a partir daí... Meu tio veio correndo pra fora da casa. Fiquei embrenhado com a véia e, que puta força ela tem!! Não sei se agüento por muito tempo ela em cima de mim e forçando. BAM... BAM...

Dois tiros seguidos, executados pelo meu tio. Um acertou o abdômen e o outro o braço da véia. Ela caiu para o lado e eu pude me levantar... Agora com a camisa cheia de sangue... A coisa ainda ta viva, mas não consegue levantar... BAM... Tio Carlinhos deu uma paulada na cabeça dela... Essa nunca mais tenta morder ninguém...

Thiago: É a mordida – disse de súbito.

Carlinhos: O que?

Thiago: A doença, vírus... Sei lah... Pra você virar um negócio desses... É pela mordida... Se você for mordido, jah era...

Carlinhos: É... É uma teoria válida... Quando essa coisa toda começou, foram relatados uns casos de canibalismo no litoral de RJ.

Thiago: Mesmo? Como você sabe tio?

Carlinhos: Jornal... Você assiste?

Thiago: Só quando falam de esportes...

Carlinhos: Baka...

Thiago: Arou...

Carlinhos: Esquece isso de japonês agora... Vô desligá o sistema de gás daqui lá na guarita, vem comigo.

Thiago: Você que começou...

Carlinhos: Ah, chega por hoje, tivemos muita ação. Amanhã vamos por uns blusões, calças jeans e aí sim vemos as outras casas...

Thiago: Nani?

Carlinhos: Para com o japonês e me obedece Hideki-chan.

Thiago: Chan é a Batian!! ¬¬

_Nós ouvimos a explosão e depois tiros, vocês estão bem?

Perguntou a senhora que mora em uma das casas do canto, o nome dela é Luzia Mendes, uma mulher de uns 35 anos, solteira e que cuida de sua filhinha que eu não conheço pelo nome. Ela parecia lutar consigo mesma, ponderando se seria seguro ter vindo aqui fora.

Thiago: Agente ta legal sim dona Luzia... Já eles...

Luzia: Meu Deus – ela levou as mãos ao rosto tapando sua boca.

Thiago: Fica tranqüila. Nós achamos que não tem outros deles aqui dentro do condomínio. Mas por precaução, nós vamos dar uma geral nas casas, tudo bem? – Tentei acalmá-la meio que sem sucesso.

Luzia: Tá sim...

Carlinhos: É bom você se trancar em casa.

Luzia: Eu vou fazer isso... Tchau...

Thiago: Té...

Dia cheio esse... Amanhã continuamos nisso...

MBlack
Enviado por MBlack em 09/07/2007
Código do texto: T557865